Arte na Cuca integra o Festival União das Culturas

No dia 20 de novembro é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra, para problematizar a questão e propor reflexão sobre o tema, a arte-educadora Celiane Neitsch, apresenta para escolas, Ong’s e espaços culturais, oficinas de arte que incluem roda de conversa pensando sobre os estereótipos da representação do negro e sua cultura nas aulas de arte.

A primeira ação acontece em parceria com o Festival União das Culturas, promovido pelo Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville. Domingo, 20 de outubro às 11h a educadora do Arte na Cuca, trás ao público do festiva a oficina ““Bonecas Abayomi: alegria e resistência negra”.

“Todos os dias são da consciência  negra, indígena, da luta contra a homofobia, entre outras tantas bandeiras levantadas a favor da diversidade.” Celiane Neitsch

Sobre a oficina no Festival União das Culturas

A oficina trás a boneca “Abayomi”, feita de tecido e nós, com o intuito de propor um momento de conversa a respeito da resitência negra durante os mais de trezentos anos de escravidão no Brasil.  Os vestígios que ela deixou são catastróficos, principalmente tratando-se do preconceito de cor, religião e expressão cultural.

Abayomi

Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim. (shorturl.at/hjlqZ).

Quando? 20 de outubro. Horário: 11h
Quanto? Gratuito.
Onde? Festival União das Culturas. R. Das Palmeiras – Centro. Joinville/SC.

Libras: Intérpretes, educação e realidade nas escolas

A Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS, regulamentada pela lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão (e outros recursos à ela associados), das pessoas surdas do Brasil. Segundo a lei, a acessibilidade em língua de sinais (LIBRAS) deve ser garantida por parte do poder público,  às pessoas que dela necessitarem, principalmente os sistemas de saúde e o educacional, conforme artigo:

Art. 3º- As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.

Art. 4°- O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente.

Fonte: divulgação

Foi no cumprimento da lei, mas também percebendo o quanto ela tem o poder de aproximar as pessoas e tornar o mundo a nossa volta mais humano, que a pedagoga Camila Meier, se apaixonou pela Língua Brasileira de Sinais.  Logo na graduação, na disciplina de LIBRAS, Camila teve aulas com um professor surdo e percebendo a dificuldade dele em estabelecer uma comunicação com a turma, a então acadêmica começa a se dedicar ainda mais as aulas, no intuito de auxiliar professor e demais alunos na quebra de barreiras da comunicação e do preconceito que ainda existia naquele ambiente. 

A estudante concluiu o curso com um grande conhecimento na disciplina e logo depois vieram cursos, pós-graduação e interação com a comunidade surda. Atualmente, Camila é interprete da língua e faz parte do time de educadoras da primeira escola de alfabetização em Libras de Joinville. Ela é nossa entrevistada e por meio dessa conversa, vamos entrar um pouco nesse universo, que às vezes é tão explorado pelas mídias quando a pauta é inclusão, mas que ao mesmo tempo, parece tão esquecido quando o assunto são nossos direitos sociais.

ARTE NA CUCA: Como foi e tem sido sua experiência de trabalhar com pessoas que possuem necessidades especiais?

CAMILA M: No geral é muito bom! Na verdade meu público-alvo é a pessoa surda, mas tive um aluno com autismo, porém sempre trabalhei com os surdos. Tudo tem os dois lados têm o que é mais tranquilo e o lado que é mais trabalhoso, mas estou em constante aprendizado. A área de LIBRAS é algo muito bom e gosto muito, toda a comunicação e expressão, é uma troca e experiência de vida.

ARTE NA CUCA: Nos últimos dias, lemos em diversos veículos de comunicação, sobre o projeto de formação bilíngue da escola Monsenhor Sebastião Scarzello. Como está sendo para os alunos essa nova dinâmica?

CAMILA M: Nosso objetivo na escola não é ensinar apenas LIBRAS, e sim as disciplinas utilizando a língua. As crianças ouvintes está recebendo com muita vontade, tudo para eles é novo e interessante, então acabam aprendendo com mais facilidade. Sempre estão atentos aos sinais para poder aprender e conversar com os amigos.

ARTE NA CUCA: De um modo geral, como você percebe a realidade do aluno surdo nas escolas? Elas estão preparadas e adaptadas para as crianças com necessidades especiais?

CAMILA M: Em minha opinião, de modo geral as escolas não se encontram preparadas, pois muitos dos profissionais não estão habilitados quando o assunto é educação especial. A contratação do profissional às vezes atende apenas aos conhecimentos básicos e os especialistas não são admitidos para as vagas e quando são, no caso das intérpretes, acabam fazendo o papel da professora auxiliar da classe.  É preciso ter a formação de especialista, mas a remuneração acaba sendo de auxiliar.

ARTE NA CUCA: Que mensagem você como educadora e intérprete de LIBRAS, deseja transmitir aos nossos leitores e que contribua para que haja mais equidade e acessibilidade no mundo?
CAMILA M: Desejo que as pessoas respeitem e entendam que a LIBRAS é uma língua, que não se tratam de gestos ou mímicas e sim um idioma. É preciso respeitar sua complexidade, pois nela tudo tem um sentido e parâmetros. Falta a valorização e conhecimento, além do investimento em capacitação dos profissionais que trabalham com inclusão, e o mais importante: Que a comunidade surda existe e está no meio de nós. Só em Joinville residem mais de 30 mil surdos, pessoas que precisam ser valorizadas, de forma que consigam se comunicar, estudar, trabalhar e exercer seu direito de viver em sociedade.

Educação e transformação por meio da arte: o propósito de Ademar César e Jane dos Santos

“Eu via o Ademar como um artista de muito talento, mas essa parte artística sempre era nosso “plano b” e não o “plano a”. Quando tomamos a decisão de realmente fazer da arte o nosso sustento, fomos buscar maneiras de fazer isso se tornar realidade”.

Jane dos Santos

Quem já passou pelas ruas dos bairros da cidade e de repente se deparou com muros coloridos e repletos de imagens de passarinhos, flores, corações e crianças felizes a brincar? Vamos dar uma dica: um deles está na entrada do Iate Clube de Joinville que fica no bairro Espinheiros, e retrata as belezas da baía da Babitonga.

O responsável por essas criações é o artista Ademar César, que há mais de vinte anos, dedica seus dias a arte e a produzir trabalhos em pintura que surpreendem por sua técnica e expressão.  Ademar vive exclusivamente de arte, e com o apoio de sua esposa Jane, mantém a vida profissional de artista e o projeto social que leva seu nome, o Instituto Cultural Ademar César, situado na rua Benjamin Constant, nº 3870, bairro Glória.

