Arquivo Histórico de Joinville completa 50 anos

No dia 20 de março de 2022, o Arquivo Histórico de Joinville, instituição criada por meio da Lei Municipal nº 1.182/1972 completa 50 anos de atividades. Em comemoração a data, apresentamos a 19ª edição do Boletim do Arquivo Histórico de Joinville, que conta com capa comemorativa , criação do designer e bacharel em Cinema e Audiovisual Walmer B. Júnior, que traz como referências, figuras que remetem as diversas culturas e memórias da cidade.

A publicação apresenta o trabalho técnico da instituição, as pesquisas, os pesquisadores, as atividades educativas e narrativas sobre as histórias de Joinville, além das relações do Arquivo com seus funcionários, seu entorno e a comunidade.

Em formato digital e trimestral, o Boletim do Arquivo Histórico de Joinville é resultado de uma parceria estabelecida entre a Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville (Secult), o setor educativo do AHJ e o site de formação cultural Arte na Cuca, que atua de forma voluntária.

A 19ª edição está disponível no site Arte na Cuca na seção “Biblioteca”, mas pode ser acessado AQUI. Em breve, todas as edições anteriores do Boletim do AHJ, estarão digitalizadas e disponíveis neste endereço eletrônico, a fim de ampliar o acesso da população aos projetos e ações desenvolvidas pelo Arquivo Histórico de Joinville ao longo da sua existência.

Acompanhe também a programação de aniversário dos 50 anos do Arquivo Histórico de Joinville:

Março

Lançamento do Boletim n. 19 do AHJ – edição especial dos 50 anos (trimestral).

Solenidade alusiva aos 50 anos do Arquivo Histórico de Joinville.
Quando? 20/03/2022
Horário: 10h.

Mesa redonda “Os 50 anos do Arquivo Histórico de Joinville: história, memória e cidade”, com a Profa. Dra. Janine Gomes da Silva (UFSC) e a Profa. Dra. Ilanil Coelho (UNIVILLE).
Quando? 24/03/2022
Horário: 19h.
Informações: arquivohistorico@joinville.sc.gov.br


Personagem criado por Humberto Soares, “O Jardineiro” vira capa de cadernos artesanais

A Pequeninus Grupo de Arte está com uma novidade para 2022. Acaba de lançar a coleção de cadernos “O Jardineiro”, personagem de histórias em quadrinhos criado pelo escritor e ilustrador Humberto Soares em 2018, e que agora virou capa de caderno escolar, produzido de forma artesanal.

Você pode escolher entre as cinco opções de desenhos, que são bem coloridas e inspiradas no personagem. Cada caderno vem com uma tirinha de quadrinhos, uma tag/marcador com uma ilustração plastificada, personalizado com nome e capa dura.
Para deixar o seu caderno ainda mais personalizado e exclusivo, é possível escolher o tipo de folhas para o miolo, como por exemplo: folhas para desenho (papel offset sem pauta) brancas, pólem ou coloridas.

Sobre o personagem

O personagem “O Jardineiro” foi publicado pela primeira vez em 2018, no jornal Correio Catarinense. As tirinhas em preto e branco eram publicadas uma vez por semana. Mais tarde ganharam cores e permanceram nas páginas impressas do jornal até 2020.

A ideia brotou e criou raízes na imaginação do artista Humberto Soares, em forma de arte sequencial. Uma homenagem aos avós maternos do artista, já que quando criança, adorava passavar as férias na casa dos avós. Ele transportou seu personagem exatamente para casa onde seus avós viveram durante muitos anos, uma casa de madeira azul claro, com um quintal que remetia a um lugar encantado, cheio de novidades e aventuras. Com gramado enorme, bem verde e pedras brancas enfeitando ao redor da casa, árvores frutíferas, verduras, flores e folhagens. Humberto sempre sonhava com a casa.

Ilustração “O Jardineiro”

Mesmo a casa dos avós não existindo mais, permaneceu viva na sua memória, imortalizando-a nos quadrinhos, transportando para os cenários a antiga casa de sua avó e o também o quintal/jardim que povoa até hoje a imaginação do autor.
A HQ “O Jardineiro” mostra uma família diferente, formada por uma avó e seu neto, ele é um legítimo “filho de vó”, assim chamam as crianças que são criadas pelas avós. Moram sozinhos e passam boa parte do tempo no quintal e no jardim, plantando, cultivando e colhendo. Ela é uma negra, benzedeira, jardineira, guerreira que criou seu neto sozinha e ensinou e ainda ensina a sabedoria das plantas, ele um menino branco, com 8 anos, nasceu praticamente no jardim, talvez ele seja o menor jardineiro que se tenha visto até hoje.
As suas tiras de quadrinhos agora são publicadas nas redes sociais do artista e da Pequeninus.

