“As Aventuras Sensoriais de Théo”

Por Carol Spieker

Outro dia, recebi um presente lindo! Todo mundo gosta de ser presenteado, mas se você assim como eu, é um leitor, sabe que o presente-livro é sempre especial.

Falando em especial, “As Aventuras Sensoriais de Théo”, escrito pela joinvilense Caroline Helena e ilustrado pela também joinvilense Michelline Móes, trata justamente de Théo, uma criança especial como todas as outras, mas Théo tem TEA (Transtorno do Espectro Autista), o que faz com que ele perceba o mundo de uma maneira diferente das outras crianças.
O livro de 72 páginas, lançado em 2019 pela Editora Areia, narra e ilustra lindamente as sensações de Théo nas mais variadas situações. Tais situações são totalmente corriqueiras para qualquer criança e suas famílias, mas Théo apresenta uma sensibilidade maior a todos os estímulos aos quais somos diariamente expostos: mudança de temperatura, aromas, sabores, sons, beijos e abraços… Para Théo, tudo isso é processado de maneira diferente.

A escritora Caroline Helena com livro “As Aventuras Sensoriais de Théo”

Por que vale a pena ler o livro?

Porque a obra é uma graça, com belas ilustrações e linguagem acessível aos pequenos e jovens leitores, porque é literatura infantojuvenil produzida em Joinville/SC, escrita e ilustrada por mulheres, editada por Jura Arruda que é de uma sensibilidade ímpar e porque é uma forma criativa e sensível de trazer à tona a compreensão do TEA, pois somente a compreensão de que cada um é um Universo, pode gerar a empatia necessária para vivermos com afeto, respeito e harmonia. Vale lembrar que a escritora do livro é mãe de criança com Transtorno do Espectro Autista, então tem conhecimento de causa para falar sobre o tema, sem incorrer no risco das informações equivocadas provocadas pelos costumeiros “achismos” e vale ainda lembrar que, apesar disso, Caroline escreveu Literatura Infantil e não um tratado científico. Tenho certeza de que você também vai se deliciar degustando esta história.
Se você desejar ler o livro, há exemplar para empréstimo na Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin (Joinville/SC), mas se desejar adquirir para ler e reler ou mesmo para presentear alguém especial, pode entrar em contato com a escritora por e-mail, redes sociais ou pelo site da Editora Areia.
Desejo que você se divirta e se emocione tanto quanto eu me diverti e me emocionei lendo esse livro!

Para adquirir o livro:
E-mail da autora: carolzinha.helena@gmail.com | @carolinehelenaescritora
Site da Editora Areia www.editoraareia.com.br

“Navegue a Lágrima”

Por Carol Spieker

A autora porto alegrense Leticia Wierzchowski, pode ser conhecida do grande público pelas obras premiadas como “Sal”, publicada em 2013 e “A Casa das Sete Mulheres”, publicada em 2002, inspirando obra homônima produzida pela Rede Globo, exibida em 30 países. Na obra “Navegue a Lágrima”, lançada pela Editora Intrínseca em 2015, Letícia conta concomitantemente duas histórias que se passam em diferentes momentos. Uma, a história da editora Heloísa que resolve mudar de ares, após a morte de marido, outra, a história de Laura Berman, uma escritora consagrada.

Isso se dá porque, após perder o marido, Heloisa decide se afastar da cidade e levar uma vida de isolamento justamente na casa de veraneio da famosa escritora, em um balneário no Uruguai.

Ocorre que lá entre mobílias e fotos da escritora com sua família, as histórias de ambas passam a se misturar de forma que, em dado momento, Heloísa, entre um drinque e outro, já não tem mais certeza do que é real ou ficção. De em qual pedaço do caminho, as estradas de ambas se unem. E, nesse vai e vem das histórias de Heloísa e Laura, há ainda a “vida real”, que acontece no momento presente. Porém, o livro não perde seu fio condutor e, em momento algum da leitura, senti-me perdida, sem saber a quem se referia cada trecho da trama muito bem tecida por Letícia Wierzchowski.

