“Com qual penteado eu vou?” A pergunta que dá título ao livro de Kiusan de Oliveira e Rodrigo Andrade, escritora e ilustrador negros.
Kiusam é Pedagoga, Doutora em Educação, Mestra em Psicologia pela USP e Terapeuta Integrativa. É também escritora daquilo que a própria tem chamado de Literatura Negro-Brasileira do Encantamento Infantil e Juvenil.
Rodrigo estudou Artes Gráficas e se especializou em desenvolvimento para a web.
A obra, ainda cheira a novo, pois foi lançada em 2021 pela Editora Melhoramentos, conta com 48 páginas lindamente ilustradas para contar a história do Centésimo aniversário do Seu Benedito.
Cada integrante da família, das filhas aos bisnetos está se preparando para o grande dia e é aí que acontece o que para mim, é a grande sacada da história: cada criança escolherá um belo penteado para comparecer à festa e, como ainda são crianças e não tem dinheiro para comprar um presente, cada uma delas presenteará o bisavô com a virtude mais poderosa que possuem.
Essa virtude está expressa no significado de cada nome e nesse momento é possível compreender além do significado do nome de cada bisneto, a origem desse nome e dessa criança, num desfile de belas e múltiplas culturas africanas.
Isso permite que os pequenos e jovens leitores, assim como os mediadores de leitura geralmente mais experientes, possa eles próprios também se perguntar sobre suas origens, cultura e virtudes.
Com qual virtude você presentearia alguém que ama muito?
O livro além de visualmente lindo, é instigante e emocionante.
Por que ler?
Porque já passou da hora de entendermos que representatividade importa e que por muito tempo, crianças negras não se viram representadas na literatura, no cinema, na teledramaturgia, na música…
É urgente que as culturas sejam conhecidas para que sejam respeitadas.
Além disso, vale a pena pelo enredo e pelas imagens: elas são um verdadeiro banquete para os olhos.
Se você tem uma criança a quem possa presentear com a obra será incrível, se não tem, você pode dar-se esse presente pois certas obras possuem tamanha sensibilidade que extrapolam a classificação indicada na ficha catalográfica dos livros.
Em tempo, ao adquirir o livro, você ganha também uma cartela de adesivos com as imagens dos personagens.
Espero que você também se deleite e se emocione como eu!
Boa leitura!
“Redemoinho em dia Quente”
Eu estava em Curitiba/PR. Não lembro se tinha ido para algum curso ou se simplesmente estava passeando por lá. Antes da pandemia, não era raro que em dia de folga das contações de histórias, eu pegasse um ônibus na rodoviária de Joinville/SC e fosse até Curitiba, apenas para passar o dia. O fato é que eu estava em Curitiba e, antes de voltar a Joinville, passei em um shopping para um lanche rápido e, é claro, visitar a livraria.
Procurava por “Insubmissas Lágrimas de Mulheres”, de Conceição Evaristo (logo, logo vou escrever sobre ele também), mas a loja não dispunha de nenhum exemplar do livro. A atendente, muito simpática, quis encomendar o livro pra mim. “Ah, não moro aqui. Não tem problema, era só se você tivesse mesmo. Obrigada!” “Olha, moça! Esse da Conceição eu não tenho, mas você já leu Jarid Arraes? “ “Não!” “Nossa, você tem que conhecer! “Redemoinho em dia Quente”, é incrível!”
Trouxe esse e outro de literatura infantil. Na saída ainda procurei o gerente da loja e elogiei o bom atendimento dela.
Bom, a atendente me convenceu a trazer o livro, e ainda no shopping dei uma espiadinha nele, já encanta pela capa.
O livro, lançado em 2019 pela editora Alfaguara, conta com 30 contos divididos em 128 páginas bem escritas por Jarid, cearense de Juazeiro do Norte, mas conhecida como cordelista. Estreando como contista em “Redemoinho…”, Jarid revela uma escrita sensível e ao mesmo tempo forte, e a orelha do livro é escrita por ninguém menos que Maria Valéria Rezende. Jarid Arraes é certamente um importante nome da literatura brasileira da atualidade: mulher jovem, negra, consciente do seu “lugar no mundo”, em “Redemoinho em Dia Quente”, Jarid diz a que veio.