Espaço destinado a atender pessoas com ou sem deficiência, é um projeto social sem fins lucrativos, que conta com a ajuda de voluntários e se de dica a fazer com que os participantes encontrem prazer, alegria e motivação para viver por meio da arte.

 A equipe do ARTE NA CUCA visitou o instituto e conversou com o casal, que em tom descontraído  falou sobre o projeto, os trabalhos em arte-educação e a vida dedicada a arte.

O PROJETO SOCIAL

ARTE NA CUCA: Boa parte do tempo de vocês é dedicado ao projeto social Instituto Cultural Ademar César, voltado a pessoa com deficiência. O que motivou-os a iniciar essa caminhada?

ADEMAR/JANE: No ano de 2007 montamos um projeto para vender aulas de pintura. Na época, o shopping Mueller e o Shopping Cidade das Flores entraram na parceria que ainda existe, mas o projeto em si durou seis anos. Nessas oficinas, que aconteciam nos dois Shoppings, começamos a conhecer o universo da pessoa com deficiência, por volta de 2008. Foi em uma dessas oficinas que o Ademar ministrava e que eu era a responsável por fazer as inscrições , que um cadeirante se aproximou e perguntou se ele também poderia participar das aulas. Respondi que sim.

Para minha surpresa, a pessoa respondeu que eu não conhecia sua vida e que era muito difícil uma pessoa com deficiência conseguir participar de diversos eventos, principalmente por falta de acessibilidade e atenção dos demais para as necessidades do outro. Depois daquele dia começamos uma amizade, que nos sensibilizou para muitos outros projetos envolvendo a inclusão da pessoa com deficiência, transtornos mentais leves e vulnerabilidade social.

ARTE NA CUCA: Como iniciou o Instituto Cultural Ademar César?

ADEMAR/JANE: O Instituto nasce em 2011, depois de já estarmos em uma caminhada trabalhando com inclusão e oficinas em que oferecíamos bolsas para que pessoas com deficiência também participassem de oficinas que ministrávamos. Nesse ano, percebemos que o projeto voltado ao público com deficiência mantinha-se em crescimento e fomos buscar informação e treinamento para fazer dessa ação – que até então contava com dez participantes – algo maior, que pudesse beneficiar ainda mais pessoas.

A primeira sede do instituto foi uma pequena sala anexo a uma escola que oferecia cursos profissionalizantes na cidade, lugar em que ministramos aulas até 2015, quando finalmente foi possível mudar para onde estamos hoje.

ARTE NA CUCA: Quais são as atividades que o Instituto oferece para os seus atendidos?

JANE: O Instituto Cultural Ademar César oferece vivências em desenho, pintura, dança inclusiva, inclusão digital e aulas de reforço escolar, sempre utilizando a arte como ferramenta de ensino.  Nosso público atualmente está voltado para alunos de escola pública, idosos, pessoas com deficiência física, mental e algumas síndromes.

ARTE NA CUCA: Quantos atendimentos a instituição realiza atualmente?

JANE: Atualmente o instituto realiza oitenta e seis atendimentos por semana e conta com cerca de dez voluntários, entre professores, psicólogos e nutricionista e seu objetivo principal é trabalhar com o melhoramento das capacidades da pessoa, sua autoestima, independência, interação com o outro, expressividade e etc.

ARTE NA CUCA: Ademar, o livro “Dois olhares sobre Joinville” da autora Fernanda Ortiz Machado, trás algo que nos deixou curiosos, uma exposição de pinturas suas na ARCD, pensada para pessoas com deficiência visual. Como foi essa exposição?

ADEMAR: Não fiz exatamente uma exposição para pessoas com deficiência visual, apenas permiti que as mesmas tocassem nas telas durante a exposição. A curiosidade foi a seguinte: será que a pessoa com deficiência visual, se tocar na tela conseguiria compreender alguma coisa? As fichas técnicas das obras foram feitas em Braille e as pinturas eram carregas de tinta a óleo, então a percepção do tato ficou muito aguçada e foi possível compreender os detalhes de cada imagem.

Além disso, havia um texto suporte para que a pessoa conseguisse criar imagens mentais do ambiente da exposição e também das obras. O grande problema é que a maioria dos espaços não toma essa atitude, não deixa as pessoas tocarem, sentir a arte, sendo que aquele é o único jeito que ela tem para poder enxergar.

OS MURAIS DE ADEMAR CÉSAR

ARTE NA CUCA: O trabalho da pintura mural na cidade parte de uma percepção de vocês, qual foi?

ADEMAR/JANE: Percebemos que na cidade haviam muitos muros pichados e que poderíamos de alguma forma contribuir para que essa realidade mudasse. Então começamos a vender as pinturas murais, sempre atreladas a projetos educacionais de conscientização e arte-educação. Observamos que, criou-se certo respeito e que os muros que receberam os projetos não retornaram a ser pichados.

O objetivo não é apenas pintar o mural, finalizar e ir embora. É fazer um trabalho de arte-educação que inicia com a palestra nas escolas.  Os alunos e toda equipe pedagógica conhecem o artista que vai realizar aquele projeto, falamos sobre arte, sobre pintura e sobre a obra que será realizada para aquela instituição.

ARTE NA CUCA: Existe uma grande diferença entre as suas pinturas em tela e as pinturas murais, a que se deve essa mudança?

ADEMAR: Os desenhos e pinturas que faço e que estão nos quadros, foram desenvolvidos exclusivamente para o suporte das telas, são óleos sobre tela, sendo assim outra técnica. Quando eu trabalho com os murais, preciso desenvolver de um jeito que eu possa obter ajuda de outras pessoas que não sejam necessariamente artistas, durante o processo do preenchimento das cores. Comecei a fazer isso nas escolas, quando a proposta era fazer com que os alunos tivessem essa experiência de pintar junto com o artista. Nos murais, trabalhamos a arte pop.

ARTE NA CUCA: Vocês consideram que esses trabalhos, são um meio de deixar o registro do que é a arte do Ademar César, para as futuras gerações?

ADEMAR/JANE: Sim, com certeza. Pois é a pintura dele, o traço e o gesto dele que estão espalhados por diversos pontos da cidade. Estão dentro de escolas, espaços de lazer, de convencia e etc.