O livro é curto, contando com apenas 205 páginas e a linguagem da autora, somada ao interessante enredo tramado num “emaranhado de histórias”, faz com que a leitura seja fluida, emocionante e surpreendente. Este foi do tipo de livro em que entrei madrugada adentro, lendo com curiosidade. Foi também, a única obra que li da autora, mas outros títulos dela já estão na minha “lista dos desejos”.

Mas, se a seu favor o livro tem um enredo interessante, com capítulos curtos e linguagem fluida, contra, há a cor escolhida para a impressão do texto: um azul bonito, mas que, pelo menos no meu exemplar, pareceu fraquinho demais, tornando um tanto dificultoso ler, sobretudo à noite. Mas isso não tira os méritos da obra, de maneira alguma. Creio que a cor eleita, tenha relação com a água: casa de balneário, lágrima, histórias que se fundem como as águas quente e fria em um mesmo oceano. Enfim, mas isso já são divagações de uma leitora sonhadora!!!!

Li a obra por receber várias indicações de diferentes fontes e recomendo muito: pela obra em si, por ser de uma escritora premiada e por se tratar de literatura brasileira atual e de qualidade.

Indicada para público adulto por seu enredo. Não há conteúdo impróprio para menores de 18 anos.

“Cidade da Chuva”

Por Carol Spieker

Se você não é morador da Cidade das Bicicletas, como é conhecida Joinville/SC, talvez você não saiba, mas nossa cidade é também conhecida como Cidade da Chuva e foi inspirado nesse título de nossa cidade, que o artista Humberto Soares publicou em 2015 o livro “Cidade da Chuva”, editado pelo próprio autor.

Aqui, novamente abro um parêntese para falar da importância do SIMDEC para a produção e o fomento da cultura em nossa cidade, pois o livro foi publicado com o patrocínio da Prefeitura Municipal de Joinville e da (extinta) Fundação Cultural de Joinville, por meio do Mecenato Municipal de Incentivo à Cultura Lei de Incentivo – SIMDEC 2013.

Dito isso, volto a ater-me ao livro de Soares e aqui há uma peculiaridade: trata-se de uma narrativa visual. Exatamente. Não há no livro uma palavra sequer, exceto pela bela introdução da musicista local, Ana Paula da Silva, com quem Humberto fez uma bela parceria para esta publicação.

Isto significa que as 96 páginas que compõem a obra, não trazem uma narrativa verbal, aquela linearidade textual, narrando uma história a que muitos leitores estão mais que acostumados, mas há uma narrativa (ou várias!) cuidadosa e lindamente ilustradas por esse mestre dos pincéis, tintas, gizes e lápis das mais variadas cores.

Os tons, literalmente dão o tom à narrativa que traz seres fantásticos com os quais, particularmente chego a crer que Hum (como costuma ser carinhosamente chamado pelos amigos), tem parentesco: são criaturas de outros planetas, escafandristas e seres representando o próprio sol e a própria chuva.

Tantos tons, cores e texturas…

Um livro para degustar com os olhos!

Livro: Cidade da Chuva. Autor: Humberto Soares.

Eu, que tenho alguma vivência com crianças ouvindo e criando histórias, recomendo para crianças de todas as idades, com a devida mediação de um leitor mais experiente. Como se trata de uma narrativa visual, que remete à nossa própria cidade, é possível deixar que os pequenos, viagem pelo mundo encantado da imaginação e criem, recriem e mais uma vez inventem suas próprias interpretações acerca da obra.

Mas, o livro não é um privilégio apenas para pequenos leitores. Os mais crescidinhos, mesmo que já barbados ou de cabelos brancos também podem se deliciar a cada página do livro que é em si, uma obra de arte.

Os joinvilenses certamente vão se identificar. Os de outras localidades vão se encantar com essa sensível obra de Humberto Soares, o duende das cores.

Você que é de Joinville, encontra a obra para empréstimo nas Bibliotecas Públicas, para aquisição, recomendo recorrer à Livraria O Sebo ou contatar o próprio Humberto Soares pelas redes sociais. @humbertopequeninus, no Instagran ou Humberto Soares, no Facebook e assim, ter o prazer de ter seu exemplar autografado…assim como o meu!!!