Voltei para Joinville lendo no ônibus sob a fraca luz da lanterna do próprio ônibus, sem me cansar. Seus textos são fluidos e impactantes.
Por que ler?
“Redemoinho em Dia Quente”, é um livro de contos de autora brasileira, negra, feminista, jovem, com textos que nos levam do riso às lágrimas, porque foi assim, em lágrimas que terminei, por exemplo, a leitura do conto “Cachorro de Quintal”, mesmo sem ter e nem nunca ter tido um cachorro.
A linguagem ora suave ora ácida, em textos curtos, prende a atenção do leitor do início ao fim.
Recomendo para leitores adultos de sensível e corajoso coração!
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“O Primeiro Amor e Outros Perigos”,
“O Primeiro Amor e Outros Perigos”, do paulista Marçal Aquino, foi lançado em 1997 pela Editora Ática e integra a muito conhecida, Série Vaga-Lume que marcou gerações de jovens leitores em todo o país. O livro, que é literatura infantojuvenil narra a história de três adolescentes, Vinicius, Bianca e Fernando que são amigos, estudam juntos e juntos escrevem o Jornal Agora, que circula entre os alunos do Colégio Paulo Ferreira.
Bianca e Fernando são namorados, para a tristeza de Vinicius que é secretamente apaixonado pela amiga, mas por ser muito tímido, nunca conseguiu se declarar a ela. Tudo corria bem, até que um crime abala a pacata cidade: o professor Eusébio, “padrinho intelectual” do Jornal Agora é encontrado morto em seu casarão. Ainda sob o impacto da notícia, Bianca, Fernando e Vinicius decidem que não ficarão de braços cruzados esperando que a polícia resolva o caso, e que às escondidas farão uma investigação por conta própria. Os três, naturalmente, se envolvem em uma perigosa aventura. Paralelo a isso, alguém passa a produzir anonimamente a “Coluna do Sombra” para o Jornal Agora. Nessa coluna, o anônimo escritor passa a relatar sua visão sobre cada aluno dos diferentes grupos do Colégio Paulo Ferreira. É quase uma coluna-fofoca, mas isso dá a trama mais uma vez um caráter investigativo, afinal, quem seria o Sombra?
A trama é muito bem urdida, assim como os outros títulos que o autor escreveu para a mesma série, “A Turma da Rua Quinze”, “O Jogo do Camaleão” e “O Mistério da Cidade- Fantasma”, e prende a atenção do leitor do início ao fim.
Por que ler a obra?
Porque é literatura infantojuvenil da melhor qualidade. Com linguagem acessível, voltada ao público a que se destina, a história se desenrola de maneira leve e instigante. Para os jovens leitores, é a possibilidade de um primeiro encontro com um autor sensacional e uma série que é um clássico na nossa literatura. Para os leitores mais experientes e, porque não?, mais velhos, é a possibilidade de um nostálgico reencontro com uma obra ágil e de rápida leitura, em que romance e aventura se misturam na dose certa. Será que Vinicius conseguirá se declarar e assim conquistar o coração de Bianca? Conseguirão os três descobrir o assassino do professor Eusébio? E mais, por que alguém desejaria matar um professor que nunca teve inimigos? Quem será o Sombra?
Recomendo a leitura!
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“Anexos”
“Anexos”, foi lançado em 2014 pela norte-americana Rainbow Rowell, e aqui no Brasil, publicado pela Novo Século Editora. O livro de 366 páginas narra a divertida história de Lincon.
Ele acaba de ser contratado por uma revista com a finalidade de ler os e-mails dos funcionários. Isso mesmo. Todos na redação sabem que há alguém lendo os e-mails trocados entre eles, mas ninguém sabe quem é o “espião”. Há uma norma na revista que proíbe a troca de e-mails de cunho pessoal, daí a existência do tal espião. Lincon, anda frustrado com seu novo trabalho, mas afinal, foi a única coisa que apareceu em meses, e ele não pode se recusar a realizar tal função.
É nesta função que Lincon começa a ler os e-mails trocados por Beth e Jennifer. Ele sabe que deveria denunciá-las, mas começa a se divertir com o teor das conversar das duas nos e-mails e não consegue deixar de se cativar pelas histórias das duas. Quando, afinal, ele percebe que está se envolvendo por uma delas, é tarde demais para se apresentar, afinal o que ele diria…?