ARTE NA CUCA: E quanto à questão financeira, é possível viver trabalhando somente com arte? ( A pergunta não foi feita diretamente ao casal, mas está sendo feita à você leitor. Leia o que diz a fala de Jane, esposa de Ademar César).

Quando levamos a proposta dos murais, as pessoas nos param e perguntam se quem está pagando é a prefeitura. Isso chega a causar certa indignação. Em algumas situações em que estamos executando a pintura nos muros, perguntam: Vocês estão pintando aí “de graça”? E eu respondo: Sim, a gente adora ficar aqui nesse sol torrando e trabalhando de graça! A questão é, porque a arte sempre tem que ser gratuita?” Jane dos santos.

Quem quiser colaborar ou conhecer o Instituto Cultural Ademar César, pode entrar em contato através do telefone (47) 3435-8195 ou pelo e-mail: institutoademarcesar@hotmail.com

Universo, desenho e forma na arte de Cristina Walter

Cristina Walter é daquelas pessoas que está sempre criando algo, tem necessidade de trabalhar com as mãos e ao mesmo tempo expressar o que sente, seja para expor ou para guardar em algum lugar da sua casa/ ateliê, que divide com seus três gatos. Apaixonada por desenho, inicia seus primeiros traços ainda criança inspirada no irmão mais velho, que também desenhava. Com o tempo, o irmão perdeu a atração pelo desenho, à irmã, descobriu a arte.

Além do desenho, outros trabalhos da artista que chamam muita atenção são a infinidade de  origamis, dobraduras e colagens que ela desenvolve. Inspirados na cultura oriental ou em propostas e conceitos nos quais a dobradura em papel é suporte para expandir a outros universos como o da pintura, aos poucos, o que antes era apenas tinta impressa em papel, transformou-se quase que em telas resguardadas por molduras.

O ano de 2018 tem sido muito proveitoso para Cristina, que após associar-se a AAPLAJ (Associação dos Artistas Plásticos de Joinville), vem se desafiando cada vez mais e já estuda  aventurar-se por outras linguagens. Neste ano, foram três exposições muito importantes: “A Margem-Um olhar sobre o rio”, “Exposição Urban Sketchers Brasil – durante o III Encontro Urban Sketchers Brasil – Salvador/BA”, “Coletiva de Aquarelas do Grupo Observa Joinville”.

Para que sua arte e sua técnica esteja acessível a cada vez mais e mais pessoas, a artista realiza oficinas de origami e divulga seus trabalhos através da página do facebook e da marca, Universo Quadrado. Agora você também encontra as produções da Cris na loja virtual do arte na cuca. Confira a seguir a entrevista exclusiva que ela concedeu ao site, e conheça mais sobre uma de nossas parcerias, e um pouco do que ela faz e pensa sobre arte.

ARTE NA CUCA: Apesar de já produzir arte faz algum tempo, você é uma artista que está começando a se apresentar e a expor cada vez mais na cidade. Conte para nossos leitores e leitoras quem é Cristina Walter?

CRIS W: Meu nome é Cristina Walter da Silva, mas assino meus trabalhos apenas como Cristina Walter. Nasci na cidade de Joinville em 01/12/1970 e comecei a trabalhar aos quinze anos, mas infelizmente apenas meu primeiro emprego tinha relação com desenho, pois trabalhei numa agência de publicidade. Aos 23 anos me aventurei a morar em Curitiba/PR e depois de dois anos morando lá e estudando, a ajuda financeira do meu pai acabou. Fui obrigada a largar os estudos e trabalhar. Só depois de voltar a Joinville em 2012, que meus planos de ser artista voltaram a florescer. De lá para cá, espero continuar trilhando esse caminho, estudar e praticar cada vez mais para minha evolução profissional, fazer novas exposições e ser reconhecida como artista.

ARTE NA CUCA: Quando você começou a desenhar?

CRIS W: Comecei a desenhar ainda criança. Quando era pequena gostava muito dos desenhos do meu irmão mais velho e queria desenhar como ele. Infelizmente ele parou, mas eu continuei com o incentivo da minha mãe que também pintava e desenhava.

ARTE NA CUCA: Após saber que sentia esse desejo de levar o desenho adiante, quais alternativas você procurou para aperfeiçoar seu traço? Estudou em alguma escola de arte?

CRIS W: Aos onze anos fui estudar na escolinha de artes da casa da cultura Fausto Rocha Júnior, depois cursei desenho juvenil, desenho publicitário e desenho adulto. Permaneci por cinco anos. Lá eu tive aulas com Luiz Si, Nadja de Carvalho Lamas e outros professores maravilhosos. Quando mudei de Joinville/SC para Curitiba/PR, frequentei curso de pintura por dois anos na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Atualmente me dedico às aulas de pintura em aquarela com a artista Silvana Pohl.

ARTE NA CUCA: Como iniciou tua trajetória artística? Tens participado cada vez mais de reuniões e encontros de artistas, assim como de exposições. Conte-nos sobre como tudo começou.

CRIS W: Iniciei ministrando cursos e workshops de origami. O primeiro foi na empresa TOTVS em 2015. Eu trabalhava lá na época e como eles tinham um projeto interno de incentivo aos funcionários para mostrar seus talentos, me inscrevi propondo o workshop de origami. Para minha surpresa, no ano seguinte me convidaram para repetir o workshop.

Com o sucesso dessa primeira experiência, criei coragem e me inscrevi para participar do “Inconsciente Coletivo” (2015), e participei de duas edições (2015) e (2016). Ainda em 2016 realizei minha primeira exposição que aconteceu na Casa 97.

No ano de 2017 foram mais duas oficinas realizadas durante os eventos “Curta Otto” e “II Festival de Aikido e da Cultura Japonesa”. Neste ano, 2018 , me associei a AAPLAJ e decidi me desafiar e produzir e expor cada vez mais como artista. Está sendo um ano muito produtivo, participei de três coletivas de artistas que foram: “A Margem-Um olhar sobre o rio”, “Exposição Urban Sketchers Brasil – durante o III Encontro Urban Sketchers Brasil – Salvador/BA”, “Coletiva de Aquarelas do Grupo Observa Joinville”.

ARTE NA CUCA: Como surgiu a ideia de se dedicar a aprender a arte do origami e das dobraduras?

CRIS W: O origami entrou na minha vida quando eu ainda morava em Curitiba. Um dia, passeando pela feirinha do Largo da Ordem, encontrei uma expositora que dobrou e fez um Tsuru (Garça) minúsculo na minha frente e depois me deu de presente. Fiquei fascinada com aquilo! Um pedaço de papel quadrado virar um pássaro. Parecia mágica!