Para adquirir os cadernos

R$ 20 – 1 Caderno | R$ 50 – 3 Cadernos | R$ 80 – 5 Cadernos (+ frete).
Contato: 48 99924-1557 | 48 999049570 (Alex ou Humberto) – @pequeninusgrupodearte


“Não é o meu trabalho que é feminista, eu que sou”. Uma conversa com a artista Fernanda Oliveira, do perfil @ahuterina

Descobri a Fernanda Oliveira, durante essas tardes de domingo em que a gente não quer fazer nada, além de zapear pela televisão ou as redes sociais. Na verdade, não descobri a artista Fernanda (ela eu conheci bem mais tarde), mas sim o perfil no Instagram da @ahuterina. Parei, prestei atenção e fiquei maravilhada com a sutileza das colagens e bordados de seus trabalhos.

Além das imagens, uma das primeiras coisas que me chamou a atenção, foi o nome escolhido: ahuterina?? O que seria isso? (pobre de mim, que nem relacionei a palavra com meu próprio útero). Mas mesmo sem fazer essa conexão tão óbvia, eu entendi cada palavra, cada colagem e cada imagem produzidas e postadas naquele perfil. Não pensei duas vezes, antes de fazer contato com a artista por trás daquela arte, questionadora e defensora dos direitos e liberdades de escolha de todas as mulheres. O encontro aconteceu em Setembro de 2021, mas por motivo de força maior a nossa entrevista só nasceu agora, em 2022.

Marcamos um café no centro da cidade de Joinville/SC, ainda com muito receio dos encontros presenciais, mas já vacinadas. Minha primeira impressão foi a melhor possível: além de muito talentosa, Fernanda é um doce de pessoa. Cheia de ideias e referências, logo tínhamos uma mesa repleta de telas, colagens, gravuras e bordados – um trabalho feito por ela, mas que transbordava o grito de outras mulheres. Eu estava lá, entusiasmada e ouvindo suas histórias, as histórias da mulher, mãe, doula e artista. Entendi porque o perfil tinha me chamado tanto a atenção e de onde vinha toda aquela força e verdade.

Fernanda Oliveira


Decidi ser Doula porque queria ajudar as mulheres a passarem com mais respeito pelo parto e ajudar a desmistificar o que envolve a gestação e é reforçado pela medicina”.


Fernanda é doula por opção e profissão, e artista para exercitar a liberdade. Produz trabalhos visuais que transitam pela técnica da colagem e bordado, na intenção de promover reflexões acerca dos direitos e do papel da mulher na sociedade. Na entrevista que concedeu ao Arte na Cuca, a artista fala sobre suas pesquisas, o projeto @ahuterina e de onde vem a inspiração para a produção visual que já recebeu o reconhecimento do Quebrando o Tabu (marca de mídia multiplataforma especializada em Direitos Humanos).

Celiane: Nossos leitores (assim como eu), desejam saber um pouco mais sobre quem é a Fernanda Oliveira, nos fale a respeito da tua trajetória profissional e pessoal.

Fernanda: Bom, meu nome é Fernanda Oliveira, tenho 35 anos e como ocupação profissional sou Doula, mas é na arte onde encontro formas de expressar o que me atravessa e me conectar com meus sentimentos. Decidi ser Doula porque queria ajudar as mulheres a passarem com mais respeito pelo parto e ajudar a desmistificar o que envolve a gestação e é reforçado pela medicina. Eu não sou muito boa pra falar em público, por exemplo. Mas na arte encontro essa facilidade de comunicação.


Celiane: Você pode nos contar um pouco sobre a tua trajetória como artista visual? Como foi o início dos trabalhos em colagem e bordado?

Fernanda: É algo que sempre esteve presente, como se fizesse parte de mim. Naturalmente fui levada a trabalhar em ateliês, a ministrar aulas e oficinas, e a expor meu trabalho para que as pessoas pudessem conhecer. Fui passando por vários caminhos e experimentos até aqui. 