“Anexos” é um romance clichê, daqueles bem ao estilo comédia romântica que a gente já sabe o que vai acontecer, mas não consegue largar a leitura (tal qual nosso protagonista com os e-mails de Beth e Jennifer). Por que ler?
Este livro esteve na minha “lista dos desejos” por algum tempo, de tanto ouvir e ler indicações nos canais literários e, realmente, valeu a pena a aquisição. Trata-se de um romance leve, de leitura fluida, o famoso chick-lit, mas com a história narrada à partir da ótica do protagonista masculino. Ótimo para os momentos de “ressaca literária”, quando parece que nenhuma leitura “engrena”.
Apesar de atualmente, utilizarmos recursos ainda mais dinâmicos, como boa parte da história se passa com Lincon lendo os e-mails, a diagramação dos textos torna a leitura ainda mais rápida. E, por último, mas não menos importante, o romance é fofo!
Daqueles que nos fazem sentir o coração quentinho.
Recomendo para apaixonados leitores!!!!
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“Lá na Lua”
Foto de capa: Editora Papaterra
Se você mora em Joinville e gosta de teatro certamente já assistiu alguma peça da Dionisos Teatro.
Em 2014, esses multitalentosos artistas, decidiram criar uma peça de teatro para a lua “(…). Então criaram músicas, pesquisaram histórias, personagens, lendas, ensaiaram muito até que …TAN TAN TAN TAN. A peça ficou pronta e apresentaram pela primeira vez”
O espetáculo teatral, “Lá na Lua”, dirigido brilhantemente por Silvestre Ferreira, trazia em cena Andréia Malena Rocha, Clarice Steil Siewert, Eduardo Campos e Vinícius Ferreira. O CD com a trilha original conta ainda com a luxuosa produção musical de Lausivan Corrêa.
Mas quero aqui, ater-me ao livro, belíssimo, lançado somente em 2017, com patrocínio da Secretaria de Cultura e Turismo e Prefeitura Municipal de Joinville, por meio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura -SIMDEC. Uma autoria a várias mãos (e mentes) pratas da casa: a Dionisos Teatro, Andréia Malena Rocha, Clarice Steil Siewert, Eduardo Campos, Silvestre Ferreira e Vinícius Ferreira, que assina também as ilustrações da obra. “Lá na Lua”, livro de 31 páginas, lançado pela Editora Papaterra, traz aos pequenos e jovens leitores as cinco histórias que compõem a peça de teatro, todas falando acerca da lua e, se você já assistiu ao espetáculo antes de ter contato com o livro, é impossível não se emocionar ao relacionar as histórias lidas, com as cenas assistidas, sobretudo se você lembrar também das músicas, mas se você tiver acesso apenas ao livro, saiba que não perderá nenhum detalhe: as histórias são muito bem narradas e prendem a atenção dos leitores do início ao fim.
Em sua ficha catalográfica, temos a informação de que “Lá na Lua” é uma obra de Literatura Infantojuvenil, mas eu que sou suspeita pra falar já que sou fã desse povo e tenho os dois pés fincados na Literatura Infantil e Infantojuvenil, garanto que se você não é mais criança nem adolescente, e não tem ninguém nessa faixa etária a quem possa presentear, pode presentear-se com o livro sem medo. “Lá na Lua”, é daqueles trabalhos sensíveis que nos aquecem o coração enquanto nos fazem refletir, independente do ano de nosso nascimento.
Se você desejar ler o livro, e eu espero que você tenha essa curiosidade porque ele é lindo, pode encontra-lo para empréstimo nas Bibliotecas Públicas de Joinville, mas se desejar adquirir para ler e reler quando tiver vontade ou para presentear alguém especial, pode entrar em contato com a Dionisos Teatro pelas redes sociais. Se você, assim como eu ainda tem dispositivo para ouvir CD, recomendo adquirir o kit completo e, já que o fará mesmo, por que não pedir um exemplar autografado?
Desejo uma boa viagem, digo, uma boa leitura!
A lua é o limite…
Para adquirir o livro “Lá na Lua”, entre em contato com a Dionisos Teatro.
