“Lá Fora”

Outubro, mês das crianças e, acreditando que livro também é presente, indico neste mês um livro para pequenos e jovens leitores, mas com um porém: ele possui camadas compreendidas talvez, apenas pelo leitor experiente.

Publicado em 2022 pela Companhia das Letrinhas, selo de literatura Infantil e Infantojuvenil da Editora Companhia das Letras, “Lá Fora”, de André Neves foi indicado em 2023 entre os 30 livros recomendados para a infância da Revista Crescer. O próprio escritor e ilustrador da obra comentou que tal indicação tinha para ele o valor de uma premiação, já que as obras são eleitas por especialistas no assunto e servem de base orientadora para muitos gestores escolares, pais e professores.

O autor, atualmente residente no estado de Santa Catarina, sempre fez questão de expor seus posicionamentos políticos e sociais. Tais posicionamentos ficam evidentes em “Lá Fora”. Para mim, a obra lembrou muito o “Mito da Caverna”, de Platão.

O livro narra a história de uma comunidade de camaleões que vivem em uma comunidade onde todos são iguais. Eles seguem e servem a um governante que os desestimula a conhecer “lá fora” e assim, todos seguem iguais e descoloridos, crendo que o ideal é seguir à risca o que manda o governante e não “se arriscar” no desconhecido (e temido) “lá fora”. Porém um deles, resolve desobedecer e conhece “lá fora” e descobre uma cor diferente.

Outros o seguem e juntos descobrem a primavera, embora paguem um preço por isso. Meu exemplar do livro, tem autógrafo ilustrado e a sugestiva dedicatória “Carol, vamos lá fora para colorirmos por dentro” Particularmente, achei o livro incrível e muito merecido o reconhecimento para a lista de recomendados da Revista Crescer. Gosto da ideia de falar de temas “espinhosos” sem, no entanto ferir a delicadeza dos pequenos leitores e felizmente, conheço alguns exemplos de autores brasileiros capazes de tal proeza.

Além da obra de André seguem outras sugestões:

* Infinito, de Léo Cunha que trata com beleza e delicadeza a morte de uma amada avó

* Leila, de Tino Freitas que trabalha de forma sutil e respeitosa um tema dificílimo como a violência sexual contra crianças/ adolescentes

* O menino e a flor, de Célia Cris Silva que aborda a masculinidade tóxica

* Minhas contas, de Luis Antônio que trata de intolerância religiosa

* Lian, de Marinaldo da Silva e Silva, que trata da questão da inclusão social de crianças diagnosticadas autistas

Espero que você aproveite o mês das crianças e presenteie alguma criança, nem que seja sua criança interior, com livros. As boas histórias podem nos servir de bálsamo ou reflexão e em ambas as possibilidades, crianças e adultos saem ganhando.

Boa leitura!

Narrativas Encantadas: Teias de Ananse e o Encontro de Contadores de Histórias

Dos dias 08 a 17 de Setembro, Joinville recebeu o Encontro de Contadores de Histórias Teias de Ananse.

Ananse faz parte da Mitologia do Sul da África. A figura é representada por um ser metade homem, metade aranha. Ele foi pedir aos deuses, as histórias contidas no “Baú de Histórias”, mas o deuses, que sabiam o valor e o poder das histórias, não entregariam o baú assim tão facilmente. Então, impuseram a Ananse várias tarefas a cumprir e ele, com sua astúcia, cumpriu a todas e assim, recebeu o Baú de Histórias e as espalhou pelo mundo.

Equipe Encontro de Contadores de Histórias Teias de Ananse

Segundo as organizadoras do evento Bruna Campagnolo e Sônia Biscaia, a intenção do Encontro era, a exemplo de Ananse, espalhar histórias por toda a cidade. E assim aconteceu. Durante os 10 dias de evento, Ananse estendeu os fios de sua teia com mais de 20 apresentações e oficinas em diversos pontos da cidade de Joinville/SC, como por exemplo, o Galpão de Teatro da AJOTE, Museu de Artes de Joinville, AMORABI, CEU do Aventureiro, SESC, Biblioteca Pública Prefeito Rolf Colin, além de algumas escolas públicas sempre de forma gratuita para a comunidade.

Sobre a gratuidade das apresentações e oficinas, é importante salientar que isso só foi possível porque o projeto foi contemplado pelo PIC – Programa de Incentivo à Cultura do Estado de Santa Catarina contando com o patrocínio do Mercado Brasília.