Sobre o autor Humberto Soares

Nasceu em Curitiba/PR e mudou-se para Joinville/SC em 1998, onde desenvolveu sua arte, passando pelas histórias em quadrinhos, exposições e desenvolveu seu lado escritor, narrador de histórias e também de professor de arte sequencial para crianças e adultos.

Humberto morou muito tempo em Joinville, e andava pelas ruas sempre encantado e encantando vestido de duende, distribuindo sorrisos e boa sorte através de seus trevos de quatro folhas. Hum, como é carinhosamente conhecido pelos amigos, é quase um personagem em tempo integral: das muitas vezes que nos encontramos trocando histórias pelas livrarias, feiras do livro, teatros e eventos culturais de modo geral, ficaram a lembrança da sua encantadora e contagiante energia. Atualmente o artista reside e trabalha em Canelinha/SC.

“Olhos D’ água”

Por Carol Spieker

Contando com apenas 126 páginas, divididas em 15 contos, além do Prefácio e Introdução, “Olhos D´água”, da mineira Conceição Evaristo, publicado pela Pallas Editora e Distribuidora Ltda, é uma obra arrebatadora, na opinião da leitora que vos indica este livro.

Já na página dedicada à ficha catalográfica da edição de 2016, uma importante informação: “Esta publicação foi realizada com recursos do edital de Apoio à Coedição de Livros de Autores Negros da Fundação Biblioteca Nacional, do Ministério da Cultura em parceria com a Sociedade de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPIR/PR”.

Tenho lido e ouvido ultimamente discussões acerca do tema: por que ler autores negros? Há quem questione: qual a diferença? ou quem saia com a frase feita, vestida toda de senso comum: “Literatura não tem cor, tem qualidade!” Mas aí vem o questionamento: quantos escritores e principalmente quantas escritoras negras brasileiros/as você já leu? Se foi em menor número que escritores caucasianos é fácil concluir que seja por que há menos publicações de escritores negros e isso tem uma razão de ser, pois existe toda uma estrutura social na qual negros tem menos acesso que caucasianos em muitas situações e a educação certamente é uma dessas situações. Mas não quero aqui alongar-me nessa discussão.

O fato é que sim, Conceição Evaristo, é mulher e negra e, como uma parcela das pessoas nestas condições em nosso país, teve de conciliar os estudos com o trabalho de empregada doméstica, na Zona Sul de Belo Horizonte, até concluir o Curso Normal. Isso não faz da obra de Conceição Evaristo especial, mas certamente influencia em sua escrita forte, comovente e que nos prende a atenção do início ao fim.

Seus textos que compõem “Olhos D´água”, ora são suaves e poéticos, ora nos tomam de assalto como um soco no estômago e nos faz suspender a respiração sem perceber.

Para mim, esse é o caso por exemplo, de “Di Lixão”, que retrata entre outras questões, a invisibilidade social das pessoas em situação de rua. Já reli este livro algumas vezes, na íntegra e em partes e também já indiquei e emprestei para amigos e, para cada um deles os textos chegaram de forma diferente, mas sempre intensa.

Ainda sobre a escritora, Conceição Evaristo, hoje é Mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Suas obras abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. A obra “Olhos D´água” foi traduzida para o inglês e publicado nos Estados Unidos em 2017.

Recomendo para sensíveis leitores!

“40 Possíveis Maneiras de se Descascar uma Mulher”

Por Carol Spieker

De quantas camadas somos feitas nós, mulheres?
A paulistana atualmente radicada em São Francisco do Sul, Clotilde Zingali trata do tema nos textos que mesclam narrativa e poesia, de “40 Possíveis Maneiras de se Descascar uma Mulher”, obra lançada pela Nova Letra Gráfica e Editora, em 2008.

Aqui, preciso fazer uma pausa para dizer que o livro foi publicado em Joinville, quando a escritora residia na Cidade das Flores, através de prêmio no Edital de Apoio a Cultura do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, o SIMDEC e esta foi sua terceira obra publicada por este mesmo mecanismo, que sempre foi tão importante para o fomento da arte e da cultura em nossa cidade. Pelo mesmo mecanismo, Clotilde lançou anteriormente os livros “Bricolagem para Geladeira” e “Oco Hálito”, ambos também ilustrados pelo talentoso Estêvão Teuber. Aliás, é bom que se diga, as ilustrações das obras da Clotilde, são um capítulo à parte, que mereceriam, certamente, um texto exclusivamente para elas.