Celiane: Como é seu processo de criação? De que forma organiza, reorganiza e decide sobre a produção de um novo trabalho?

Fernanda: As vezes é intuitivo, as vezes são gritos que precisam sair. Depois disso seleciono se no papel ou tecido, ou os dois juntos, se necessita de pesquisa ou não. Visualizo na minha cabeça e só desaparece dos pensamentos quando consigo trabalhar naquilo e na maioria das vezes, faço um planejamento prévio em papel antes de iniciar.


Celiane: Seus trabalhos provocam muitos questionamentos e chamam a atenção para questões contemporâneas dos pensamentos feminino. Também me chamou a atenção o fato das tuas colagens dar visibilidade a corpos de mulheres brancas e poucos trabalhos trazem a representatividade da mulher negra, pode nos falar algo a respeito?

Fernanda: Uso sempre revistas antigas, anos 70, 80 e de moda, não existia mesmo essa representação. Ganhei uma coleção de revistas completa da Agulha de Ouro, devem ter umas 90 revistas dos anos 80, não há mulheres negras, nem na capa nem dentro, é muito perceptível … Há 2 recortes, um dos anos 70 e outro dos anos 80 no meu feed. E bordado de peitinhos, onde busquei representar todas as cores. Mas também não acho que meu trabalho deva abordar todos os temas, nem que eu tenha esse compromisso de contemplar a todas … levo pra vida o ” pessoal é político” e são nas minhas ações que sou feminista, a minha arte é só uma parte disso, entende? não é o meu trabalho que é feminista, eu que sou.
É no pessoal que eu compro, exalto, indico, mulheres negras, deficientes, lésbicas, etc. No pessoal é onde eu participo de políticas e ações públicas que é de onde surgirão mudanças efetivas, no offline, principalmente sendo antirracista. Se eu fosse uma grande marca, aí sim eu te diria que eu teria o dever de contemplar e representar todas as mulheres. Como mulher artista, eu expresso apenas um pedaço do meu entorno com os materiais ao meu alcance.

Celiane: Você acredita que a arte pode ser um caminho para chamar a atenção da sociedade, no que diz respeito aos direitos humanos e direitos das mulheres?

Fernanda: Acredito muito. A partir do momento em que levantamos o questionamento já estamos no caminho para mudanças. Falar de representatividade, voz e denúncia, muitas vezes através do bordado, considerado culturalmente um passatempo doméstico, já é uma ampliação do olhar.

Celiane: Nos fale de algumas das tuas referências de pesquisa… Quais sãos as mulheres que te inspiram, e os perfis nas redes sociais que você segue para se atualizar?

Fernanda: São taaantas as mulheres que me inspiram todos os dias, que acho extremamente difícil escolher apenas uma…passo por Elza, Frida, Clarice, Virginia, Dilma, mulheres da música, do cinema e as mulheres ao meu entorno, todas pela sua força e ideias e eu sou uma mistura de todas elas. Alguns dos perfis que eu sigo são: @vulvanegra, Brisa, da @vulvamtilliandum, @portalgeledes , fundado por Sueli Carneiro, @coletivoperseguidas .



Ah, “O Matador”!!!!

Conheci essa história por intermédio de uma querida colega de trabalho. Confesso que, por conta própria, eu não leria um livro com esse título, tampouco indicaria para jovens leitores.
Nesse momento ouço a voz da consciência: “Carol, Carol, não julgue o livro pela capa (nem pelo título)!”
Escrito por Wander Piroli e ilustrado por Odilon Moraes, “O Matador” é uma impactante obra da literatura infanto-juvenil lançada pela extinta e saudosa editora Cosac Naify, em 2014.

É uma história sobre meninos e passarinhos, nos tempos em que havia quintais, ruas, esquinas, árvores e bodoques.
Uma narrativa belíssima e emocionante sobre como a cobrança por seguirmos um padrão preestabelecido pode ser danosa e cruel para uma pessoa, sobretudo, para uma criança. Uma história curta, contando com apenas 32 páginas, que nos mostra a potência da narrativa do escritor e jornalista mineiro, Wander Piroli. Um livro impossível de esquecer.
Tenho que ressaltar aqui que, recentemente, li o livro para pré adolescentes de 10 e 11 anos, e a reação foi um ensurdecedor silêncio ao final da narrativa, em sinal de que a história reverberava dentro deles.

