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“Teatro em Comunidades Periféricas” Entrevista com ator e diretor Cristóvão Petry


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“Teatro em Comunidades Periféricas” Entrevista com ator e diretor Cristóvão Petry


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Por Celiane Neitsch

No dia 23 de abril é comemorado o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. Pensando nisso, e considerando que, um dos melhores livros que eu tive a oportunidade de ler nos últimos tempos foi “O Teatro em Comunidades Periféricas – Uma trajetória desenvolvida no bairro Itinga (Joinville/SC)” do ator e diretor de teatro Cristóvão Petry, publicado pela editora Areia, compartilho com os leitores a entrevista que Petry concedeu ao site “Arte na Cuca”.

Por que escolhi este livro em meio a tantos outros? Porque depois de sair do conforto da casa de minha avó e vir morar no bairro Itinga (Joinville/SC), aos poucos fui construindo minha relação com o bairro e com as pessoas desta comunidade. Foram e são muitos os momentos de dificuldade, pois cada lugar tem sua dinâmica, sua cultura, suas pessoas. O livro de Petry, me ajudou a entender um pouco mais sobre este lugar. Este lugar que não é feito somente de dificuldades, de distâncias e vizinhos barulhentos… É um lugar feito de lutas, conquistas, união, cultura e muita arte.
Agora convido você leitor(a) a conhecer um pouco mais sobre as histórias e memórias do Itinga.

Céu do bairro Itinga. (Redes sociais Amorabi).

Arte na Cuca: O livro “Teatro em Comunidades Periféricas – Uma trajetória desenvolvida no bairro Itinga (Joinville/SC)” é resultado da sua pesquisa de mestrado, realizado no PPGT – Ceart/Udesc). Por que, mesmo não trabalhando exclusivamente como produtor cultural e ator, você optou em fazer o mestrado em teatro?

Cristóvão Petry: Eu faço teatro há quase 30 anos. Na época que fiz minha graduação em História, era muito difícil você fazer uma faculdade de Artes Cênicas e se manter em Florianópolis. Como não havia uma graduação de teatro em Joinville, grande parte das pessoas que fazem teatro na cidade, se formaram em História. Eu sou uma delas. Quando decidi fazer um Mestrado, não tive dúvidas de fazer teatro. Mesmo não trabalhando exclusivamente com arte, o teatro faz parte da minha história e é impossível abandoná-lo.

Arte na Cuca: Se tivesse que definir quais as principais dificuldades de fazer teatro NA e PARA a periferia da cidade de Joinville, quais seriam elas e por quê?

Cristóvão Petry: Primeiro falta apoio público e privado para a cultura e arte na periferia. Infelizmente a arte ainda é vista como um produto de “elite”. Os bairros afastados do centro da cidade, tem pouco acesso. A maioria dos projetos desenvolvidos é de curto prazo. Se as pessoas não tem acesso, como teremos jovens interessados em fazer, por exemplo, uma faculdade de artes cênicas? O Itinga é um exemplo de que o acesso a arte e a cultura, possibilita novos horizontes para a juventude. Alguns jovens, que começaram a ver e fazer teatro no bairro, decidiram seguir em frente nesse caminho. Não é um caminho fácil, mas é bonito ver como a arte é importante para nossas crianças e adolescentes. Toda escola deveria ter um grupo de teatro, de dança, de música. Tenho certeza que isso mudaria a realidade cultural de nossa cidade.

Arte na Cuca: Em seu livro (página 91), você menciona que “Inscrevíamos nossos espetáculos em festivais e editais e nunca éramos selecionados. Nunca seríamos selecionados. Nossa história era outra”. Em sua opinião, existe ou existia certo preconceito das comissões avaliadoras, na seleção de projetos propostos e realizados por pessoas sem formação acadêmica? Ou talvez o fato se dava pelos projetos terem partido de uma comunidade localizada na periferia da cidade?