Ali mesmo na feira, falei para mim mesma que iria aprender a fazer aquilo de qualquer jeito. Então comecei a praticar por meio de livros e diagrama que encontrava na internet, também Fiz curso no Solar do Barão, em Curitiba, que gerou uma exposição coletiva no mesmo local. Assim eu fui aprendendo e desenvolvendo a técnica e depois a arte.

ARTE NA CUCA: O que foi e o que representa para você aprender essa técnica e essa arte milenar de origem oriental?

CRIS W: O origami é uma arte milenar que não tem sua origem muito definida. São muitas as teorias, mas foi no Japão que ela se desenvolveu tornando-se uma prática muito popular tanto para crianças como para adultos. O origami parte da sua forma mais tradicional, de um papel quadrado sem o uso de cortes ou cola (no caso do origami modular) segundo os praticantes puristas da técnica. “Já o origami pra mim, é uma grande paixão que pratico há mais de vinte anos e que está ajudando muito a tornar meu sonho de ser artista uma realidade”.

ARTE NA CUCA: As colagens e origamis que você produz e expõe em molduras são criações suas? De onde surgiu a ideia para essa produção?

CRIS W: Na época que comecei a fazer esse trabalho, queria fugir do que os praticantes da técnica costumam fazer, que são as peças tradicionais ou móbiles. Quando eu ainda morava em Curitiba, cheguei a fazer o que acredito ser a semente do que faço atualmente. Desenvolvi essas criações em molduras baseada na prática e por buscar maneiras de manter a vida útil do papel, já que se trata de um material frágil. Aos poucos fui aperfeiçoando o origami tradicional, pois na época não conhecia nenhum artista que usava o origami na produção dos seus trabalhos artísticos. Hoje já conheço alguns artistas, mas nada muito semelhante ao que faço.


Nono Bonote: o marceneiro das memórias

Seu Silvino Bonote, nascido em Lauro Muller/SC, aos 35 anos deixa sua cidade natal com a esposa dona Ignês e seus quatro filhos, em busca de oportunidades e de uma vida melhor escolhe  Joinville para morar. Na casa com jardim florido e quintal repleto de plantas e hortaliças, algo a mais chama atenção: A pequena oficina de marcenaria, lugar quase sagrado para esse senhor de 79 anos que há mais de 30 se dedica a arte de construir objetos em madeira.

Desde criança, conhece de perto o trabalho e aos 07 anos de idade já ajudava seus pais na roça. No caminho para a labuta, via os grandes carros de bois e carroças pelas estradas de barro a carregar diversos materiais como: madeira, cana e fumo. Conta que o tamanho dos carros com transporte de tração animal, sempre lhe chamava muita atenção, impressionavam pelo tamanho e pela quantidade de peso que os animais conseguiam carregar, além disso, ele mesmo na juventude teve carroça e trabalhou na lida com os carroções de boi. Mas a vida não era só trabalho, também havia tempo para as brincadeiras junto com os primos e irmãos, e era nessas horas que a criatividade e a inventividade afloravam. Vindo de família com poucos recursos financeiros, os brinquedos eram raros e os presentes que ele e os parentes ganhavam na época eram roupas, somente em datas especiais, como o natal.

Para se divertir era preciso inventar brinquedos, foi daí que passou a construir os seus próprios, começando por peças mais rudimentares como os famosos carrinhos de rolimã, espadas, estilingues e até uma bicicleta que também era de madeira. Relembra que no natal, quando criança, havia ganhado de presente dos pais, um violão de brinquedo, mas o mesmo era de papelão e depois de algumas brincadeiras, o objeto praticamente se desmontou.

Silvino: “Resolvi ir até a oficina do vizinho e fazer um violãozinho de madeira para mim, desses que quando você toca sai som, pois o meu, que era de papelão, não saia som nenhum. Fui olhando como era o violão de verdade, aprendendo a fazer o braço, no outro dia voltava na oficina e fazia a parte de trás…e assim foi indo, até ficar pronto. Quando terminei, eu tinha um violão de madeira que saia som de verdade e não se desmanchava feito o primeiro”.

As memórias guardadas desde os tempos da infância se transformam em lindas peças produzidas em sua marcenaria. O reaproveitamento de materiais como pedaços de tábuas, madeiras de demolição, móvel velho ou até troncos de árvores que foram podadas e que iriam para o lixo, nas mãos do artesão, viram rodinhas, copinhos, pilões, vasos ou carrinhos. Além disso, o “Nono” (como é chamado pelos familiares), também fez muitos brinquedos para os seis netos, desde balanças, carrinho de mão, cavalinhos de balanço e casinhas de boneca. Mas conta que hoje em dia os brinquedos e objetos produzidos em madeira não têm mais o mesmo valor que antigamente. “Não tem como concorrer com o plástico e as lojas de artigos de R$1,99, ninguém valoriza o trabalho e o tempo investido nas produções das peças.”

Autodidata, aprendeu o ofício de marceneiro por meio da observação e da prática. Suas peças em estilo rústico são repletas de significados e memórias, de alguém que passou boa parte da vida trabalhando no campo e da terra tirou seu sustento para viver. É por isso que nas peças de Silvino Bonote, torna-se possível identificar com certa frequência o carro de boi, a carroça, o pilão, a tina de vinho, o barril de cachaça, o caminhão carreta entre outros.

Reconhecer e preservar a memória através dos objetos é um meio de mantê-la viva para as futuras gerações e assim apresentar um pouco do que foi o passado, da história e de como ele pode contribuir para compreendermos o presente. Mas, mais importante do que a produção manual feita por Bonote, a riqueza está em ouvir suas histórias, o fazer se completa na fala e das trocas que surgem a partir de uma boa conversa.

Exposição discute racismo e preconceito nas escolas, “O Visível do Invisível” de Sérgio Adriano H.

O artista visual Sérgio Adriano H, está percorrendo  cinco escolas da cidade de Joinville de 08 a 31 de outubro com sua exposição/ação  “O Visível do Invisível”. O projeto conta com apoio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura – SIMDEC 2016, e a mostra que reúne 12 trabalhos, duas séries de seis intitulados “Preto de Alma Branca” e “Branco de Alma Preta”, que propõe estimular reflexões sobre arte e racismo dentro das escolas e nas comunidades que estão inseridas.