Vale aqui ainda, ressaltar que a diagramação do livro é diferenciada. É como se o texto tivesse sido datilografado naquelas antigas máquinas de escrever, precursoras dos modernos computadores, notebooks e afins, dando a sensação de que lemos trechos de uma carta ou mesmo de um jornal impresso, nos remetendo ao tempo em que havia jornais impressos em todas as bancas de jornais e revistas. Aliás, nos remetendo a um tempo em que havia bancas de jornais e revistas, já que essas vem rareando junto com os produtos que vendiam.
Mas, voltando à obra, indico para jovens e nem tão jovens leitores sensíveis e desejo que ela reverbere em você como aconteceu comigo e com as turmas dos quintos anos.

Desejo ainda uma boa viagem para dentro do livro, para o passado, para longe, para dentro…eis o poder da boa literatura!

Doses de história: Museu de Arte de Joinville

Foto da capa: Arquivo Histórico de Joinville

O Museu de arte de Joinville, localizado na Rua XV de Novembro, número 1.400, foi criado através da lei Municipal nº 1.271, de 15/05/1973 e inaugurado em 03 de setembro de 1976. Sua casa sede foi residência do imigrante saxão, Ottokar Doerffel, personalidade de ativa participação na vida cultural e política da então Colônia Dona Francisca.

 Doerffel foi fundador do primeiro jornal da colônia, o “Kolonie-Zeitung”, além de dirigir a companhia colonizadora de Hamburgo e ter sido o 3º prefeito da cidade, ainda no período monárquico pelo partido conservador em 1874 e 1877.

No ano de 1864 é concluída a construção do casarão, permanecendo na residência até o ano de sua morte, em 1906, quando a casa passou para a família Barthol, seus parentes, e mais tarde foi comprada por Affonso Lepper. Após a morte de Helene Trinks Lepper em 1973, o casarão foi desapropriado pela prefeitura que no mandato do então prefeito, Pedro Ivo Figueiredo de Campos, e por reinvindicação da classe artística da cidade, foi inaugurado o Museu de Arte de Joinville, no ano de 1976.

“Seu acervo foi iniciado com as obras que se encontravam no antigo Departamento de Educação e Cultura, e essas primeiras obras eram produções de artistas locais, mais tarde ampliadas para obras de artistas reconhecidos a nível nacional e internacional, adquiridas por meio de doações.” (OLIVEIRA, 2009 p. 27).

Faz parte da instituição, a biblioteca Harry Laus, que possui acervo de aproximadamente 2.000 livros entre catálogos e periódicos, e desde 2001, conta também com os Anexos 1 e 2 na Cidadela Cultural Antarctica, espaço em que foram realizadas várias edições da Coletiva de Artistas, além de outras exposições de caráter temporários.

Segundo consta no decreto, e em material produzido pela equipe do MAJ,

O Museu de Arte de Joinville, tem por finalidade: Recolher, abrigar, estudar, tombar, conservar, pesquisar e expor obras de arte em geral e em especial de joinvilense e catarinenses, além de desenvolver programas de comunicação museológica e educacional […]. (CONEXÕES EDUCATIVAS, 2012, p. 7).

Projeto Conexões Educativas

As ações educativas no Museu de Arte de Joinville tem início na década de 90, a partir da iniciativa de Ivani Carneiro, funcionária do museu, que começa a planejar projetos de educação ao perceber que este setor ficava quase sempre que em segundo plano. Alguns anos mais tarde, outra funcionária toma a iniciativa de levar projetos ao museu, Sueli Garcia, especialista cultural educadora de museu. Mas, por conta do quadro de funcionários reduzido, era necessário dividir o tempo para atuar em outros setores.

Durante muito tempo, o museu não contou com ações educativas elaboradas pela própria instituição, e sim, parcerias com outras instituições e artistas envolvidos, como a Univille e a Secretaria de educação. Um dos momentos mais significativos da atuação do museu como espaço de educação não formal está documentado no catálogo virtual “Conexões Educativas”, produzido em maio de 2015, por meio dos recursos advindos do prêmio Darcy Ribeiro, concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Nessa publicação consta um recorte de diversas ações realizadas de 2009 a 2014, durante as gestões de (2009 a 2012) e a de (2013 a 2016).