Outro cuidado da organização do evento, foi trazer atrações para os diferentes públicos, desmistificando a ideia de histórias apenas para crianças, com função quase exclusivamente pedagógica. Houve histórias com bonecos e/ou objetos, com música, histórias de tradição oral e adaptações do melhor da literatura infantil. Histórias narradas com a simplicidade e a força da palavra (bem)dita e outras com recursos diversos. Histórias para crianças (inclusive a interior) e histórias exclusivamente para adultos. Este foi o primeiro evento deste porte que tenho lembrança, em Joinville. É importante ter um evento exclusivamente de contação de histórias, pois isso fortalece a narração como arte que é e valoriza seus artistas.

Confesso que a contadora de histórias que escreve este texto, saiu feliz e emocionada ao fim de cada apresentação, embora tenha perdido algumas. Foi lindo demais! Se você perdeu o Teias de Ananse, fique como eu, na torcida para que Bruna e Soninha sigam firmes no propósito de, como Ananse, espalhar histórias e que este tenha sido o primeiro de muitos encontros.

Vida longa às histórias! 

Uma homenagem a Marina Colasanti

Marina Colasanti é escritora, contista, jornalista, tradutora e artista plástica ítalo-brasileira tendo mais de 70 obras publicadas para adultos e crianças. Recentemente foi homenageada pala Academia Brasileira de Letras – ABL recebendo o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.

Marina, atualmente com 85 anos é conhecida pela potência de seus textos, publicados por diferentes editoras e em diferentes plataformas: livros, revistas, jornais e atualmente também na Internet. Sempre atenta à realidade que a cerca, sua obra passeia pela fantasia e também pela dura realidade. Seus textos provocam, inspiram, fazem refletir.

Já disse em palestras e entrevistas que, chegando ainda criança no Brasil, foi a literatura que a salvou da solidão de um país desconhecido. Leitora voraz, Marina “mete o dedo na ferida” nas questões femininas e feministas e isso fica evidente em muitas de suas obras.

Obras indicadas:

* A moça tecelã
* Do seu coração partido
* Contos de amor rasgados
* Entre a espada e a rosa
* Eu sei, mas não devia

“Quinze Dias”

O livro é o primeiro romance de Vitor Martins, publicado pela Alt Editora em 2017.
Trata-se de um gostoso livro de literatura infantojuvenil que em pouco mais de 200 páginas, narra a história de Felipe e Caio.

Eu poderia descrever o livro como ficção infantojuvenil com temática LGBTQIAP+, mas a obra vai para além das questões da orientação sexual de seus protagonistas.

Vamos nos ater a Felipe.


Felipe é um jovem que aguarda ansiosamente pelo recesso de Julho, quando finalmente, poderá dormir, assistir a suas séries favoritas no Netflix, procurar tutoriais no YouTube sobre coisas que ele jamais fará e principalmente, poderá ficar longe da escola e dos colegas que os dão vários apelidos que ele não gosta.

Não, a escola não é um lugar agradável para Felipe.

Quando finalmente chegam as tão esperadas férias de Julho, Felipe fica sabendo que Caio, seu vizinho, passará esse período com eles, pois seus pais viajarão e sua mãe pediu que ele ficasse ali, porque não quer que o garoto fique em casa sozinho, mesmo sob seus protestos de que “já não é mais criancinha”.

O problema é que “Caio foi sua primeira paixãozinha de infância, e existe uma grande possibilidade dessa paixão não ter passado até hoje” e Felipe terá que lidar com a presença de Caio durante quinze dias.

O que em princípio é um problema, no decorrer da trama, se transformará em aprendizado. A obra poderia ser sobre o primeiro amor entre meninos, mas traz camadas relevantes no decorrer da trama.

O autor aborda temas como: bullying, homofobia, gordofobia, dificuldade de convivência social, entre outros temas importantes, através da narração de cenas de violência moral e psicológica para com Felipe. Uma delas, inclusive, durante as férias de Julho e na presença de Caio, o que só aumentou o desconforto de Felipe.

A cena em que, finalmente, os protagonistas se aproximam e trocam algumas confidências, é de derreter até corações de gelo.

Outro tema abordado é a importância da psicoterapia. Vitor Martins, fala sobre o tema narrando algumas sessões de Caio, o que de certa forma, contribui para a desconstrução de alguns tabus e preconceitos em relação à necessidade de acompanhamento psicológico por parte de quem sofre bullying, ou apenas para quem procura entender-se melhor como parte do mundo.

Por fim, posso dizer que o livro “caiu em minhas mãos”, pois eu procurava outro título, mas confesso que a leitura foi uma delícia.

A linguagem é fácil e o texto é fluido sem ser superficial.

Espero que você também se encante com “Quinze Dias”!