Mas, voltemos à obra de Clotilde Zingali.

Livro “40 Possíveis Maneiras de se Descascar uma Mulher”

Em, “40 Possíveis Maneiras de se Descascar uma Mulher”, ela descreve poeticamente, e Estêvão ilustra 40 personagens femininas em textos curtos e instigantes de forma a nos levar a perceber que, por fim, formam um mosaico no qual encontramos características de todas elas em todas elas…e em nós mesmas, mulheres que somos, tão múltiplas e ao mesmo tempo tão singulares. Únicas em nossas particularidades e também naquilo que tange nossa noção de coletividade. Mas os leitores do sexo oposto (ou de nenhum deles) também são muito bem-vindos.

As mulheres descritas e narradas por Clotilde, poderiam ser você, sua irmã, vizinha, parceira ou uma total desconhecida: certamente você as reconhecerá nas 94 páginas que compõe o pequeno livro. Digo pequeno, porque seu formato é diferenciado, mas isso não se aplica, certamente aos textos de Clotilde, nem às ilustrações de Estêvão.

No livro, você se depara com figuras como “Magda”, “Sandra”, “Lídia”, “Wanda”, “Bianca Priscila”, “Norma”, “Yara”, “Ângela” e tantas outras.

O livro pode ser encontrado em algum sebo da cidade, na Biblioteca Pública Municipal, – quando ela voltar a receber os munícipes de Joinville – ou com a própria escritora e aí, você tem aquele charmoso bônus de adquirir um livro com dedicatória e tudo. Você pode encontrar a Clô nas belas ruas do Centro Histórico de São Francisco do Sul, ou nas redes sociais.

Isso tudo porque a escritora agora pode ser encontrada conversando com a gente no podcast de mesmo nome que você encontra em http://anchor.fm/nasondasdocarro

Pelo Instagram em @nasondasdocarro | Pelo Facebook na página Nas Ondas do Carro

Recomendo as três obras de Clotilde e também seu gostoso bate-papo no podcast

Segue lá!

“Um Abraço é um Laço”

Por Carol Spieker

Em tempos de pandemia e isolamento social, penso que uma das palavras muito utilizadas está sendo SAUDADE. Saudade de pessoas, lugares, situações…saudade do “antigo normal”…

Escrevo numa quente noite de sábado em que entre outras saudades, sinto saudade de ir ao teatro e encontrar os amigos, e hoje faz exatamente uma semana que me chegou às mãos um livro extremamente oportuno para esses tempos. Não por acaso: “Um Abraço é um Laço”, escrito por Elizabeth Fontes a mineira mais joinvilense que eu conheço, e ilustrado pelo paulistano Toni D´agostinho, de quem conheço apenas os traços das ilustrações dessa obra e já foi uma grande “estreia”, foi a obra premiada com o primeiro lugar no concurso nacional “Um Mundo, Um Abraço”, em 2020.

Então, como vocês podem ver, trata-se de uma obra duplamente nova. Nova porque meu exemplar tem ainda o delicioso cheirinho de livro novo, e nova porque sua primeira edição data de 2021. O livro, publicado como Literatura Infantil, pelo selo Gisostrinho da Giostri Editora, conta com 28 páginas, mas reverbera por muito tempo em nosso coração.

Nele, você vai conhecer a história de Maria, menina que inventou uma brincadeira para superar a saudade que sente durante o período de isolamento social. Para cada uma das saudades, ela abraça algo diferente. Maria, imaginava que um abraço era como um lindo laço e pensava que “Um abraço é também um laço, porque amarra a gente junto de quem a gente ama”

A narrativa de “Um Abraço é um Laço”, é toda poesia (seria porque Elizabeth é escritora e também musicista, além de uma poetisa “de mão cheia” e coração transbordante?) e me emocionou de verdade. Penso que seja uma importante obra a ser difundida entre as crianças pois, se para os adultos é difícil expressar todo o turbilhão de sensações que nos acomete nesse momento de isolamento, imagino que muito mais difícil seja para os pequenos, que ainda não possuem maturidade emocional e um repertório mais elaborado para se expressar.