O artista falou ao ARTE NA CUCA sobre o início do projeto e seus desdobramentos, que segundo ele, iniciaram a partir da seguinte fala:

“O Visível do Invisível, iniciou em 2013 a partir da fala que uma pessoa fez para mim: “Você é preto de alma branca”. Nunca pensei na vida, principalmente no tempo em que vivemos, que eu ia ouvir algo assim, pois “preto de alma branca” dentro da minha interpretação, se trata de um preto que se tornou bom e “branco de alma preta” é uma pessoa que se tornou ruim. É um ditado popular.” 

Fiz as fotografias onde pinto meu rosto de preto com lágrimas brancas e depois de branco com lágrimas pretas e realizei a exposição dessas fotos na Coletiva de Artistas aqui em Joinville (2013). Na montagem dos meus trabalhos para coletiva, precisei da ajuda do meu irmão, que nunca se permitiu ir ao museu.  Nessa “obrigação” em me ajudar, ele percebeu que o museu poderia ser a casa dele e tempos depois, começou a estudar desenho na casa da cultura. Se me perguntarem porque meu irmão só se permitiu conhecer a arte em 2013, mesmo convivendo com alguém que trabalha com arte desde 2002, vou responder: “É que não fomos educados para as artes. Só fomos educados para trabalhar, construir família, ter um teto e se manter na vida.” Para discutir esses dois fatos, o racismo e a falta de acessibilidade e oportunidade, pois existem milhões de pessoas iguais a ele que nunca se permitiram ir ao museu ou a uma exposição de arte é que construí e estou executando esse projeto.

Ficou curioso e que saber mais sobre esse projeto incrível que leva arte e o artista de encontro ao público, diálogo, acessibilidade e ainda discute questões tão importantes como racismo, preconceito e Bullying no ambiente escolar? O ARTE NA CUCA conversou com Sérgio e trás com exclusividade mais detalhes sobre o impacto social e o poder transformador da arte na vida das pessoas.

Fotos: acervo do artista

ARTE NA CUCA: De que maneira o projeto foi desenvolvido, afim de que os trabalhos e o diálogo que você leva para as escolas estimulem reflexões sobre arte e racismo?

Sérgio A.H: “A ação acontece em três dias. No primeiro dia a ação é pensada para a comunidade. Visto meu terno e fico no muro da frente da escola com a exposição montada. Nesse momento começa a surgir um questionamento por parte das pessoas da comunidade ao se perguntarem o que são essas fotos e quem é essa pessoa de terno num dia de sol ou de chuva na frente da escola e por qual motivo  está vestido dessa maneira”.

No segundo dia, a ação acontece no interior da instituição, já com os alunos. Passo o dia todo com eles discutindo sobre as questões que dizem respeito ao racismo, preconceito, Bullying, e nesse momento eles descobrem que se trata de uma exposição de arte, uma exposição/ação/intervenção, e que o objetivo é fazer com que eles se questionem e reflitam a respeito dessa experiência”.

“O terceiro dia é destinado à oficina de fotografia para alunos multiplicadores. Queremos que eles possam transformar a informação e o aprendizado que tiveram durante os três dias e disseminá-lo entre familiares, amigos, vizinhos e toda a comunidade”.

 

Fotos: acervo do artista

ARTE NA CUCA: Segundo o texto curatorial, escrito por Franzoi Carlos, nesse projeto, a série de fotografias que compõe a mostra “O Visível do Invisível” é apresentada dentro e fora da escola. Como tem sido a reação dos alunos, professores e principalmente da comunidade ao se deparar com teus trabalhos?

Sérgio A.H: “Quando os alunos saem da escola e vão para casa, contam para os pais o que vivenciaram e acabam por responder os questionamentos dos próprios familiares no dia anterior, que se tratava de: “O que eram aquelas fotografias na frente da escola?” A partir daí inicia-se o diálogo em casa, onde o aluno é quem retira os pais e familiares da passividade e os coloca em questionamento ainda maior, como em uma engrenagem que entra em ação”.

 

ARTE NA CUCA: Foram selecionadas cinco escolas municipais de Joinville para receber a exposição e todo o trabalho educativo que se dá antes e depois da mostra. Houve algum critério na escolha dessas instituições?

Sérgio A. H: “Sim. Nos meus projetos, tento me inserir em comunidades em que de alguma forma fico sabendo já ter acontecido casos de racismo e preconceito dentro das escolas.  Às vezes a escolha se dá por aquela comunidade não receber ações e projetos voltados à arte e também pelo apoio e parceria da coordenação dessas instituições. Também houve um mapeamento onde eu quis me inserir em vários pontos, para que o trabalho em si, mas de maneira geral a arte, se descentralizasse. Durante a minha pesquisa de mapeamento para determinar quais escolas receberiam o projeto, contei com a participação e mediação da Priscila dos Anjos, que também é artista e arte-educadora e vivencia essa realidade por estar diariamente presente no ambiente escolar”.

 

ARTE NA CUCA: A partir do que você já pode observar dentro das escolas e das comunidades, como tens percebido o tema RACISMO e o tema preconceito em geral, sendo trabalhado pelas unidades? E como os alunos tem recebido esse novo jeito de abordar o tema – através da arte.

Sérgio A. H: “Recebo vários alunos que depois que conversam comigo, relatam casos de racismo na escola. Mas o mais interessante é perceber o quanto eles se fortalecem com essa exposição e todo o projeto, como se fortalecem através da minha fala e da conversa que tenho com eles, porque descobrem que não estão sozinhos. Ao mesmo tempo, percebem que existe alguém fazendo algo para que eles possam ser vistos,  para que o outro também entenda o que eles passam.  A fala do aluno é de agradecimento, porque acabo fazendo com que os colegas da escola entendam e visualizem o que é ser vítima de racismo.  Porque as pessoas abordam o racismo de forma errada e falam: “Você não pode fazer racismo!”. Mas ninguém fala sobre o racismo.  Quando somos retirados da condição do escutar para ouvir o que o outro está falando, ai dói. Existe muito caso de racismo em Joinville. As pessoas dizem: “Eu não sou racista”. Mas o que você faz para combater o racismo? O que você faz para combater o assédio? O que você faz por alguém que está sendo vítima de Bullying? Você faz algo ou porque não é racista, não comete assédio e nem pratica o Bullying, você se exclui? É preciso que você saia desse lugar em que te colocaram e  se coloque no lugar do outro para entender que o racismo e o preconceito existem.

Fotos: acervo do artista

ARTE NA CUCA: Algo bastante comum dentro da escola – principalmente nas aulas de arte – quando o assunto é RACISMO – e esse comumente está associado à cor da pele – é também a associação da cor salmão com o da pele humana.  Do ponto de vista artístico e pessoal, como enxerga essa questão e em que medida ela vai de encontro ao teu trabalho?

