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Ele continua moderno aos 100 anos


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Ele continua moderno aos 100 anos


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Neste mês a Semana de Arte Moderna comemorou a lembrança de seu centésimo aniversário. Um movimento que teve em seu início a provocação, o escândalo, o protesto contra a tradição simétrica e da beleza perfeita, das correntes euro-centristas da época. Por isso o grotesco, o simples, a crítica mais ácida, estão presentes no modernismo brasileiro, contra o modelo ideal da sociedade pós Revolução Industrial.

Como o próprio Oswald de Andrade dizia: ‘o modernismo é primitivo’. Este movimento trouxe consigo uma onda que sacudiu o Brasil daquele início de século. As artes de modo geral viviam uma crise causada pela I Guerra Mundial, e o modelo plástico, literário, musical anterior, já não servia mais, porque enfatizava a concepção mais tradicional do modelo da belle époque. Os modernistas queriam realmente propor algo inusitado, novo, quebrando com essa tradição do belo, do civilizado, do evoluído, do perfeito, a qual era o clima criado desde o final do século 19 e início do século 20. 

Muito desta euforia vivida na belle époque era fruto das inúmeras inovações tecnológicas da época, como a eletricidade (lâmpada e outros aparelhos eletrodomésticos), carros, aviões, telefone, entre tantas outras inovações. Para a opinião pública, se imaginava que a humanidade chegou em sua plenitude e não desenvolveria nada muito além daquilo já existente. Porém com a Primeira Guerra, este clima eufórico se transformou em depressão e no desmoronamento de um modelo de vida, adjetivado de civilizado. Foi neste clima pós 1918, que na Europa, movimentos como futurismo, cubismo, expressionismo, mesmo já existentes, agora ganharam a cena artística e influenciavam todo tipo de expressão de vanguarda. Esta onda revolucionária, já em 1922 chegava ao Brasil.

A Semana de Arte Moderna, foi tão importante para a intelectualidade brasileira e posteriormente para política, economia e relações sociais, que na História do Brasil foi a primeira vez que um movimento cultural chegou ao país primeiro que em Portugal, nossa antiga metrópole. Aquela fatídica semana de 13 a 18 de fevereiro de 1922, foi apenas o estopim que desencadearia uma série de consequências para o Brasil. 

O modernismo brasileiro descobriu o Brasil, muito mais que Cabral o fizera em 1500. Mário e Oswald de Andrade, Bandeira, na literatura; Villa-Lobos na música; Di Cavalcanti, Malfati, Tarsila, e posteriormente, Portinari e Segall nas artes plásticas; todos sensíveis estudiosos e observadores da cultura brasileira, conseguindo traduzir estas vivências e obras-primas reconhecidas mundialmente. 

Nas décadas seguintes esta relação só fez crescer e enriquecer, com uma espontaneidade, que nunca se vira nas artes produzidas no país, tanto que em 1928, Oswald lança o Manifesto Antropofágico ou Antropofagia, na qual propunha uma revisão na relação artística dos autores brasileiros, que deveriam simplesmente se inspirar nos movimentos europeus, mas trazer a alma da brasilidade. Seria uma espécie de canibalismo (inspiração/engolir a produção europeia, mas digerir/produzir algo tipicamente brasileiro. Foi uma alavanca necessária para as artes, já que as obras passaram a ser reconhecidas internacionalmente por sua originalidade, estilo, sensatez, carregando consigo a alma do Brasil, a expressão máxima de sua cultura, intrínseca nos quadros, músicas, esculturas.

Os modernistas não somente orbitaram as artes, eles impulsionam a criação do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, em sua criação SPHAN, fazendo com que se pensasse o Patrimônio Cultural brasileiro. Mas eles não pararam por aí, indiretamente, suas ideias também acirraram o descontentamento com a Política dos Governadores e o seu modelo coronelista, fundamentado no voto de cabresto, em que o eleitor, devido ao voto ser aberto, sofria ameaças para escolher o candidato da aristocracia local. Contra esse modelo político aconteceram as revoltas Tenentistas, que se dividiram entre idealistas comunistas e nacionalistas, que, de mão dadas com o Movimento Modernista ajudava a transformar o Brasil. 