Cristóvão Petry: São as duas coisas. Hoje já existe uma abertura maior para a cultura popular. Na Udesc, em Florianópolis, existia a disciplina Teatro-Comunidade. Essa disciplina que possibilitou que eu entrasse no Mestrado. Percebi que o teatro que eu fazia no Itinga, reverberava também em outras comunidades. Fazia sentido. O resultado final foi a publicação do livro. Mas sinto que ainda é pouco valorizado o trabalho das periferias.

Livro “O Teatro em Comunidades Periféricas – Uma trajetória desenvolvida no bairro Itinga (Joinville/SC). Editora: Areia. Ano: 2020.

Arte na Cuca: Na página 93, quando escreve sobre o apoio aos grupos de teatro , o preço dos ingressos e o discurso de muitos administradores e vereadores que falam em “levar a cultura para os bairros”, você propõe algumas reflexões sobre para que tipo de público a cultura de Joinville se destina.  Como percebe esta questão na última e na atual gestão da cidade? Alguma coisa mudou?

Cristóvão Petry: O Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura – SIMDEC, é um importante mecanismo para o fortalecimento da arte e da cultura. A última gestão engessou esse Sistema, modificando a forma e os produtores e produtoras culturais tiveram muitas dificuldades de acessar os recursos. Espero que esta nova gestão que entrou, modifique esse modelo e tenha como meta o cumprimento do Plano Municipal de Cultura. Esse Plano precisa ser revisto, mas ele aponta alguns caminhos. Um deles é a democratização do acesso a cultura nas periferias da cidade.

Arte na Cuca: Segundo seu livro, desde o ano 2000 a Amorabi – Associação dos Moradores do Bairro Itinga, já é um ponto de cultura, independente da participação em editais específicos ou reconhecimento. Em seus projetos a  associação sempre visou a autonomia, protagonismo e o empoderamento.  Contando com toda a sua experiência dentro da Amorabi, qual seria o caminho para que outras associações se tornem referência em cultura, educação e cidadania?

Cristóvão Petry: A Amorabi é um exemplo que pode ser seguido. Durante 20 anos tocou um Centro Comunitário de Educação Infantil, pois no Itinga não havia um CEI público. Também é protagonista na área da cultura com diversas apresentações artísticas e formações. Tudo isso só foi possível, por causa de sua comunidade. Imagine se todas as Associações de Moradores também desenvolvessem projetos como a Amorabi. Os artistas da cidade teriam vários espaços para mostrar sua arte, e com um público cativo. O caminho é o da persistência, da autonomia e do empoderamento.  As entidades precisam saber que elas podem e devem acessar esses recursos públicos. É um direito de todos e de todas.

Comunidade do bairro Itinga, em frente a Associação de Moradores. (Amorabi).

Arte na Cuca: Em 2018, você decide se afastar da presidência da Amorabi, pois havia sido eleito Conselheiro Tutelar da cidade de Joinville. Mesmo atuando como voluntário na associação, um dos motivos para sua decisão foi às mudanças de regras no edital do Simdec (Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura). Como estas mudanças impactaram os projetos realizados pela Amorabi ao longo dos anos?

Cristóvão Petry: A Amorabi vinha ao longo dos anos, desenvolvendo alguns projetos de formação e fruição. No começo, não havia recursos públicos, mas com o tempo a Associação foi conseguindo acessar o Simdec. O recurso era fundamental, principalmente para a contratação dos profissionais. A mudança do Edital, que foi transformado praticamente numa “licitação”, dificultou o acesso ao recurso, não só para a Amorabi, mas para diversos produtores culturais. Hoje sobram recursos e faltam projetos. O que é um absurdo. E há um impacto na periferia. A Amorabi não deixou de desenvolver projetos, mas alguns tiveram que parar por falta de um aporte financeiro.

Espetáculo “É O TREN!”

Arte na Cuca: A terceira parte do livro é dedicada a criação e projetos desenvolvidos pelo Abismo Teatro de Grupo, que nasceu dentro da Amorabi. Qual a importância de um grupo que faz teatro DA e PARA  a comunidade?