No material, encontram-se algumas ações em arte-educação elaborada pelos profissionais do museu, que contemplaram diferentes públicos, desde o escolar, universitário a pessoas em situações de vulnerabilidade social. Isso nos mostra que, sempre houve a preocupação da equipe em disseminar a arte e a cultura por meio da educação.

Atualmente o Museu de Arte de Joinville encontra-se fechado para visitação e a equipe trabalha em ações internas, como a realocação do acervo. Para a 19 Semana Nacional dos Museus, o MAJ preparou a ação:

18/05/2021 – 10h30 às 11h30
Relato de Experiência: ressignificando o acervo do MAJ. Será desenvolvido de forma virtual, um relato das ações de
conservação/preservação e higienização do acervo do MAJ.

*Atualmente os galpões anexo do museu assim como a Cidadela Cultural Antárctica, encontram-se interditados.

Referências Bibliográficas

OLIVEIRA, Maria Bernadete Garcia Baran de. Mediação cultural: ação educativa no
Museu de Arte de Joinville. 2010. 112 f. Dissertação (Patrimônio Cultural e Socieda
de)- Universidade da Região de Joinville.

Conexões Educativas. Disponível em: . Acesso em: 27 de março. 2021

Guia da Programação 19º Semana Nacional dos Museus. Ano: 2021, p. 423.

Após 23 anos, Arquivo Histórico de Joinville lança 16º edição de seu Boletim Informativo

O Arquivo Histórico de Joinville (AHJ), a Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) e a Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ), após 23 anos, anunciam a retomada e o lançamento da 16º edição do Boletim Informativo do AHJ.

A publicação apresenta o trabalho técnico, as pesquisas, os pesquisadores, as narrativas sobre a história de Joinville, e aborda as relações do Arquivo Histórico de Joinville com a cidade. Em formato digital e com periodicidade trimestral, o Boletim do AHJ é resultado de uma parceria estabelecida com o site de formação e difusão cultural “Arte na Cuca”.

 O Boletim nº 16 está disponível no site “Arte na Cuca” na seção “Biblioteca”, mas pode ser acessado AQUI. Em breve, todas as edições anteriores do Boletim do AHJ, estarão digitalizadas e disponíveis neste endereço eletrônico, a fim de ampliar o acesso da população aos projetos e ações desenvolvidas pelo Arquivo Histórico de Joinville ao longo da sua existência.

Boletim Informativo do Arquivo Histórico de Joinville

Quando? Abril, Maio e Junho.
Quanto? Gratuito. PDF disponível AQUI
Onde? Formato digital online.

“Fritz, um sapo nas terras do príncipe”

Por Carol Spieker

História Oficial e literatura infantil de qualidade é a mescla que resulta em “Fritz, um sapo nas terras do príncipe”, livro de estreia na literatura infantil, do paulista radicado em Joinville, Jura Arruda.

A obra conta com as ilustrações do músico e ilustrador joinvilense, Nei Ramos e foi publicada pela Editora Letra d’água em 2012 (SIMDEC), graças ao Edital de apoio à cultura do referido ano e, aqui, permito-me abrir parênteses para falar da importância desses mecanismos públicos (via Edital ou Mecenato) para a manutenção da arte e da cultura em nossa cidade.

Voltando à obra de Arruda, seu livro foi amplamente utilizado nas escolas da rede pública de Joinville, desde o seu lançamento e ainda o é, considerando a maneira lúdica e divertida de “contar a história” da fundação e colonização da Colônia Dona Francisca, atual Joinville.

O livro relata a história de Joinville pela ótica de Walter, imigrante alemão que veio “fazer a vida” na nova terra e Fritz, um divertido sapo com mania de realeza que veio escondido para essas terras, pois, sabendo tratar-se da “terra do príncipe”, tinha a intenção de virar gente e tornar-se um belo príncipe, também. Teria Fritz conhecido certo conto de fadas, em que o sapo vira príncipe ao ser beijado pela Princesa? Bem, mas esta já é outra história…

Eles tornam-se amigos e enfrentam juntos as dificuldades e as alegrias da construção da Colônia Dona Francisca, terra dada ao Príncipe François Ferdinand como dote de casamento com Dona Francisca, irmã de D. Pedro II. Outro ponto interessante da obra, é que Jura Arruda insere no texto, escrito em português, palavras escritas em alemão, o que acaba por enriquecer o texto e torná-lo mais atrativo, trazendo naturalmente, um glossário ao final do livro para que o leitor inexperiente no idioma, não perca nenhuma passagem do livro.

