Arte na Cuca entrevista o cantor Jesus Luhcas

SHOW DE LANÇAMENTO DO CLIP PODE ME CHAMAR DE BIXA

ONDE: Galeria 33 (R. Bento Gonçalves, 33, Glória), em Joinville

QUANDO: Sábado (12 de maio), às 18 horas

QUANTO: R$ 15 antecipados e R$ 20 na hora. Ingressos disponíveis em sympla.com.br/sounina.

 

O cantor e compositor Jesus Luhcas, maranhense, 24 anos, deixou São Luís há seis anos para vir atrás de um amor que veio morar em  Joinville. Por aqui também encontrou sua maior paixão, a música. O artista estará lançando o novo clipe da canção “Pode me Chamar de Bixa” neste sábado na Galeria 33. O clipe foi gravado no Hotel Trocadero nos dias 9 e 10 de março e envolveu uma grande equipe de profissionais entre cinegrafistas, bailarinos, produtores e técnicos. A equipe foi encabeçada pelo diretor paulista Mário Águas e pelo diretor de arte Monteiro Monteiro, da produtora WTF. A maior parte da equipe, que incluía estudantes de Cinema da Unisociesc, trabalhou de forma colaborativa. Em breve, o clipe “Pode me Chamar de Bixa” será lançado em São Luis, cidade natal do cantor. Nesta entrevista Jesus Luhcas nos contou sobre como surgiu a ideia para seu novo trabalho, o que ele está curtindo no cenário atual da música e muito mais. Confira!

 

Quem é Jesus Luhcas?

A melhor definição é humano, porque o tempo todo a gente está mudando. Esse videoclipe que vou lançar agora é muito diferente do primeiro videoclipe que eu lancei da música “E eu” que eu fiz com o Xuxa Levy. Naquele primeiro clipe eu estava em uma fase de autoconhecimento, de percepção do mundo, do que realmente vale a pena e isso tudo vai mudando com o tempo. Eu cito sempre a música do Raul Seixas “Metamorfose Ambulante”:  “se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor, lhe tenho amor, lhe tenho horror, lhe faço amor, eu sou um ator”. O que mais me atrai dentro da arte é poder explorar essas diversas facetas. Comecei cantando em um coral da igreja, então as minhas raízes musicais de fora da igreja, são do rock brasileiro, Renato Russo, Cazuza, Cássia Eller e Raul Seixas. “Pode me chamar de Bixa” é pop, mas tem uma boa pegada rock ‘n’ roll. Uma coisa que eu não abro mão é deixar uma mensagem positiva, algo que some na vida das pessoas, e não simplesmente uma música que vai fazer as pessoas dançarem. Tem que trazer um tipo de pensamento, critica, transformação da mente mesmo. Essa é a minha definição.

 

De onde você veio e por que escolheu Joinville para seguir sua vida?

Quando eu fazia parte do coral, eu me apaixonei por uma menina de São Paulo que veio morar aqui em Joinville. Não demorou muito eu vim atrás dela, com esperança de termos um relacionamento amoroso, que nós temos, sempre tivemos, desde que nos conhecemos. Somos bastante amigos e eu digo que ela não foi o grande amor da minha vida, mas eu encontrei um grande amor aqui em Joinville, que é a grande paixão da minha vida, a paixão pela música. Fui bailarino dos nove aos 18 anos, quando eu vim pra Joinville, cidade da dança, eu achei que iria trabalhar com dança, mas descobri aqui a paixão pela música. Cheguei aqui em Joinville no dia 16 de maio de 2012.

 

Como foi seu início na música e quem te inspirou no início da carreira?

Eu iniciei cantando no coral, ainda na escola, mas antes disso eu ganhei um violão de um amigo e esse presente foi meu companheiro. Aprendi a tocar violão sozinho e quem me inspirou, musicalmente falando, é um cara chamado Marcos Almeida. Ele não é muito conhecido, mas eu amo muito o trabalho dele. Ele é um cantor gospel, mas com uma pegada completamente diferente desses cantores que a gente está acostumado a ouvir. A música tem um poder de tocar, geralmente o que me toca é a poesia, a letra, a ideia por trás, e esse cantor tem músicas com conteúdo de reflexão. As pessoas precisam escutar Marcos Almeida.

 

Quem te incentiva e qual é a sua inspiração para continuar na música?