“A Palavra que Resta”
A obra que apresento nesse texto “cheira a novo”. “A Palavra que Resta” é o livro de estreia do cearense Stênio Gardel e teve seu lançamento online, em meio a pandemia no primeiro semestre de 2021. Publicado pela Editora Companhia das Letras suas (apenas) 152 páginas nos enganam. Pedi recomendação a um grupo de amigos. Queria algo que tratasse de relacionamento LGBTQIA+ para indicar por aqui no mês de Junho (mês do orgulho LGBTQIA+) e recebi a foto da capa do livro pelo grupo de WhatsApp com a recomendação: “É muito bom!”
Imaginei que fosse mesmo, por ter sido indicado por amigo leitor, por ser uma edição da Companhia das Letras, mas confesso, que “julguei o livro pelo número de páginas”. Quando o adquiri pensei: “Que bom! Vou ler rapidinho!”, mas o que ocorreu foi que o enredo, a linguagem, a temática, tudo me arrebatou de tal modo que não consegui “ler rapidamente”. “A Palavra que Resta” narra a história de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve um romance proibido violentamente interrompido. Raimundo vê-se obrigado a partir para o mundo, mas leva consigo sua relíquia: uma carta nunca lida, guardada por mais de meio século.
O que teria Cícero escrito naquela carta? Raimundo não podia decifrar e, como também não queria permitir que outra pessoa a lesse, nunca ficou sabendo. O tempo passa e a história se desenrola entre memória e tempo real até que, aos 71 anos, ele finalmente decide que ainda é tempo de aprender a ler e escrever para finalmente saber o que Cícero lhe dizia na tal carta. Mas o medo mais uma vez o assombrava: e se ele, àquela altura da vida, depois de ter passado por tudo o que passou, medo, preconceito, vergonha, descobrisse finalmente que poderia ter sido tudo diferente, tudo melhor? Em meio a esse conflito, e tantos outros, “A Palavra que Resta”, nos toma de assalto por sua força, por sua coragem, por sua beleza. Uma obra ao mesmo tempo delicada e dolorosa, escrita para ser degustada, saboreada a cada capítulo por corajosos e sensíveis leitores
Ainda em tempo, “A Palavra que Resta”, apesar de narrar a história de jovens descobrindo o amor, possui conteúdo adulto.
Tenho certeza de que você também será cativado por Raimundo, Cícero, Marcinha, Suzzanný e tantas andanças, reviravoltas, memórias, incertezas…por tanta vida.
Onde adquirir o livro? Acesse o link AQUI e Boa leitura!
“Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”
De tanto ler resenhas e indicações de livros, me deparei com a obra da americana Taylor Jenkins Reid. Com 411 páginas e lançada pela Editora Paralela em 2017, “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”, foi certamente um dos melhores livros que li no primeiro semestre de 2021!
Conta a história de Evelyn Hugo, veterana atriz Hollywoodiana. Na trama, aos 79 anos, ela narra sua trajetória à jovem jornalista Monique Grant, que recebe a incumbência de publicar um livro com sua biografia, mas somente após a sua morte. Monique, a princípio fica receosa e sem compreender porque Hugo a escolhera para tal tarefa. Foi ao encontro da atriz afim de publicar uma matéria para a pequena revista para a qual escreve sem sucesso ou reconhecimento, mas logo a musa de Hollywood consegue convencer a jovem a publicar sua biografia e seus receios acabam dando lugar a sua curiosidade. No decorrer da trama muito bem urdida do livro, Evelyn Hugo narra o glamour e também os dissabores dos holofotes e dos bastidores da indústria do cinema americano, da Hollywood do século XX.
Como o próprio título do livro dá a entender, Evelyn entre outras revelações, fala sobre seus sete maridos e uma implacável paixão proibida por uma colega de trabalho. Sim, uma outra atriz que, no início era sua rival, mas que com o tempo, ganhou seu coração.
Em princípio, elas resistem. Evelyn julgava que tal revelação poderia ser prejudicial à carreira de ambas. De todo modo, por algum tempo, elas mantém um romance às escondidas e depois perdem o contato. No entanto, no decorrer da vida, ela se dá conta de que este foi seu relacionamento mais marcante e mais importante.
Apesar do tema e da linguagem instigante, em determinado momento, “patinei na leitura”, mas decidi insistir um pouquinho, afinal o clima anda pesado com tudo que estamos vivendo atualmente, e às vezes fica difícil concentrar-se na leitura, mas falo com toda certeza que valeu a pena. O livro é avaliado com cinco estrelas pelos leitores do SKOOB ( rede social para leitores).