Em 2015, patrocinado pelo município e (extinta) Fundação Cultural de Joinville, por meio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura – SIMDEC, Jura Arruda lançou, agora pela Editora Areia (fundada pelo escritor), também em parceria com o ilustrador Nei Ramos, o livro “Fritz, olha o trem!”, no qual Fritz, o sapo personagem- título de ambos os livros, participa da inauguração da Estação Ferroviária de Joinville Neste livro, Fritz vive novas e divertidas aventuras e até descobre o amor, ao lado da bela Futrika, uma sapinha muito simpática.

Recomendo ambas as obras para pequenos leitores. Nas escolas, ele foi amplamente difundido entre os quartos anos, crianças de 9 e 10 anos, que estudam a História de Joinville, pela Matriz Curricular vigente na Rede Municipal de Ensino. Mas, é importante frisar que não se tratam de obras didáticas, voltadas apenas para a sala de aula. Ambos os livros podem ser lidos (e brincados e sonhados…) por pequenos leitores também fora do âmbito escolar.

Jura Arruda é escritor,cronista, pesquisador e dramaturgo, com diversas obras publicadas.

Projeto “Bordões” realiza série de lives-oficinas em fevereiro e março

O guitarrista, violonista, produtor musical e diretor artístico, Jackson Carlos apresenta uma série de lives-oficinas em parceria com dois artistas visuais expoentes e contemporâneos, Jean Tomedi e Felipe Coff, que ocorrem gratuitamente nos dias 25 e 26 de fevereiro, 02 e 03 de março, sempre às 19h pelo canal Instagram @jacksoncarlosmusic, Nas lives, os artistas falam sobre os processos criativos e desenvolvimento das obras do projeto Bordões.

As oficinas são as contrapartidas sociais do projeto Bordões, que contempla a gravação de um EP com quatro músicas em formato solo, álbum que irá expressar a identidade, as nuances e as peculiaridades de cada instrumento proposto e que será lançado em todas as plataformas digitais do artista no dia 3 de março.

O processo criativo entre música e artes visuais, segundo Jackson Carlos, é uma forma de reforçar a importância das atividades artísticas que acontecem nas cidades e seus reflexos. “As artes visuais são extensões importantes no conceito artístico de cada canção composta do projeto. Os artistas plásticos envolvidos no Bordões ilustram de forma sensível as canções “Thí” e “Saará”, por Jean Tomedi; e “Aurora” e “Geppetto”, por Felipe Coff. Processos esses que vamos apresentar e falar um pouco mais nas oficinas on-line”, afirma.

Conforme Jackson Carlos, o título Bordões faz referências aos instrumentos de cordas usados neste trabalho: a guitarra, os violões de cordas de aço e nylon, e contrabaixo. “O objetivo deste trabalho, além de fomentar a produção musical autoral, com base em pesquisa artística e interação entre arte sonora e plástica, é de trazer experiências e conteúdos tanto para o acervo de produção musical e artística de Blumenau, quanto para os artistas naturais deste município”, complementa o músico.

Há anos Jackson Carlos vem desenvolvendo estudos e pesquisas sobre as linguagens do jazz, música brasileira e instrumental. No projeto Bordões ele pretende apresentar um pouco dessas pesquisas em formato sonoro. “O fato de também trabalhar como produtor e diretor musical possibilita um olhar e um senso estético mais apurado sobre o projeto como um todo. Além de formar técnicas e expressões musicais para além da composição, buscando comunicar a linguagem de cada composição através dos timbres e sobre toda extensão do universo do áudio”, acrescenta.

O projeto Bordões, de Jackson Carlos, é viabilizado por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020), no município de Blumenau.

Sobre os artistas participantes

Jackson Carlos
Guitarrista, violonista, produtor musical e diretor artístico brasileiro. Desenvolve pesquisa e estudo sobre o jazz e música brasileira. Atua na cena instrumental com grupos de jazz (standard), em formato solo e com seu trio (Jackson Carlos Trio).

Jean Tomedi
Artista plástico, arquiteto e urbanista brasileiro. Formado pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Atua nas artes visuais como muralista, pintor e escultor.

