“Tchau”

Meu primeiro contato com a obra de Lygia Bojunga foi aos 12 anos e, confesso que o primeiro contato não me agradou.

Claro, eu já tinha ouvido falar da escritora e também de suas obras “Angélica”, “Corda Bamba”, “A Casa da Madrinha”, “A Bolsa Amarela”, mas lhe fui apresentada ao seu texto com “O Sofá Estampado” e, talvez por ter se tratado de uma leitura obrigatória, talvez por imaturidade leitora, achei a obra chatíssima. Eu não entendia nada: qual a relação daquele tatu com aquela gata? O que representava aquele sofá? Aos 12 anos, quando a escritora ainda assinava Lygia Bojunga Nunes, nada daquilo fazia sentido pra mim e, confesso também que, mesmo depois de adulta, não tive a menor curiosidade de voltar à obra; Eis um grande problema da forma como a leitura era trabalhada na escola: a leitura obrigatória para fazer um fichamento…a mesma obra para todos os alunos/leitores…enfim, mas essa discussão fica para um outro momento.

Mais tarde um pouco, assisti a uma adaptação para teatro de “Corda Bamba”, da qual tenho pouca lembrança e outra de “Angélica” da qual recordo ainda trechos quase completos. Ainda assim, isso não foi suficiente para levar-me de volta à obra de Lygia Bojunga. Eu já era adulta. Já contava histórias, quando adquiri quase que por birra “Tchau”. Meu exemplar é da Editora Agir e data do ano de 1994. Nossa…”Tchau” foi uma revolução em mim! O livro de 78 páginas é dividido em quatro contos: “Tchau”, que dá título à obra, “O Bife e a Pipoca”, “A Troca e a Tarefa” e “Lá no Mar”

Li e reli diversas vezes. Já mais de uma vez, li às crianças de quinto ano, atualmente na faixa de 10, 11 anos e ele nunca passa “em brancas nuvens”. Sempre gera algum desconforto, alguma revelação e não raro, alguma criança acaba por adquirir o livro. A linguagem dos contos é bastante acessível e a leitura fluida, mas é importante que se esclareça que, embora seja literatura infanto-juvenil, publicada originalmente em 1984, todos os contos possuem gatilhos que, na minha modesta opinião, exigem atenção de um adulto. 

Por exemplo, uma vez li o conto “Tchau” para uma turma de quinto ano. O conto narra a história de uma mulher que se apaixona por um homem e é convidada para morar com ele na Grécia, deixando com o ex marido seus dois filhos, um bebê e uma menina já maiorzinha. Ao terminar a leitura, um dos meninos estava com os olhos marejados. Ele achou a história bonita, mas muito triste. Não se conformava com a ausência de um “final feliz”  (olha o spoiler aí, minha gente!). Nesse momento, tive que intervir e explicar que na literatura, assim como na vida, nem sempre há um “final feliz” e tudo bem. Ele não se conformou com a explicação e disse que iria “procurar na Internet se não havia um outro final pra´quela historia”. Não sei se ele o fez.

Por que ler?

Porque se trata de literatura brasileira premiada. Porque é de autoria de uma mulher que é um ícone na literatura brasileira. Porque, apesar de ter sido escrita nos anos 1980, continua atual. Porque nem sempre a vida real nos presenteia com o tal “final feliz” e é importante reconhecer isso na boa literatura, também. Porque os contos são emocionantes. Porque todo mundo merece dar-se a chance de ter um desses encontros arrebatadores da vida real com a literatura. Indico a obra para leitores de sensíveis corações e desejo que a obra encontre em você o mesmo eco que encontrou em mim.

Boa leitura!

“Cri-Cró e outras histórias”

Em 2019, a joinvilense Else Sant`Anna Brum, lançou pela Editora Areia o livro de literatura infatojuvenil “Cri-Cró e outras histórias” Ilustrado por Michelline Móes e com prefácio do editor Jura Arruda, a obra é uma coletânea que reúne 26 contos, desses 22 publicados mensalmente no Jornal A Notícia,
entre os anos de 2006 e 2012.

A escritora atuou como professora alfabetizadora, no Magistério de Joinville, durante 25 anos, período em que acumulou muita experiência com o público a que se destinam os textos dessa coletânea. Dona Else teve seu texto “Miguelito Pirulito” publicado em formato de livro em 1986, “Cri-Cró”, em 1992, “Retetéu”, em 1994 e “Serelepe”, em 1996. Desde Março de 2016 ocupa a cadeira de número 28 na Academia Joinvilense de Letras – AJL. Você pode encontrar “Cri-Cró e outras histórias” para empréstimo nas Bibliotecas Públicas de Joinville (SC) e para aquisição na Livraria O Sebo e pelo site da Editora Areia.

O livro conta com histórias curtas e todas elas ilustradas. A escritora disse, na ocasião do lançamento do livro na Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin, que vários desses textos ela escreveu sob inspiração de situações vividas, inclusive nas escolas, como professora e diretora escolar.

Por que ler?
Porque se trata de uma obra de literatura infantojuvenil publicada em Joinville e porque
foi escrita e ilustrada por mulheres.
E também por tratar-se de uma leitura leve e rápida.
É importante ressaltar que a obra foi publicada com recursos próprios da escritora que, a essa altura da vida, decidiu “bancar” o sonho, de ter mais uma obra publicada, desta vez reunindo parte da produção de uma vida dedicada à escrita para pequenos e jovens leitores.
Recomendo a leitura!

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“Copo Vazio”

Terminei a leitura de “Copo Vazio” com a estranha e familiar sensação de “quem nunca?”