Para responder essa pergunta, preciso explicar sobre “verdade apresentada”, que é minha pesquisa como artista. Mas o que é uma verdade apresentada? É quando sua mãe fala: “Não deixe o chinelo se não  você vai morrer”, isso é uma verdade apresentada e quando vamos crescendo, descobrimos que era somente para deixar o chinelo organizado.

Mas existem outras verdades tão bem apresentadas que é difícil de duvidar. Alguém foi tão bem apresentado a um tom de pele que ela é superior a uma pessoa pelo tom de pele. Eu digo que essa pessoa foi tão bem adestrada e convencida que não consegue mais duvidar sobre isso e não duvidando, continua repetindo o racismo.

Faixa-etária: A ação do projeto foi pensada para várias turmas, não tem faixa-etária, mas é ajustado para cada idade e turma de alunos que participa. A conversa com as crianças pequenas acontece de um jeito mais lúdico e em tom de brincadeira, já com o ensino fundamental anos finais tenho uma outra abordagem, que vai ficando um pouco mais séria e com o público adolescente faço um terceiro caminho.

Gosto de pontuar que a conversa começa pelo racismo, perpassa o preconceito mas o importante é discutir a construção do ser, que tipo de ser humano nós estamos construindo. Mas muito, mas atrás, quando você vê uma criança de cinco anos falando para o seu coleguinha: Seu preto..seu amarelo..seu vermelho.  Ele fala isso, mas quem tá por trás? É os pais? É os amiguinhos? Ele viu isso na televisão? Muito mais que isso, ou indiferente se é os pais ou amiguinhos, nós temos uma sociedade que é super preconceituosa e essa fala está embutida.  Indiferente de qual seja a faixa-etária a estrutura é pensada para atender o público escolar. Para isso também pensamos e produzimos o material educativo para professores, materias de apoio para trabalhar com aluno antes e depois da passagem da exposição.

Livro “sobre os jardins” propõe resgate da sensibilidade e do sentido da humanidade em nós

Elisabeth A.C.M. Fontes, nasceu em Leopoldina, MG, é Bacharel em Piano e tem Licenciada em Música pelo Conservatório Brasileiro de Música Lorenzo Fernandez (RJ). Pós-graduada em Arte Educação (CEPEMG) e em Arte Terapia (INPG).  Atualmente, Beth também é acadêmica Honorária da ALASFS – Academia de Letras de São Francisco do Sul SC, e membro da Associação das letras e Confraria do Escritor de Joinville. É autora de diversas  obras como “Guia Prático de Bogotá”, “História de uma Aquarela “ e também “Sobre os Jardins”. Em parceria com outros autores, participou de antologias como “Saga Nossa”, “Outras Histórias” e “Letras Associadas”.

Ao Arte na Cuca, Beth falou sobre sua produção artística, seu processo de escrita, e claro, sobre sua obra mais recente o livro, “Sobre os Jardins”, ilustrado por Maria Lúcia Rodrigues.

 

Arte na Cuca – Você é natural de Leopoldina, Minas Gerais. Há quanto tempo reside em Joinville e o que te levou a mudar de cidade?  Qual foi sua primeira impressão ao chegar?

Vim para Joinville em fevereiro de 1999, por motivo de trabalho do meu marido. Quando aqui cheguei ,fiquei impressionada com a beleza da cidade, a arquitetura alemã ainda presente em algumas casas de estilo Enxaimel. Fiquei encantada com as áreas verdes e com os jardins constantemente floridos e bem cuidados, com a preservação dos museus e dos lugares turísticos. Joinville também me cativou pela gastronomia alemã, as pessoas acolhedoras, o clima friozinho e a proximidade com as praias do litoral catarinense. Desde que cheguei, senti que seria uma boa experiência morar aqui.  E eu estava certa. Hoje, 19 anos depois, me sinto tão pertencente a este lugar que me considero Joinvilense de coração.

 

Arte na Cuca – Além de escritora e arte-educadora, você também é musicista, como foi o encontro com as artes?

Meu encontro com as artes começou quando eu era bem pequena. Aos 5 anos de idade, ganhei um pianinho de brinquedo, estes que tem apenas 10 teclas. Comecei a explorar os sons e sozinha, aprendi as primeiras melodias. Minha mãe, vendo que eu tinha habilidade musical, me matriculou num conservatório para estudar piano, aos 10 anos de idade. Ali encontrei outros instrumentos como o violão, a flauta doce e o canto coral, decidindo estudar todos eles. Neste universo me descobri também compositora. Fiz inúmeras canções para crianças no meu trabalho como professora. Minha paixão pela música prosseguiu e fiz curso superior em piano. Depois, os cursos de pós – graduação em Arte Educação e em Arte Terapia.

Fui musicista e educadora musical por muitos anos e a prática da música sempre esteve ligada à poesia em meu trabalho. Das composições para crianças passei a escrever poesias para adultos, prosas poéticas e contos. Uma arte vai trazendo outra. E assim, foi chegando à minha vida o gosto pelas artes plásticas, a fotografia e também a arte cerâmica. Explorei um pouco de tudo. Hoje em dia, como escritora e musicista, trabalho integrando as artes por meio de palestras, apresentações musicais, contação de histórias e saraus.

Arte na Cuca – Você escreveu “Sobre os Jardins” e “História de uma Aquarela”, os dois últimos ilustrados por Maria Lúcia Rodrigues. Na literatura, não devemos denominar “escritor e sim autor”, pois ambos, escritor e ilustrador são autores do livro. Fale um pouco sobre a criação dos livros e também sobre o processo de trabalho de vocês.

“História de uma Aquarela” é um livro infanto-juvenil bilíngue, escrito em português e espanhol, publicado em 2013 na Colômbia e lançado na XXVI FILBO – Feira Internacional do Livro de Bogotá.   Durante o tempo em que trabalhei como voluntaria em projetos sociais da ONG brasileira Fundação Aquarela Bogotá, surgiu a vontade de escrever um livro para crianças sobre o viver em outro país abraçando o voluntariado e trabalhos humanitários. Foi o primeiro livro que escrevi com a parceria da Malu Rodrigues. O livro foi escrito à distância: os textos em Bogotá e as ilustrações em Joinville, uma parceria “on line” que a internet nos ajudou a resolver muito bem, aproximando Colômbia e Brasil, neste trabalho humanitário cujo resultado foi maravilhoso!  De caráter beneficente, o livro teve sua renda totalmente destinada às instituições assistidas pela Fundação “Aquarela de Bogotá”, que atende crianças em risco social e portadoras de câncer.  A edição e publicação do livro, feita com recursos próprios, bem como os nossos direitos autorais, foram todos doados para esta causa.