Obra bonita, sensível e muito bem escrita, na qual imagem e palavras formam um belo “casamento”: um complementa o outro da capa até a última página. Recomendo não apenas para crianças, mas também para os adultos que não perderam a conexão, ou que se reconectaram com sua criança interior.

Ah, das vantagens de morar na cidade da autora (pra quem é de Joinville). O livro pode ser adquirido com a própria Beth Fontes. Se você tiver interesse procure por ela no privado no Facebook Beth Fontes, pelo Direct do Instagram @fontes_beth ou pelo e-mail beth.fontes@gmail.com e o livro ainda vem autografado, o que além de chique é um carinho a mais! 😉 Para quem deseja adquirir a obra, segue o contato da autora: (47) 9 99510152

“Fritz, um sapo nas terras do príncipe”

Por Carol Spieker

História Oficial e literatura infantil de qualidade é a mescla que resulta em “Fritz, um sapo nas terras do príncipe”, livro de estreia na literatura infantil, do paulista radicado em Joinville, Jura Arruda.

A obra conta com as ilustrações do músico e ilustrador joinvilense, Nei Ramos e foi publicada pela Editora Letra d’água em 2012 (SIMDEC), graças ao Edital de apoio à cultura do referido ano e, aqui, permito-me abrir parênteses para falar da importância desses mecanismos públicos (via Edital ou Mecenato) para a manutenção da arte e da cultura em nossa cidade.

Voltando à obra de Arruda, seu livro foi amplamente utilizado nas escolas da rede pública de Joinville, desde o seu lançamento e ainda o é, considerando a maneira lúdica e divertida de “contar a história” da fundação e colonização da Colônia Dona Francisca, atual Joinville.

O livro relata a história de Joinville pela ótica de Walter, imigrante alemão que veio “fazer a vida” na nova terra e Fritz, um divertido sapo com mania de realeza que veio escondido para essas terras, pois, sabendo tratar-se da “terra do príncipe”, tinha a intenção de virar gente e tornar-se um belo príncipe, também. Teria Fritz conhecido certo conto de fadas, em que o sapo vira príncipe ao ser beijado pela Princesa? Bem, mas esta já é outra história…

Eles tornam-se amigos e enfrentam juntos as dificuldades e as alegrias da construção da Colônia Dona Francisca, terra dada ao Príncipe François Ferdinand como dote de casamento com Dona Francisca, irmã de D. Pedro II. Outro ponto interessante da obra, é que Jura Arruda insere no texto, escrito em português, palavras escritas em alemão, o que acaba por enriquecer o texto e torná-lo mais atrativo, trazendo naturalmente, um glossário ao final do livro para que o leitor inexperiente no idioma, não perca nenhuma passagem do livro.

Em 2015, patrocinado pelo município e (extinta) Fundação Cultural de Joinville, por meio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura – SIMDEC, Jura Arruda lançou, agora pela Editora Areia (fundada pelo escritor), também em parceria com o ilustrador Nei Ramos, o livro “Fritz, olha o trem!”, no qual Fritz, o sapo personagem- título de ambos os livros, participa da inauguração da Estação Ferroviária de Joinville Neste livro, Fritz vive novas e divertidas aventuras e até descobre o amor, ao lado da bela Futrika, uma sapinha muito simpática.

Recomendo ambas as obras para pequenos leitores. Nas escolas, ele foi amplamente difundido entre os quartos anos, crianças de 9 e 10 anos, que estudam a História de Joinville, pela Matriz Curricular vigente na Rede Municipal de Ensino. Mas, é importante frisar que não se tratam de obras didáticas, voltadas apenas para a sala de aula. Ambos os livros podem ser lidos (e brincados e sonhados…) por pequenos leitores também fora do âmbito escolar.

Jura Arruda é escritor,cronista, pesquisador e dramaturgo, com diversas obras publicadas.

“Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente”

Por Carol Spieker

Passeando pelas estantes de uma livraria, um título me salta aos olhos: “Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente.” Trata-se do livro da gaúcha Luisa Geiler, publicado em 2014 pela Editora Alfaguara.