Marketing do Amor

Quem me conhece, sabe que não sou muito afeita a ler os títulos mais vendidos ou sucessos em redes como Tik Tok, Instagram ou YouTube, embora siga canais literários em várias redes. O que quero dizer é: gosto de gostar (ou não) por minha conta e risco e confesso que tenho um pouquinho de preconceito com as unanimidades.

Porém, “paguei a língua” quando li o recém lançado “Marketing do Amor”, romance de estreia do paulistano Renato Ritto.

Lançado pela editora Intrínseca, o romance com 526 páginas, narra a história de Thiago e Vadimir, ou Vlado, como gosta de ser chamado.

Vlado é um estrangeiro recém chegado ao Brasil. Thiago tem uma família intrometida e uma série de traumas e inseguranças por causa da sua aparência.

Um dia, o improvável acontece: eles se conhecem na Festa Junina organizada pela mãe de Thiago para todos os vizinhos do bairro e, como se fosse inevitável, eles ficam nessa festa. Thiago fica encantado com Vlado. Vlado fica encantado com Thiago. Eles marcam um encontro para uma noite da semana seguinte.

Thiago vive com sua amiga Nicole. Ambos trabalham em uma agência publicitária que acaba de ser vendida para uma grande multinacional e sim, eles descobrem que Vlado está no Brasil porque trabalha na multinacional e mais, é chefe de Thiago.

É claro que, à partir daí, o romance vira uma comédia de encontros e desencontros que torna impossível largar o livro. Além disso, ele tem uma diagramação super diferente. É todinho escrito em e-mails, mensagens de WhatsApp, conversas entre jogadores on-line, mensagens e stories do Instagran, o que torna a 

leitura muito rápida, apesar de suas mais de 500 páginas.

Penso que o livro conversa muito bem com o público jovem a que se destina prioritariamente, mas aborda questões importante como homofobia e gordofobia no ambiente corporativo e o quanto isso pode acarretar de prejuízo a quem sofre tais preconceitos.

Achei o livro uma delícia!

Gargalhei de verdade em algumas partes, até por identificação, senti raiva nos episódios de gordofobia e fiquei emocionada com seu desfecho clichê, bem do jeito que a gente gosta.

Apesar disso, ao meu ver, o livro não é “perfeito”. Achei algumas atitudes de um dos protagonistas um tanto imaturas e até um pouco “chatinhas”, mesmo assim gostei muito da leitura e recomendo não apenas para jovens leitores, mas também para os mais experientes.

Em tempo, entrei em contato com o escritor que por sinal, foi super acessível e disse a ele o quanto achava importante que seu livro fosse lido não apenas por jovens ou pessoas da comunidade LGBTQIA+, mas também e talvez principalmente, por aqueles que não conseguem enxergar nada fora de suas bolhas.


Espero que você também tenha vontade de ler e que se divirta e se emocione tanto quanto eu.

Boa leitura!

“A Menina sem Palavras”

O moçambicano Mia Couto dispensa apresentações para o leitor mais assíduo. Aclamado pela crítica Mia Couto passeia suavemente por vários gêneros literário.
Em “A Menina sem Palavras”, publicado no Brasil pelo selo Boa Companhia da Editora Companhia das Letras, em 2013, Mia Couto se utiliza de 160 páginas nas quais reúne 17 contos para encantar e sensibilizar o leitor.
Lembro exatamente do dia em que comprei o livro.

Foi um presente para mim mesma. Eventualmente me dou tais presentes. Livros são os meus “mimos” proferidos. Saí da livraria, sentei em uma cafeteria, pedi um capuccino (era inverno) e, ali mesmo, degustei quase todos os contos com os quais Mia Couto nos presenteia em sua coletânea.
Sentia-me como a protagonista de “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector (o livro que contém esse conto também já foi indicado por AQUI).
No conto que dá título ao livro, Mia Couto começa com: “A menina não palavreava. Nenhuma vogal lhe saía, seus lábios se ocupavam só em sons que não somavam dois nem quatro. (…)” Como não se encantar?

Por que ler?

Porque Mia Couto é um dos grandes nomes da literatura de língua portuguesa da atualidade.
Porque os contos curtos e a linguagem poética tornam a leitura fluida.
Porque o selo Boa Companhia é uma bela iniciativa da Companhia das Letras.
Porque o livro é barato e já é possível encontrar exemplares no sebo.

Desejos que você também queira presentear-se com um exemplar de “A Menina sem Palavras” ou talvez presentear alguém especial.
Desejo que você goste do que lerá.

É um carinho no coração.
Boa viagem!!!!!
Digo, boa leitura!!!!