Felipe Coff
Artista plástico brasileiro. Multifacetado, atua em várias frentes nas artes visuais, entre elas pintura, instalações artísticas, arte urbana, vídeo e escultura.

Quando? 25 e 26/02: Jackson Carlos com Jean Tomedi | 02 e 03/03: Jackson Carlos com Felipe Coff.
Horário? Sempre às 19h
Quanto? Gratuito.
Onde? No Instagram @jacksoncarlosmusic

“Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente”

Por Carol Spieker

Passeando pelas estantes de uma livraria, um título me salta aos olhos: “Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente.” Trata-se do livro da gaúcha Luisa Geiler, publicado em 2014 pela Editora Alfaguara.

O livro de 295 páginas, divididas em 30 capítulos narra a história de Henrique, ou apenas Ike, como é conhecido pelos amigos em Canoas, Rio Grande do Sul. Ike é jovem, mora com os pais, trabalha em um posto de gasolina, namora uma menina e se diverte com os amigos. Entre eles, o mais próximo é Gabriel. No entanto, em um feriado chuvoso, Gabriel sofre uma queda em casa, bate a cabeça e é levado inconsciente para o hospital onde permanece em coma. Os médicos dizem que não há muito o que fazer, a não ser esperar. Enquanto espera, Ike escreve cartas para Grabriel “pra quando tu acordar”.

Livro: “Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente.” 

O enredo da obra então passa a dividir-se entre a narrativa em primeira pessoa, alternada com diálogos entre os personagens e as inúmeras cartas que Ike passa a escrever diariamente para Gabriel afim de que ele não perca nenhum acontecimento, por mais banal que seja, quando acordar do coma. O fato é que, vivendo entre o trabalho no posto de gasolina, o namoro e as intermináveis cartas para Gabriel, Ike não tem a exata noção de até que ponto realmente sabe o que acontece à sua volta e o que os outros pensam acerca dos fatos.

Mesclando narrativas curtas e cartas, Luisa Geisler constrói um romance surpreendente, daqueles que prendem a atenção do leitor do início ao fim, tratando dos conflitos e das alegrias que permeiam a vida de jovens que estão enfrentando as descobertas da entrada na “vida adulta”, de modo sensível, cativante e bem humorado. Entre a narrativa e as cartas, Ike passa a descobrir seu lugar no mundo: na família, no trabalho, na relação com sua namorada e com outros desejos que lhe surgem enquanto, com os pais e o irmão de Gabriel, espera que ele acorde do coma para ocupar o lugar que ficou por ser preenchido em suas vidas, desde o dia daquele acidente, naquele feriado chuvoso da cidade de Canoas.

Ninguém me havia indicado esse livro, que foi daqueles achado que simplesmente caem em nossas mãos, mas eu adorei e recomendo e, embora seja classificada como ficção brasileira e não como literatura infantojuvenil, a obra pode interessar a jovens e experientes leitores, justamente por tratar de temas que envolvem jovens saindo da adolescência e entrando na vida adulta.

Carol Spieker
@carolspieker | facebook.com/carol.spieker.1

Como nascem os artistas?

A pergunta nos inspirou a contar a história de Davi Natã de Oliveira Cunha que tem 17 anos e conquistou a atenção e o carinho de todos através de uma vakinha solidária, criada por sua professora de palhaçaria Bia Alvarez.

A intenção da professora era ajudar o garoto a comprar um notebook, para que ele pudesse  acompanhar as aulas e fazer tarefas da escola durante a pandemia. Em menos de dois dias de campanha, a arrecadação já havia ultrapassado a meta dos R$2.000.00 reais, chegando aos R$3.415,00 arrecadados ao todo.

O estudante, que é morador do bairro Itinga no município de Araquari/SC, e tem como hobby andar de skate nas horas vagas, além de praticar palhaçaria. Sua mãe,  Delair Campos de Oliveira trabalha como empregada doméstica  e tem encontrado dificuldades para conseguir emprego na atual situação do país, por isso Davi também vai aproveitar sua nova ferramenta de estudos para buscar uma colocação no mercado de trabalho.