A obra de 144 páginas, foi escrita pela paulista Nathalia Timerman – quem procurei nas redes sociais, para conversar depois da leitura e foi super acessível, por sinal – foi lançada pela Editora Todavia em 2021e conta a história de Mirela. Ou seria a história de Pedro? Ou então a história de Pedro e Mirela?
Espera, vamos organizar o pensamento!

“Copo Vazio” conta a história de Mirela, que por insistência da irmã Marieta, se cadastra num desses aplicativos de relacionamento no qual conhecerá Pedro.
Mirela não acreditava que poderia encontrar “o amor da vida” em um aplicativo, mas não é que ela estava errada?
Pedro era o homem da sua vida e eles viveram uma linda história de amor, com direito a conhecer a avó de Pedro em Minas Gerais. Tudo ia bem, até que Pedro simplesmente desaparece do mapa. Mirela tentando compreender o que aconteceu, ao mesmo tempo em que espera que Pedro volte.
A trama alterna passado e presente, mas sem deixar o leitor confuso.

Quando li o último capítulo, finalmente o primeiro fez todo sentido.
Por que ler? Porque o livro trata com delicadeza de temas como responsabilidade afetiva e relacionamento amoroso;
Porque a escrita de Nathalia é uma delícia de ler; Porque algumas mulheres e (por que não?) alguns homens, vão se identificar muito com a história;
Porque a leitura é muito rápida;
Porque torcemos pelas personagens;
Porque temos vontade de procurar por Pedro, também;
Porque, de repente, tudo faz sentido.

Recomendo “Copo Vazio” para sensíveis e apaixonados leitores adultos, e espero que vocês entrem na trama como eu entrei.
Boa leitura!

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O que você sabe sobre a História da Arte Cubana?

O “Arte na Cuca” inicia suas atividades de formação em 2022 com o curso “Uma viagem panorâmica pela crítica e história da arte cubana nos séculos XIX e XX”, ministrado pela professora cubana graduada em História das Artes, mestra em Estudos Cubanos e do Caribe, doutora em História: Mariurka Maturell Ruiz. Leia a entrevista sobre a professora clicando AQUI.

Os encontros serão online e estão previstos para o mês de março (02, 05, 16, 19) com as aulas gravadas, o que possibilita que os participantes acessem o conteúdo, caso não consigam estar presentes em todas as datas. O investimento é de R$150 (+ taxa) e para garantir uma das 20 vagas disponíveis, basta entrar no Sympla ou então, se você é apoiador mensal do Arte na Cuca pode adquirir seu ingresso com 10% de desconto pelo WhatsApp: (47 99695-3165).

O curso tem como objetivo expor as particularidades da arte cubana, por meio das contribuições de historiadores, investigadores e críticos da arte cubanos, em uma viagem panorâmica pela história da arte do século XIX ao XX, pelas etapas: Colonial, Neocolonial República e Revolução, até os anos 90. Nas aulas, o participante entrará em contato com interpretações sobre o processo de desenvolvimento dos fenômenos artísticos em Cuba e a conexão com os fatos socioculturais que serviram de base; contribuições e considerações dos principais críticos das artes plásticas de Cuba (Magaly Espinosa, Gerardo Mosquera, Desiderio Navarro, Antonio Eligio, Lupe Álvarez, etc.). Mariurka M. Ruiz também apresentará aspectos importantes do processo histórico-artístico cubano e as relações com a arte brasileira, utilizando como referência as experiências da pesquisadora e curadora de arte Lilian Llanes Godoy  (Bienais de São Paulo e Havana). 


Programação do curso “Uma viagem panorâmica pela crítica e história da arte cubana nos séculos XIX e XX”

02/03 – Quarta – Feira 19h às 21h
“As artes plásticas no período colonial: uma aproximação à gravura, pintura e escultura”.

05/03 – Sábado 10h às 12h
“As expressões artísticas em Cuba durante a República Neocolonial”.

16/03 – Quarta – Feira 19h às 21h
“A política cultural na Revolução cubana: incidência no desenvolvimento das artes plásticas nas décadas do 60 e 70 no século XX”.

19/03 – Sábado 10h às 12h
As dinâmicas na produção artística nos anos 80 e 90: contribuições formais e temáticas. Relações de continuidade e ruptura.


Sobre a professora Mariurka M. Ruiz

Professora Doutora em História pela UFSC (2021), Mestra em Estudos Cubanos e do Caribe (2015) na Universidade de Oriente em Santiago de Cuba – Cuba, possui graduação em História da Arte (2003), com 18 anos de experiência. Atualmente é membro da Cátedra de Estudos Afro-caribenhos da Universidade de Guantánamo; da Cátedra Nelson Mandela da Região Oriente, Cuba; do Observatório das migrações de Santa Cataria, UDESC; do Grupo de pesquisa “O campo cultural latino-americano e suas conexões”, UFSC e do Laboratório de História da África, UFSC. Têm experiência na área de História das Artes Cubanas e Caribenhas e em História. Atualmente, pesquisa as transformações urbanas, migração feminina e diáspora africana desde uma perspectiva de gênero.
Leia alguns artigos publicados pela professora:
Racismo em Cuba: uma análise do número 2/2017 da revista El Mar y la Montaña, em Guantánamo
Gênero, Ciências e experiências
Evento Diáspora negra: Cuba no início do século XX
Género y Mercado Laboral: Ejes de Desigualdades

Quando? Março/22. *
Quanto? R$150 + taxas. Via Sympla. Clique Aqui para inscrições.
Onde? Evento online no Google Meet.
*Garanta sua vaga e concorra a 1 aula experimental com dicas para redação de texto em espanhol. (Resumos, artigos ou projetos de pesquisa).
*10% de desconto para apoiadores mensais do site “Arte na Cuca”.
Entre em contato via WhatsApp 47 99695-3165. Celiane Neitsch.