“O Melhor dos Imprevistos”

O livro “O Melhor dos Imprevistos”, da mineira Marina Carvalho foi lançado em 2021 pela Editora Astral Cultural. Conta a história de Elza, que viaja com seus amigos da faculdade à Paraty, para comemorar sua formatura em Medicina. Jovens e com a vida toda pela frente, os amigos estão dispostos a se divertir e o fazem.

Numa noite, Elza e seus amigos estão em um barzinho da cidade histórica e há uma banda tocando no lugar. Ela se encanta com o baterista que claramente corresponde às investidas da moça, que vai no outro dia ao mesmo bar com os amigos, dessa vez com o real e claro objetivo de reencontrar o músico interessante da banda.. Eles acabam passando a noite juntos. Até aí, tudo bem, afinal eles são jovens e nunca mais se encontrarão depois daquela aventura mágica.

Porém, na volta da viagem, Elza vai ao casamento de uma prima distante e qual é a sua surpresa ao perceber que o noivo da prima era ninguém menos que o baterista gato da banda de Paraty! Os dois fingem não se conhecer e a vida seguiria normalmente não fosse um imprevisto: Elza descobre que está grávida.
A moça decide que terá a criança e que ninguém jamais saberá quem é o pai. Afim de guardar o segredo, passa a evitar encontros familiares. Nem mesmo seus pais sabem que é o pai da linda menina Giovana.

Sete anos depois…outra reviravolta. Em uma reunião de pais e professores, Elza descobre que Felipe – o baterista gato – trabalha na escola de Giovana e ela agora está diante de um dilema: deixar Felipe se aproximar de Giovana e revelar a verdade à sua prima, ou tirar Giovana da escola e manter a história em segredo?

Por que ler?
Porque a trama é bem escrita. Porque Marina Carvalho tem um jeito gostoso de contar a história de Elza e sua filha.
Porque a leitura é rápida, o livro conta com apenas 272 páginas. Porque a história, apesar do dilema, é um romance daqueles de aquecer o coração.
Porque se trata de um romance contemporâneo brasileiro, escrito por uma mulher.

Desejo que a trama de Elza e sua filha Giovana, aqueçam seu coração e o cative, como cativou a mim.
Boa leitura!

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“A Droga da Obediência”

Quem foi adolescente nos anos 80/90, possivelmente foi leitor da série “Os Karas”, de Pedro Bandeira.
Pedro criou uma série de livros em que cinco adolescentes, cada um com suas qualidades especiais e que secretamente, investigavam crimes. São eles: Miguel, o líder, Crânio, o gênio, Calú, o ator, Chumbinho, o mais novinho e Magri, a multiatleta e única menina do grupo dos Karas.

Nesse primeiro livro, o grupo investiga secretamente a perigosa quadrilha que criou uma sinistra droga para tornar os garotos inteligentes e saudáveis, em robôs obedientes. O grupo, que aparece em outros cinco livros, comunica-se entre si através de código secretos e, não raro, os leitores acabam se apropriando dos códigos para a própria comunicação. Há algumas reviravoltas durante a trama, afinal, trata-se de uma aventura investigativa e o enredo prende o jovem leitor do início ao fim.

“A Droga da Obediência”, lançado em 1984 pela Editora Moderna, dá inicio a uma saga literária inesquecível e vale ressaltar que, Pedro escreveu seus livros em um tempo em que não havia todo o aparato tecnológico que temos hoje: microcomputadores ultramodernos e dispositivos cada vez menores, capazes de armazenar um número de informações cada vez maior e ainda assim, ou talvez até por isso mesmo, o premiado e badalado escritor – atualmente com 80 anos – é o responsável pela formação de muitos leitores em todo o Brasil, influenciando gerações de meninos e meninas.

Por que ler?
Porque a obra é bastante conhecida entre o público jovem.
Porque Pedro Bandeira conseguiu criar e manter um clima de mistério e investigação em todas as obras da Série “Os Karas”.
Porque apesar de “antiga”, a obra continua instigante e atual.
Porque o autor é o responsável pela formação de mais de uma geração de leitores e leitoras.
Porque mesmo depois de quase 40 anos, a obra foi o livro mais vendido no Estante Virtual, em Março de 2022.

Se você já leu, desejo que tenha vontade de revisitar esse corajoso e secreto grupo. Se ainda não leu, desejo que não perca tempo e procure a obra em breve.
Tenho certeza de que você vai se divertir e se apaixonar por essa aventura. Em tempo: as outras obras em que “Os Karas” protagonizam a trama são: “Pântano de Sangue”, “O Anjo da Morte” “A Droga do Amor”, “Droga de Americana” e “A Droga da Amizade” e o escritor é super acessível em suas redes sociais sobretudo no Instagram @eusoupedrobandeira

Desejo que a leitura toque sua consciência e seja uma grande aventura!

“Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe”

“São as águas de Março/Fechando o verão…”, assim diz a música “Águas de Março” que o compositor Antônio Carlos Jobim, gravou com Elis Regina em 1974, embora ele já houvesse gravado sozinho sua composição em 1972.
Se estivesse viva, a gaúcha Elis Regina de Carvalho Costa, completaria 77 anos. Por isso, resolvi indicar “Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe”, de autoria de seu filho mais velho João Marcello Bôscoli.
A biografia, ou livro de memórias, foi lançado em 2019 pela Editora Planeta e é uma biografia um tanto diferente das costumeiras, pois conta a história de Elis Regina sob a ótica de seu filho mais velho que tinha apenas 11 anos quando a mãe faleceu em janeiro de 1982. O livro de apenas 200 páginas, conta com emocionante prefácio de Rita Lee e, além dos textos do filho, nos traz algumas fotos do arquivo pessoal da artista (todas em P/B) além de trechos do seu diário.
Infelizmente, não conheci Elis Regina, pois ela faleceu no ano em que eu completaria um ano, mas de certo modo, como todo brasileiro e boa parte do mundo, conheci Elis Regina através dos muitos vídeos que assisti e músicas que ouvi.
Elis, dividia opiniões, mas uma coisa é certa: ninguém era indiferente à artista. Minha mãe gosta muito, assim como eu, meu pai detestava. Dizia que ela “cantava gritado” ou que cantava “como um gato miando”.
Eu particularmente, gosto muito do seu timbre de voz e de muitas das músicas que ela gravou. Apesar de ser excelente intérprete (na opinião desta leitora), Elis Regina não compunha músicas. No entanto na opinião de muitos críticos e amigos, cantava “como se as músicas fossem suas”.

Por que ler o livro?

Porque Elis Regina foi uma grande artista brasileira e é ainda hoje, reverenciada no mundo todo.
Porque “Elis e Eu…”, traz um comovente relato da relação da artista com o filho, na chamada “vida real”.
Porque o prefácio de Rita Lee é emocionante.
Porque as imagens no livro são lindas

Não sei se você é do “time da minha mãe”, que é fã de Elis ou do “time do meu pai” que não gostava de sua interpretação ímpar, mas estou certa de que não será indiferente a esse livro.
Sugiro que você dê uma chance a esse breve livro de memórias ainda em 2022, no ano em que sua morte completa 40 anos. Vale uma observação: Elis Regina, morreu vítima de overdose aos 36 anos, ou seja, seu aniversário de morte, já conta mais anos que seu tempo de vida e se, apesar disso, Elis continua celebrada no mundo todo, é porque algo de especial acontecia ali.
Desejo que a leitura toque seu coração, assim como tocou o meu!

“Já não me sinto só”

Já conhecia e gostava muito do trabalho da atriz (e escritora) Maria Flor, no cinema, na teledramaturgia, nas séries, então quando seu romance “Já não me sinto só” saltou aos meus olhos em uma estante de livraria, já o coloquei na minha lista dos desejos e quando finalmente o adquiri, comecei a ler com altas expectativas. E as expectativas foram atendidas. “Já não me sinto só” é o romance de estreia de Maria Flor, lançado em 2021 pela Editora Planeta.

Conta com 192 páginas para contar a história de Maria, uma atriz que após o término de um longo relacionamento, é convidada para participar das filmagens de um longa metragem no Jalapão, Tocantins. Maria embarca decidida a dedicar-se exclusivamente ao trabalho, mas a viagem acaba se tornando uma jornada de autoconhecimento.

O livro mescla cenas leves e divertidas com passagens profundamente dolorosas e, para mim sem surpresa, uma pitada de romance.  É uma delícia!

Por que ler?

Porque se trata do romance de estreia de uma, já consagrada atriz brasileira. Porque a linguagem é fluida e a leitura nos faz esquecer o tempo. Porque, embora seja ficção, trata-se de uma atriz, narrando a história de uma atriz. Porque o livro me fez sentir verdadeiramente de férias. Porque a obra é dividida em capítulos curtos (como eu gosto) e quando a gente vê, já leu o livro quase todo

Porque o leitor fica verdadeiramente, na torcida por Maria (com ou sem um par). Desejo que a história de Maria, te surpreenda e te cative como cativou a mim e que você também fique, como eu, aguardando pelo próximo livro da atriz, diretora, roteirista, escritora e, agora mãe, Maria Flor.

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