A nova cena musical é maravilhosa, o Brasil está em uma de suas melhores fases musicais, nós temos nomes que ainda são pouco conhecidos, que eu acredito que são nomes que só tendem a crescer dentro do cenário musical. Começamos a descobrir nomes como Liniker, AnaVitória, Francisco El Hombre, Pablo Vittar, que é um artista verdadeiro, que está fazendo muito mais que música, ele está fazendo uma transformação de mentalidade, de posicionamento político, inclusive. E artistas de Joinville eu tenho escutado muito a banda Napkin, Fevereiro da Silva, Ana Paula da Silva, Mario Ghanna. Tem uma galera muito boa aqui em Joinville.

 

Qual é o seu objetivo na música?

Viver de música e ser rico! Já teve momentos que eu cheguei a pensar que ser rico seria uma coisa ruim, mas hoje eu quero ter dinheiro porque o meu objetivo com a música é futuramente abrir escolas de artes, porque a arte mudou a minha vida, a arte me trouxe para um posicionamento pessoal de me reconhecer como ser humano individual, que tem desejos, histórias e isso tudo foi permitido através da arte. Tudo o que eu sei de arte, ganhei gratuitamente, estudei em escolas de dança, teatro, canto, tudo de maneira gratuita, e o que eu mais quero é proporcionar uma história melhor do que a minha para outras pessoas, outras crianças, adolescentes. A arte tem o poder de transformar e abrir a mente, libertar as pessoas de prisões que estão dentro da nossa cabeça. Aqui em Joinville eu já estou apoiando um lugar incrível chamado Centro de Transformação Cultural Arte Para Todos – IMPAR. Este trabalho que eu estou fazendo lá no Arte Para Todos, já é o meu flerte com o meu grande sonho.

 

De onde surgiu a inspiração para “ Pode me Chamar de Bixa”?

Eu estava indo participar de um concurso chamado “Cidade que dança”, eu tenho um estilo próprio de me vestir, estilo que eu escolhi. Quando percebi um carro diminuiu a velocidade, baixou o vidro e um cara gritou “bixa!”, eu olhei pra ele e disse:  “Oi, sou eu tudo bem?”, ele ficou sem reação, pois a intenção dele foi me ofender. Eu não tenho preocupação com sexualidade, sou bicho solto, eu apoio a causa LGBT porque eu sou gay quando eu quero ser gay, sou bi quando eu quero ser bi e hétero quando quero ser hétero. Sexualidade não é da conta de ninguém, eu é que tenho que dar conta da minha sexualidade, ninguém tem que se incomodar com isso. Muitos meios de comunicação não quiseram entrar nesse projeto porque ainda existe o estereótipo de que a palavra “bixa”, é uma coisa ruim, eu vejo que é necessário falar desse assunto tanto pelo fato de o cara ter me parado no meio da rua e usado a palavra para tentar me ofender, quanto pelo fato de que depois eu comecei com o projeto, ter ouvido “nãos” por conta dessa palavra, e é nesse momento que eu sei que tenho que seguir com o projeto. E outra: pode me chamar de bixa, sim!

 

Quando será o lançamento do álbum?

Em 20 de julho lançarei o EP em um show que vai acontecer aqui em Joinville na Lime Club. Esse EP vai trazer seis músicas, todas com misturas de ritmos, vai ter reggae com rap, rap com rock e pop com reggae. Gosto muito dessa mistura de ritmos.

 

Fale uma palavra que tenha grande significado para você.

Amor. É uma palavra que é banalmente usada, mas que tem um significado enorme.

 

Deixe algum recado para quem ainda não conhece seu trabalho.

Eu acho que a gente é muito distraído, todos nós. As pessoas fazem um alvoroço e enquanto está todo mundo olhando para aquele lugar, está acontecendo outra coisa escondida e nem sempre o que está acontecendo escondido é uma coisa ruim. Às vezes é o que realmente precisa de atenção, como alguns desses artistas que eu citei, que não são muito conhecidos. Existem artistas na mídia que são conhecidos e que são maravilhosos como Anita, Pablo Vittar, Simone e Simaria, Maiara e Maraisa, Luan Santana, todos estes grandes artistas nacionais reconhecidos, fazem um trabalho lindo, mas as pessoas precisam se atentar que existem outros artistas muito bons, nossa cultura é linda, temos outras fontes de arte tão boas. O recado é: se esforcem para não ficar comendo apenas aquilo que estão te dando, vivendo aquilo que estão te oferecendo. Sejam protagonistas das suas vidas!