“Sobre os Jardins” foi nosso segundo livro, publicado no Brasil em 2014, com o apoio do SIMDEC e Fundação Cultural de Joinville. Em 2015, foi indicado entre os 10 livros de literatura infantil juvenil com leitura recomendada pela representante do PROLER de Santa Catarina, Dra Taiza Hauen de Moraes, durante a Feira do Livro de Joinville.

Em ambos os livros nós trabalhamos em sintonia, cada uma acrescentando à linguagem da outra, porém, respeitando a criação autoral. Malu Rodrigues, especialista em narrativa visual, desenvolve um trabalho específico de ilustração onde as imagens são cuidadosamente elaboradas de forma a estabelecer um diálogo com o texto e não somente “repetir” o que já está escrito. Isso traz uma riqueza enorme à narrativa textual. Neste processo, vamos construindo juntas todo o projeto literário onde o texto e as imagens se interagem e se complementam. É uma parceria que tem feito a gente crescer muito como autoras de literatura infantil juvenil.

Arte na Cuca – O que você poderia dizer aos nossos leitores a respeito do livro “Sobre os Jardins”?

 “Sobre os Jardins” é uma prosa poética sobre a vida e os valores humanos, baseado nos elementos dos jardins. O livro é um convite ao resgate da sensibilidade e do sentido da humanidade em nós. Propõe o silêncio e o olhar cuidadoso sobre a natureza e a busca das sabedorias guardadas no tempo das sementes, nos verdes das folhas, no crescer das árvores, no esperar das flores, nas pedras do caminho. No mundo de hoje, tão massificado pelo “imediatismo”, valores como paciência e perseverança, compaixão e resiliência são algumas das sabedorias tecidas em metáforas nas lições dos jardins e que podem ser redescobertas nesta prática de observar profundamente. Mais que com olhos curiosos, com o olhar sensível.

 

Arte na Cuca – Como tem acontecido a divulgação do livro e quais os próximos jardins onde o livro irá florescer?

Depois de ter participado de importantes eventos como o “I Jardim Criativo do MAJ”, o “VI Encontro Catarinense de Escritores”, o “VI Encontro Internacional de Contadores de Histórias FATUM”, o “III Festival da Primavera”, nosso próximo evento será participar do “XXIV Encontro do PROLER “,na UNIVILLE Universidade, dia 12 de novembro. E em seguida, do dia 13 a 18, participaremos do “II Observa”, evento realizado pelos grupos de observadores de pássaros de Joinville e região que acontecerá dentro da programação da 80ª Festa das Flores de Joinville.

Arte na Cuca –  Sobre sua relação com a música, foi em Joinville aconteceu o lançamento do seu primeiro CD “Sonoridades Doces para Sensibilidades Tranquilas”(2005), junto do “Compassolivre Conjunto de Flautas Doces de Joinville”.  Quais seus próximos projetos na música?

Participar do “Conjunto de Flautas Doces Compassolivre”, foi um grande presente para mim. Em 2003 fui convidada a fazer parte da nova formação do grupo e em 2005 gravamos o CD “Sonoridades Doces para Sensibilidades Tranquilas”. Por conta desse belo projeto, participei de várias turnês de lançamento e divulgação do espetáculo. Esta oportunidade apresentou-me oficialmente como musicista para a cidade e solidificou minha carreira aqui em Joinville, abrindo novos caminhos na arte. Foi um tempo de grande aprendizado e a feliz oportunidade de conviver com músicos e profissionais das áreas de educação e cultura.

Sobre os próximos projetos, já estou gestando um novo livro de poemas infantis o qual terá a participação da Malu Rodrigues, criando toda a imagética e a poesia da ilustração. Este novo trabalho endereçado às crianças, está carregado de delicadezas e arte, e tem planos para ser lançado no ano que vem.

Paralelamente, sigo no meu projeto pessoal “Canções de contar Histórias”, que é um trabalho autoral de composição de canções para livros infantis. Uma espécie de “música tema” especialmente composta para o livro. A inspiração surgiu em 2015, motivada pela leitura de livros de escritores joinvilenses.  As primeiras canções foram escritas para os livros “Fritz, um sapo nas terras do príncipe”, “O vento que me voa” e “Uma árvore que dá o que falar”, do escritor Jura Arruda. Depois, vieram as canções para “Dor de Passarinhos” e “Devagar e sem pressa vamos à biblioteca” ( Rita de Cássia Alves), “A dança que encanta criança” ( Bernadete Costa), ”Coração Guarany” (Marlete Cardoso) e “Tob, o cachorro campeão” (Beatriz Peres). Em 2017 comecei a compor para livros infantis de escritores do Estado do Paraná, como para o livro “Monet, e o dia em que tudo mudou” (Katya Hirata) e “A última folha” (Adriana Barretta).  Este projeto que envolve música e historias tem o desejo de virar um livro de poesias, canções e partituras futuramente. Gosto muito de interligar as artes, a música conversando com a poesia, os livros, as ilustrações e a contação de histórias. Creio que este diálogo entre várias linguagens expressivas que a arte propõe é muito enriquecedor para as crianças em seus processos de aprendizagem cognitiva, sensorial e emocional.

 

Arte na Cuca – O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?

Escrever com tempo e com paciência é um grande prazer. A gente vai deixando as ideias nascerem sem pressa, vai modelando as palavras, vai bordando a escrita. A inspiração traz o texto, mas é o debruçar-se sobre ele que o torna poesia. A minha maior alegria está em receber o retorno do leitor, saber se o meu texto tocou ou acrescentou um pouco de emoção e significados à história de quem leu. Se o meu livro emocionar, suscitar alguma boa lembrança, provocar alguma mudança, trouxer algum estado de encantamento, ele terá cumprido seu propósito de dialogar com o sentimento do outro. E isso é o que nutre a minha vontade de continuar escrevendo.