O livro de 295 páginas, divididas em 30 capítulos narra a história de Henrique, ou apenas Ike, como é conhecido pelos amigos em Canoas, Rio Grande do Sul. Ike é jovem, mora com os pais, trabalha em um posto de gasolina, namora uma menina e se diverte com os amigos. Entre eles, o mais próximo é Gabriel. No entanto, em um feriado chuvoso, Gabriel sofre uma queda em casa, bate a cabeça e é levado inconsciente para o hospital onde permanece em coma. Os médicos dizem que não há muito o que fazer, a não ser esperar. Enquanto espera, Ike escreve cartas para Grabriel “pra quando tu acordar”.

Livro: “Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente.” 

O enredo da obra então passa a dividir-se entre a narrativa em primeira pessoa, alternada com diálogos entre os personagens e as inúmeras cartas que Ike passa a escrever diariamente para Gabriel afim de que ele não perca nenhum acontecimento, por mais banal que seja, quando acordar do coma. O fato é que, vivendo entre o trabalho no posto de gasolina, o namoro e as intermináveis cartas para Gabriel, Ike não tem a exata noção de até que ponto realmente sabe o que acontece à sua volta e o que os outros pensam acerca dos fatos.

Mesclando narrativas curtas e cartas, Luisa Geisler constrói um romance surpreendente, daqueles que prendem a atenção do leitor do início ao fim, tratando dos conflitos e das alegrias que permeiam a vida de jovens que estão enfrentando as descobertas da entrada na “vida adulta”, de modo sensível, cativante e bem humorado. Entre a narrativa e as cartas, Ike passa a descobrir seu lugar no mundo: na família, no trabalho, na relação com sua namorada e com outros desejos que lhe surgem enquanto, com os pais e o irmão de Gabriel, espera que ele acorde do coma para ocupar o lugar que ficou por ser preenchido em suas vidas, desde o dia daquele acidente, naquele feriado chuvoso da cidade de Canoas.

Ninguém me havia indicado esse livro, que foi daqueles achado que simplesmente caem em nossas mãos, mas eu adorei e recomendo e, embora seja classificada como ficção brasileira e não como literatura infantojuvenil, a obra pode interessar a jovens e experientes leitores, justamente por tratar de temas que envolvem jovens saindo da adolescência e entrando na vida adulta.

Carol Spieker
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“Azul da Cor do Mar”

Por Carol Spieker

O romance “Azul da Cor do Mar”, foi escrito pela autora e jornalista mineira, Marina Carvalho, lançado em 2014 pelo selo Novas Páginas, da Novo Conceito Editora. O livro tem 334 páginas, divididas em 28 capítulos, mais prólogo e epílogo e cada capítulo é aberto com um trecho extraído do Manual de Redação da Folha de São Paulo.

Isso porque a nossa heroína, Rafaela, desde cedo soube que cursaria a faculdade de Jornalismo, aliás, escrever sempre foi sua paixão. Ela mantém um diário, no qual escreve sobre um menino que ela viu uma vez, quando criança em uma praia do Espírito Santo e nunca mais esqueceu e agora, em 2014, ano em que se passa a trama do livro, ela está prestes a ver sua carreira finalmente decolar quando consegue um estágio no jornal Folha de Minas, o maior jornal de Minas Gerais.

Livro: Azul da Cor do Mar. Autora: Marina Carvalho

Rafaela está confiante e certa de que nada poderá impedi-la de ter sucesso na faculdade e no estágio, porém ela não contava cruzar com Bernardo, um sujeito que, segundo ela, “é o mais insuportável da face da Terra”. Rafaela logo de início percebe que terá problemas com o jornalista que, para o seu azar será seu supervisor de estágio. Ou seja, ela o terá que acompanhar durante as horas em que estiver a serviço da Folha de Minas. Eles têm maneiras muito diferentes de se portar e travam uma batalha perigosa, e cômica, entre os dois profissionais, em busca do melhor furo de reportagem.

Apesar de “Azul da Cor do Mar” poder ser categorizado como um chick lit, daqueles com final bem clichê, ao melhor estilo “Sessão da Tarde”, ele surpreende nas passagens investigativas. O livro tem uma diagramação mista, mesclando narrativa convencional, em primeira pessoa, com diálogos, e-mails, mensagens de celular e matérias de jornal, o que torna a leitura dinâmica e nada cansativa.