Estas ações na década de 1920 resultaram no Golpe de 1930, com Getúlio Vargas, e posteriormente, a fundação do Estado Novo (1937), dando sobrevida ao seu governo até 1945. Na Era Vargas os modernistas ganharam voz, e muitos ocuparam cargos dentro deste governo, para difundir seus conceitos nacionalistas. 

Contudo, o que estes intelectuais queriam era quebrar os grilhões que prendiam o país a seus traumas coloniais, que sofriam a tecnização com um discurso euro-centrista e neocolonialista, difundido por boa parte do mundo intelectual universitário e reverberado pelas sociedades industrializadas como sinônimo de desenvolvimento e civilização, em que se contrapunha o modelo europeu, tido como positivo, civilizado, evoluído, ao modelo outro, adjetivado de negativo, selvagem e atrasado. Por isso, o mote modernista de buscar sua brasilidade e nela encontrar valores, para rebater essa cultura euro-centrista, que rebaixava o Brasil perante os estrangeirismos.

O Modernismo produziu uma cultura impar e influenciou a sociedade brasileira, pois suas ações observava os costumes no interior e traduzia estes em arte. Macunaíma, as Bachianas Brasileiras, Abapuru, foram exemplares desta fomentação do que é ser brasileiro. Este tema tão comum para os modernistas dos anos 1920, passaram a nortear cada vez mais os estudos nas faculdades e como consequência, a produção teórica para entender nossa nação, aumentou consideravelmente entre as décadas 1930 e 1970. 

Hoje, os medíocres e influenciadores reduziram essa ação gigantesca do Movimento Modernista, a discussões de gênero e etnias. Por criticar os artistas de 1922 com a mentalidade de 2022, se tornaram um excelente exemplo de anacronismo. Se pudéssemos concretizar este discurso anacrônico e transportá-lo para 1922, no ceio da Semana de Arte Moderna e estabelecêssemos que aquele grupo fosse composto por, um quarto de afros, outro quarto de ameríndios, e a mesma porção de mulheres, como naquele instante do espaço/tempo representavam um elite intelectual, que em parte também eram financeira, possivelmente, hoje o Brasil estaria entre os três primeiros países do rancking mundial em educação, cultura e IDH. No entanto, esta não era a realidade do Brasil de 1922, o que se tinha entre os modernistas naquela semana eram predominantes homens brancos e de classe média/alta, com boa formação intelectual e por isso o Brasil ainda luta por democratização de cultura, educação e bem-estar social.

Todavia, ao contrário, se o Movimento Modernista não tivesse acontecido, nós não teríamos Bossa Nova, MPB, Tropicália, Rock Nacional, e nossa arte seria uma mera reapresentação daquilo que acontecia no exterior, como fora durante o período colonial e imperial.

Reduzir a Semana de Arte Moderna a discussões do presente e por conta disso, apagar seu devido valor na História do Brasil, é no mínimo irresponsável. Pergunto, será que estes medíocres um dia mereceram um lugar de destaque por influenciar o presente, como fizeram aqueles modernistas? Tenho certeza que a resposta será não. Está na hora de nós brasileiros darmos valor a quem merece e mudarmos a cara deste país, a começar pelo Movimento Modernista iniciado em sua Semana de Arte de 1922.  Eles sim merecem estar no Hall dentre os brasileiros que de melhor produziram e, portanto, devemos a eles o nosso devido respeito e reverência, porque, foram eles que descobriram essa nação e nos ajudaram a compreendê-la melhor.

 ¹O Movimento Modernista só chegaria as terras lusitanas em 1930.

Escrito por Cristiano Viana Abrantes.
Graduado em História pela USP em 1998, atuou por 25 anos como professor de História. Atualmente trabalha como historiador do Município de Joinville desde 2015. Participou de inúmeros projetos escolares e atualmente tem investido na área de Literatura como escritor e dramaturgo.

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