Recomendo “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” para leitores e leitoras que gostam de um romance bem escrito, com alguns pequenos clichês e gatilhos que parecem nos remeter ao famoso “happy end”, mas também aos leitores que apreciam as reviravoltas das boas tramas.
Desejo a todas, todos e todes, boa leitura!
“Uma Noite e Seis Semanas”
Junho é o mês dos namorados e também o mês do orgulho LGBTQIA+ (#loveislove). Pensando nisso, minha proposta este mês é indicar livros em que a temática (romance) seja senão o fio condutor das narrativas, ou pelo menos parte importante delas.
Para inaugurar, apresento aos leitores“Uma Noite e Seis Semanas”, livro de estreia do joinvilense Tiago Morini., lançado em 2014 pela All Print Editora. O autor, que é bacharel em Direito, não exerce a profissão, tendo sido livreiro por muito tempo na cidade, e por muito tempo também, manteve o blog “Um Livro Qualquer”, onde escrevia ensaios e resenhas de seus autores favoritos. Refiro-me ao blog no passado porque não o localizei mais e como Tiago não reside mais em Joinville, atualmente, não consegui saber se ele continua co o projeto ou não.
A obra de 240 páginas, classificado como ficção brasileira, narra a história de duas adolescentes, Leila e Mariane, que se conheceram na escola, em um momento bastante delicado da vida de Leila, cuja mãe estava em tratamento contra leucemia. Tornaram-se amigas e não tardou para que as meninas descobrissem a paixão que nutriam uma pela outra.
As duas reconhecem que se amam de verdade, mas sabem de antemão que terão de enfrentar muitas dificuldades e preconceitos para garantir o direito de viver esse amor. Há conflitos familiares, religiosos e ideológicos a atrapalhar a relação de ambas. No meio da trama, ocorre uma situação que separa Leila e Mariane e elas seguem caminhos diferentes, isso inclui novas experiências afetivas, pelo menos para uma delas.

A trama se desenrola com histórias paralelas e acaba convergendo para um ponto em comum. Por que vale a pena ler?
Primeiro porque trata-se da publicação independente de um escritor que é também um ávido leitor, o que tem tudo para tornar a escrita interessante. Depois, pela temática sensível e tão necessária: o amor, independente da forma como ele se manifeste.
Apesar da obra ser considerada literatura lésbica, não possui cenas de forte apelo erótico, podendo ser lida também por jovens leitores, embora não se trate de literatura infantojuvenil.
Recomendo para curiosos e sensíveis leitores.
“Luz dos Meus Olhos”
O carioca morador de Porto Alegre – RS, Celso Sisto é o escritor e também o ilustrador de “Luz dos Meus Olhos”, publicado em 2017 pela Editora do Brasil. Tive a oportunidade de conhecer a obra em uma formação com o próprio autor, na cidade de Curitiba – PR.
Mas, voltemos à obra de Celso Sisto. “Luz dos Meus Olhos”, conta a história de um pai e sua filha, de maneira bela e surpreendente, pois há algo especial que só se revela no decorrer do texto. Há ainda, a presença da mãe, que é o fio condutor da narrativa, à medida que é a escriba da filha que ainda é pequena e sabe que a mãe escreve mais rápido que ela. O autor, indiretamente viveu essa experiência e, o ouvindo emocionado contando a história (e também a história da história) só me fez ter uma certeza: eu precisava TER aquele livro, mas infelizmente não consegui adquirir no evento em Curitiba, porque muita gente teve a mesma ideia. Então, assim que voltei a Joinville, tratei logo de encomendar a obra.
A ficha catalográfica nos diz que “Luz dos Meus Olhos” é uma obra de literatura infantojuvenil, mas sinceramente, eu afirmo que trata-se de uma obra para qualquer leitor (ou ouvinte), com um mínimo de sensibilidade. Não raro, fiquei comovida ao ler e reler a história nos lugares onde fazia contação de histórias ou mediação de leitura. Também, não raro, pude ver pares de olhos marejados enquanto ouviam a história.
