Por Carol Spieker
A ucraniana Clarice Lispector é um ícone da Literatura Brasileira, pois, apesar da nacionalidade, mudou-se para o Brasil recém nascida e aqui viveu. Em 1944, já casada e formada em Direito, publicou seu primeiro livro “Perto do Coração Selvagem”, premiado pela Academia Brasileira de Letras, no ano seguinte.
O livro “Felicidade Clandestina”, foi originalmente publicado em 1971. Meu exemplar é de 1998 e é a primeira edição da Editora Rocco. Contendo 157 páginas, divididas em 25 contos, incluindo “Felicidade Clandestina”, que dá título à obra.
Neste exemplar, a escritora e jornalista Marina Colasanti, escreve as “orelhas’ do livro que servem de apresentação da obra, e afirma que Clarice não se prendia “à ditadura dos gêneros” e passeou elegante e fortemente por todos eles. O próprio texto “Felicidade Clandestina” chegou a ser publicado como crônica no Caderno B do Jornal do Brasil, jornal para o qual a escritora foi convidada a escrever semanalmente em 1967. Primeiramente, intimidou-se com o novo fazer literário, mas logo negou os padrões vigentes, como era sua marca registrada: “Vamos falar a verdade: isso não é crônica coisa nenhuma. Isso é apenas. Não entra em gêneros. Gêneros não me interessam mais.”
No livro “Felicidade Clandestina”, seus textos estão categorizados como contos. Por que ler “Felicidade Clandestina”? Por inúmeros motivos.

Primeiro por se tratar da boa literatura brasileira, escrita por uma mulher forte e inteligente. Depois, porque seus contos contidos nesse livro são atemporais, apesar de terem sido escritos em uma data cronológica demarcada pelo calendário. Recomendo a leitura ainda, para entrar em contato com uma linguagem muito própria da autora (embora atualmente na Internet, muitas frases sejam atribuídas à autora, às vezes frases que claramente ela não teria escrito, mas está aí o lado bom e o lado ruim da Internet, essa “terra de ninguém”).
Ainda sobre o livro, os textos “Felicidade Clandestina” e “Tentação” são meus preferidos. “Felicidade Clandestina”, porque não há a menor possibilidade de uma leitora, apaixonada por livros, ler esse texto e não criar uma imediata conexão com ele. A forma como Clarice narra a espera daquela menina pelo maravilhoso livro de Monteiro Lobato, “As Reinações de Narizinho”, é realmente de uma indescritível beleza.
“Tentação”, é a coisa mais delicada. A descrição do encontro do basset ruivo com a menina ruiva, sua outra metade no mundo, “um irmão em Grajaú”, é de uma beleza ímpar. E a separação? “Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás” É lindo!
De suas obras, “Felicidade Clandestina” é meu livro preferido da autora, com certeza.
Recomendo para jovens e experientes leitores!
Acesse algumas páginas do livro clicando AQUI.