Demonstrando humildade e sinceridade, Davi conquistou as pessoas com seu texto, publicado no site vakinha.com.br, Acredito que com um computador em casa além de estudar melhor vou conseguir fazer apresentações artisticas online, fazer alguns outros trabalhos à distância, ajudar a divulgar o trabalho da minha mãe, ajudando a melhorar a clientela dela e eu ganhando mais alguma renda podendo trabalhar menos na construção civil.”

Sempre com muita desenvoltura e comunicativo, o interesse pela arte desperta muito cedo, com a participação em teatros, desfiles, e eventos realizados pela comunidade ou pela escola. Hoje e ele conta para nós um pouco da sua trajetória e o sonho de viver de arte como palhaço Dandam.

Trabalho voluntário como palhaço Dandam

AC: Como você começou a se interessar por arte? Já havia feito aulas de teatro, circo ou algo parecido na infância?

DAVI: Quando eu era criança gostava de aparecer em palcos, amava estar em trabalhos de rua. Lembro-me de uma festa junina em que desfilei, dancei e participei de um teatro. Sempre amei receber os aplausos da plateia, me sentia muito feliz com isso tudo. O tempo foi passando e continuei interessado por teatro, em 2019 dirigi o grupo de teatro da escola, a Escola de Educação Municipal Senador Luiz Henrique da Silveira. Certa vez um amigo me chamou para fazer oficina de Clown, então pensei, porque não?! Foi ali que em 2017 conheci o mundo da palhaçaria. Quando coloquei o nariz vermelho me senti diferente, um diferente muito bom! Penso seriamente em levar a arte como ofício.

AC: Sua família te apoia na escolha e vontade de ser artista?

DAVI: Minha mãe sempre me apoiou, já meu pai biológico eu acho que ele nem sabe que me apresento como palhaço. Mas o resto da minha família  apoia essa ideia, eles me apoiam nos meus trabalhos voluntários, porem não sei se eles me apoiariam como exercendo arte como profissão. É incrível porque ninguém da minha família é envolvida com arte.

AC: Porque você acredita que sua família não te apoiaria se levasse a arte como profissão?

DAVI: Acho que eles querem que eu tenha um diploma e seja formado em alguma outra profissão. Acho que eles me apoiam apenas fazendo meus trabalhos voluntários. Minha mãe me apoia em tudo que eu faço, o restante da família não tenho certeza.

AC: Você disse que pratica trabalho voluntário, é como palhaço? O que você faz?

DAVI: Participo do Grupo Semeadores. Nós somos um grupo que sai pelo Brasil para falar de Jesus e não de igreja e religião. Nesses projetos, levamos cama elástica, palco, um ônibus que leva o grupo e que também tem um palco. Foi nesse grupo que que eu acabei me soltando, descobrindo “meu palhaço”, foi ali que eu conheci os mestres que me apresentaram a palhaçaria há quatro anos atrás. Com o Semeadores, acabo conhecendo regiões muito necessitadas, levamos cestas básicas, roupas, ajuda com doação de móveis.

É lá que eu faço apresentações como o palhaço Dandam para as crianças, a noite também faço apresentações para os adultos, ajudo na organização do ônibus, montar tenda e etc. O grupo todo se ajuda, todos nós temos uma função.

AC: Se você tivesse a chance de conhecer pessoalmente um grande artista ou mestre da palhaçaria, qual seria? Tem alguém que te inspira?

DAVI: Meu artista preferido é o Charlie Chaplin, ou o palhaço grapixo, do Luca Tuã. O palhaço dele é skatista, e como amo andar de skate, ele me inspira muito.

AC: Alguns dias atrás sua professora Bia Alvarez, lançou uma campanha de financiamento coletivo na intenção de te ajudar a comprar um notebook para auxiliar nos estudos. Como você encarou esse ato e qual foi sua reação ao alcançar e ultrapassar rapidamente a meta solicitada?

DAVI: Sobre a vakinha online, minha reação foi de surpresa, pois foi muito rápido! Conseguimos mais do que o valor proposto, fiquei muito feliz.  Agora estou colocando todas as tarefas da escola em dia, sem contar que posso ajudar minha mãe a conseguir novas propostas de emprego. Agradeço imensamente a cada pessoa que doou e me proporcionou estudar com mais qualidade, contribuindo para que eu não desistisse da escola. 

Quem tiver interesse ou puder dar oportunidade de emprego ao Davi ou sua mãe, entrar em contato através do whats:
(47) 99695-3165 ou contato@artenacuca.com.br