Cristóvão Petry: O Abismo é fruto da Amorabi. A Amorabi é fruto da sua Comunidade. Logo, o Abismo é da Comunidade. A persistência e os cursos continuados de teatro, permitiram que o Itinga tivesse um grupo de teatro que nasceu do desejo de seus participantes. Isso é muito lindo. Porque os espetáculos do Abismo, levam sempre o vigor comunitário do Itinga. As vezes até se confunde Abismo com Amorabi. A coisa é meio junto mesmo. Uma trama unida que faz bem para o bairro.

Arte na Cuca: Nos anos de 2018 e 2019 o Abismo Teatro de Grupo, realizou quatorze apresentações dos textos “Os Palhaços” e “A Litorina”, de Miraci Deretti. A peça “Os Palhaços” foi censurada na cidade, e em seu livro você descreve que “’Os Palhaços’ incomodou o regime vigente e também a classe mais conservadora de Joinville, por mostrar a situação do país”. Desde a eleição do atual presidente Jair Bolsonaro, a imprensa, a ciência e a cultura vem sofrendo com a censura. Como você entende a relação entre a censura – que as vezes mesmo velada – aplicada pelo atual governo e o desenvolvimento do pensamento crítico na sociedade brasileira contemporânea?

Cristóvão Petry: A arte não pode existir com a censura. A arte e a cultura nos fazem pensar criticamente. Um governo que pretende calar a arte e a cultura não poderia ser legitimado. É lamentável ver em pleno 2021, notícias sobre a censura. Sobre pessoas querendo a volta do “regime militar”. Porém, fazer arte no Brasil hoje é resistência. A gente resiste, mas além da censura moral há também a censura financeira. O governo não publica os editais públicos, não abre concurso para a área cultural, diminui os investimentos. Isso é muito grave. O movimento cultural no Brasil estava crescendo. Existe um Plano Nacional de Cultura. Um Conselho de Cultura. Mas isso vem sendo deixado de lado. Um descaso total. Lamento muito que tenhamos chegado neste ponto. Mas isso vai passar e teremos uma retomada. A arte e a cultura resistem sempre.

Espetáculo “Os Palhaços” UFSC – Florianópolis.

Arte na Cuca: Com a pandemia causada pelo Covid – 19, o setor cultural foi um dos mais atingidos, assim como a população mais atingida tem sido os moradores das favelas e periferias. Em sua opinião, que ações podem ser tomadas pelos governos (Municipal, Estadual e Federal) a fim de minimizar os impactos da doença entre os mais fragilizados?

Cristóvão Petry: O auxílio emergencial é fundamental, para tentar minimizar esse impacto. Demorou muito para ser aprovada a Lei Aldir Blanc. Agora foi aprovada sua prorrogação. No Estado poderia ser lançado novamente o Edital Elisabete Anderle, e em Joinville pensar nos recursos do Simdec. Os recursos do Simdec, poderiam auxiliar muito os produtores culturais a desenvolverem seus projetos de forma on-line. Já aprendemos a fazer isso. Mas é preciso reformular o Simdec, facilitando o acesso dos artistas aos recursos.

Arte na Cuca: Em maio a Amorabi faz 40 anos. São 40 anos de uma trajetória de muita luta e resistência. Você (assim como tantas outras pessoas que contribuíram) se dedicou e trabalhou incansavelmente para que a associação se tornasse o que ela é hoje. O que você deseja e espera da Amorabi para os próximos 40 anos?

Cristóvão Petry: Espero que a Amorabi continue nesta luta, resistindo e mostrando que é possível desenvolver projetos na periferia que façam bem para a comunidade. Projetos permanentes de educação não formal, onde a cultura e a cidadania, sejam pontes para a formação de pessoas críticas que buscam uma sociedade mais humana e igualitária. 

Livros organizados e publicadas por Cristóvão Petry

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