A ilustração, é outro artigo de luxo! O próprio escritor, formado também em Artes Visuais, ilustrou o texto com muito zelo. A ideia, segundo o escritor/ilustrador, foi utilizar as cores, brincando com as sensações visuais e vai modificando as cores, tanto do fundo da imagem como nas imagens em si, a cada página para que o leitor possa ter noção da percepção de luz e sombra que tem o protagonista da história. Sobre as ilustrações, Celso explica: “Usei tinta acrílica quase seca (que dá um efeito de giz pastel), canetas gel e quase sempre um detalhe de colagem.”
Se você pinta, desenha ou tem alguma intimidade com as artes visuais, certamente já ficou curioso/curiosa para conhecer as ilustrações, se não tem nenhuma intimidade com as artes visuais, assim como eu, vai entender melhor depois de ver a obra. É um primor! Confesso que, aqui em Joinville, não foi fácil adquirir o livro, tendo sido necessário encomendar em uma livraria e ela infelizmente, não consta no acervo da Biblioteca Pública (de Joinville), mas vale a pena encomendar, assim como vale a pena contatar o autor pelas redes sociais, para conversar e conhecer um pouco mais esta e outras de suas obras.
Tenho certeza de que “Luz dos Meus Olhos”, vai cativar você e prender sua atenção da primeira à última página. Recomendo para sensíveis leitores!

Contate o autor: facebook.com/celso.sisto
“Felicidade Clandestina”
Por Carol Spieker
A ucraniana Clarice Lispector é um ícone da Literatura Brasileira, pois, apesar da nacionalidade, mudou-se para o Brasil recém nascida e aqui viveu. Em 1944, já casada e formada em Direito, publicou seu primeiro livro “Perto do Coração Selvagem”, premiado pela Academia Brasileira de Letras, no ano seguinte.
O livro “Felicidade Clandestina”, foi originalmente publicado em 1971. Meu exemplar é de 1998 e é a primeira edição da Editora Rocco. Contendo 157 páginas, divididas em 25 contos, incluindo “Felicidade Clandestina”, que dá título à obra.
Neste exemplar, a escritora e jornalista Marina Colasanti, escreve as “orelhas’ do livro que servem de apresentação da obra, e afirma que Clarice não se prendia “à ditadura dos gêneros” e passeou elegante e fortemente por todos eles. O próprio texto “Felicidade Clandestina” chegou a ser publicado como crônica no Caderno B do Jornal do Brasil, jornal para o qual a escritora foi convidada a escrever semanalmente em 1967. Primeiramente, intimidou-se com o novo fazer literário, mas logo negou os padrões vigentes, como era sua marca registrada: “Vamos falar a verdade: isso não é crônica coisa nenhuma. Isso é apenas. Não entra em gêneros. Gêneros não me interessam mais.”
No livro “Felicidade Clandestina”, seus textos estão categorizados como contos. Por que ler “Felicidade Clandestina”? Por inúmeros motivos.

Primeiro por se tratar da boa literatura brasileira, escrita por uma mulher forte e inteligente. Depois, porque seus contos contidos nesse livro são atemporais, apesar de terem sido escritos em uma data cronológica demarcada pelo calendário. Recomendo a leitura ainda, para entrar em contato com uma linguagem muito própria da autora (embora atualmente na Internet, muitas frases sejam atribuídas à autora, às vezes frases que claramente ela não teria escrito, mas está aí o lado bom e o lado ruim da Internet, essa “terra de ninguém”).
Ainda sobre o livro, os textos “Felicidade Clandestina” e “Tentação” são meus preferidos. “Felicidade Clandestina”, porque não há a menor possibilidade de uma leitora, apaixonada por livros, ler esse texto e não criar uma imediata conexão com ele. A forma como Clarice narra a espera daquela menina pelo maravilhoso livro de Monteiro Lobato, “As Reinações de Narizinho”, é realmente de uma indescritível beleza.
“Tentação”, é a coisa mais delicada. A descrição do encontro do basset ruivo com a menina ruiva, sua outra metade no mundo, “um irmão em Grajaú”, é de uma beleza ímpar. E a separação? “Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás” É lindo!
De suas obras, “Felicidade Clandestina” é meu livro preferido da autora, com certeza.
Recomendo para jovens e experientes leitores!
Acesse algumas páginas do livro clicando AQUI.