Marina Carvalho escreveu posteriormente o livro “A Menina dos Olhos Molhados”, onde narra a história sob a perspectiva de Bernardo, jornalista investigativo elogiado por suas matérias com a característica de não gostar de trabalhar em equipe. A segunda obra foi lançada em 2016 pela Globo Alt e é uma divertida continuação de “Azul da Cor do Mar”, com a diferente característica de ser um chick lit com protagonista masculino.

Recomendo ambas as obras para leitores adultos, embora não haja conteúdo erótico explícito, que gostem de romance e aventura em uma mesma obra, leve e divertida que pode ser degustada rapidamente, apesar do número de páginas.

Chick lits: podem ser definidos como romances que costumam ter conteúdo cômico e que trazem em seu enredo, protagonistas femininas, geralmente independentes, na casa dos 20 aos 30 anos, que enfrentam as delícias e os conflitos da vida profissional e afetiva. No Brasil, Marina Carvalho e Laura Conrado são referências nesse estilo de livro.

Carol Spieker
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“O Menino do Dedo Verde”

Por Carol Spieker

Escrito pelo autor francês, Maurice Druon, em 1957, “O Menino do Dedo Verde”, traduzido por D. Marcos Barbosa, conta com várias edições no Brasil, é o único livro de Druon voltado para pequenos e jovens leitores.  A obra foi considerada “o novo milagre da literatura”, depois de “O Pequeno Príncipe”, do também francês Antoine de Saint`Exupéry, em 1943. A edição de 2017, da editora José Olympio, conta com 126 páginas, divididas em 20 capítulos.

Livro: O Menino do Dedo Verde

Trata-se da história de Tistu, menino rico e bonito, nascido em Mirapólvora, morador da Casa – Que – Brilha, onde vivem também o Senhor Papai e a Dona Mamãe. Tistu vivia feliz dentro dos portões da Casa – Que – Brilha, vivendo com seus pais, os empregados como, o Mordomo Cárolo, o Jardineiro Bigode e o seu pônei Ginástico.

Tistu sabia o que aprendia em casa com a Dona Mamãe, mas em um determinado momento, ela percebeu que já havia ensinado ao menino tudo o que podia e que era chegado o momento de Tistu ir para a escola…e é aí que começam os problemas: por mais que o menino se esforce, não consegue manter-se acordado durante as aulas. “Pregava os olhos no quadro e colava os ouvidos à voz do professor. Mas sentia que a coceirinha estava chegando… Tentava, por todos os meios, lutar conta o sono (…)Não adiantava. A voz do professor ia se transformando em uma canção de ninar (…) e a aula se transformava em aula de sonhar.”

Sendo assim, o Senhor Papai e a Dona Mamãe, decidiram então que o menino aprenderia tudo de que precisasse, na pratica e para isso, o Senhor Papai contratou os melhores professores que conhecia: Senhor Trovões, Dr Milmales e o Jardineiro Bigode, com quem faz a incrível descoberta de que tem o “dedo verde”. O Senhor Papai, era o próspero proprietário da fábrica de canhões que produz armamentos para abastecer de material bélico muitos países, fossem eles amigos ou inimigos dos mirapolvorenses.

Então, Tistu tem uma ideia genial que, a princípio causa espanto e prejuízos ao Senhor Papai, mas que acaba mudando o destino dos moradores da Casa- Que – Brilha e de todos os moradores de Mirapólvora. Nesta deliciosa aventura, Tistu, o menino do dedo verde, conta com a cumplicidade do Pônei Ginástico e do seu querido professor de jardinagem, o Senhor Bigode, com quem faz importantes descobertas.

O livro é voltado para o público Infantil e Juvenil, mas é uma premiada obra da literatura francesa, traduzida no mundo todo e que se destina na verdade a todos os seres humanos dotados de mínima sensibilidade. Trata-se de uma obra delicada e atualíssima, apesar de ter sido escrita há 64 anos.

Livro recomendado para todas as idades.

Carol Spieker
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