 

Os livros da autora podem ser encontrados para venda na livraria: “O Sebo”, Rua Dr. João Colin, 572 – Centro, Joinville – SC. Tel. (47) 3433-7081. Meu contato: beth.fontes@gmail.com

Oh, Céus! – exposição de Silvana Pohl no Garten

Nesta quinta-feira, 18 de outubro às 20 horas, no  Garten Shopping  recebe a mostra intitulada “Oh, Céus!”, da artista visual, Silvana Pohl que apresenta ao público seu trabalho através de 19 aquarelas em que o tema de sua pesquisa está sempre direcionado para a cor, beleza e enigma dos céus.  A exposição conta com a curadoria de Marc Engler e ficará aberta até o dia 06 de novembro.

Oh, Céus é a 12ª mostra individual de Silvana, a 1ª foi em julho de 2010 quando expôs na Secretaria Municipal de Educação, a artista apresentou seus trabalhos também na Biblioteca Pública, no Centro Cultural Brasil Estados Unidos e na Casa da Memória, além de diversas coletivas. Em maio a artista participou da Exposição Internacional FabrianoInAcquarello, em Fabriano, Itália. Silvana Pohl faz parte da Associação dos Artistas Plásticos de Joinville AAPLAJ desde 2017.

Estudou aquarela com Asta dos Reis de 2005 a 2008, curso de Desenho e Pintura na Casa da Cultura 2012 a 2014. Continua seus estudos como autodidata.  Busca referências e admira os trabalhos de grandes mestre da aquarela, no Brasil,  Marcos Beccari, Renato Palmuti, Antonio Giacomin, Ari de Góes Jr.  Nos EUA, Ali Cavanagh, Marney Ward, Jeannie Vodden, Heidi Parrinello, Thomas Schaller. Na Europa e Oriente, Mitko Yankov, Igor Sava, Igor Mosiychuk, Adisorn Pornsirikarn, Carol Carter, Anna Hammer, Nesta Musial-Tomasewska, Berhard Vogel, Elke Memmler, Shirley Trevena,  Viktoria Prischedko, You Mee Park, Milind Mulick, Endre Penovac e John Lovett, Ilustrou capas de dois livros da poetisa joinvilense Rita de Cássia Alves – “Ensaio de Pétalas” e “Pele Submersa” e ilustra o novo livro de Lair Bernardoni. Silvana compartilha seus conhecimentos da técnica da aquarela com seus alunos em seu atelier particular.

Sem dúvidas, é uma artista de muitos talentos que já é figura carimbada no nosso site, e por isso mesmo, decidimos fazer um “bate e volta” de perguntas e respostas com a DIVA da aquarela joinvilense, confere aí!

ARTE NA CUCA – COMO VOCÊ DECIDIU SER UMA ARTISTA AQUARELISTA?

SILVANA POHL – Desde a infância, sempre gostei de desenhar e pintar. Mas só me dei conta da aquarela como forma de expressão em fins dos anos 90, em especial por sua funcionalidade. Ainda não tinha consciência da técnica com sua valorização pela transparência. No início de 2000 fiz alguns anos de aulas com Asta dos Reis com quem comecei a aprender os princípios. Mas foram os anos de prática, meus estudos como autodidata, os cursos com mestres dessa arte e meu papel como instrutora que me tornaram mais conscientes dessa técnica difícil, mas fascinante por sua imprevisibilidade. O papel, a água e o pigmento são meus parceiros de trabalho e, muitas vezes, comandam os resultados.

ARTE NA CUCA – O QUE TE INSPIRA PARA PRODUZIR UM NOVO TRABALHO ARTÍSTICO? 

SILVANA POHL – São muitas ou poucas coisas.  Depende da perspectiva da qual se observa. Pode ser uma teia de aranha, uma folha descolorida caída no quintal, um “esqueleto” de folha que se decompõe, um inseto, a harmonia de cores de uma flor, a incidência da luz sobre uma paisagem ou um objeto. Os céus de Joinville! Essa é a magia de viver… a magia do olhar. Tem que ter olhos pra ver!

 

QUANDO: Abertura 18 de outubro às 20 horas. Visitação até 06 de novembro, de domingo a domingo, das 10 às 22 horas
QUANTO: entrada gratuita
ONDE: Garten Shopping – av. Rolf Wiest, 333, no Bom Retiro, em Joinville

Arte de Sérgio Adriano H que faz refletir se espalha pelo Brasil

Saído de Joinville, ele tornou-se o artista visual catarinense de maior evidência no País na atualidade

Sérgio Adriano H é um artista que usa o corpo para se expressar. E, ainda que absolutamente imóvel, cada músculo seu representa o desejo de atrair o olhar para o imperceptível. Sérgio também é um manipulador de palavras, que, mesmo represadas na garganta ou escondidas em afrescos, gritam de indignação perante uma sociedade que já não disfarça a hipocrisia. É assim, fazendo de si próprio o fio condutor do inconformismo, que Sérgio Adriano H. tornou-se o artista visual catarinense de maior evidência hoje no País, com mais de 90 exposições no currículo.

Para se ter uma ideia do alcance do trabalho do joinvilense, ele já participou de mais de 20 mostras somente em 2018, entre coletivas e individuais. São projetos no Brasil todo, principalmente em São Paulo, Santa Catarina, Brasília, no Rio de Janeiro e no Paraná. Em um ano, são duas bienais na conta (de

Curitiba e Brasília), e quando este tiver terminado, mais algumas participações terão elevado esse número, entre elas, a 8ª Bienal de Fotografia Documental da Argentina, a 46ª Coletiva de Artistas de Joinville e a exposição itinerante “Enigmas da Visão”, que passará pela Itália em 2019.

Além dessa quantidade incrível de convites e do conteúdo forte dos trabalhos, outra coisa que chama a atenção é a razoável rapidez com que Sérgio conquistou o reconhecimento nacional. Acredite, até 2011 ele era gerente comercial, e ainda que já tivesse um certo histórico artístico – ganhou o primeiro prêmio logo na estreia em salões de arte, em 2002 -, essa faceta corria em paralelo, pulsando, crescendo, esperando.

Em 2013, veio a virada: Sérgio decidiu dedicar tempo integral às artes e foi fazer mestrado em filosofia em São Paulo. Dois anos depois, formou-se, e não demorou muito para a carreira engrenar de vez. As performances, instalações, vídeos e fotografias de Sérgio se espalharam pelo Brasil, seja em espaços culturais renomados, seja em escolas e praças – graças a editais e premiações que ganhou -, apoiadas em três pilares: CORPO, PALAVRA E HISTÓRIA.

Um processo que mistura imagem (a do próprio artista) e crítica social, embasado, em boa parte, na filosofia. É dela que Sérgio tira e retrabalha um conceito batizado de “Verdade Apresentada”, baseado em crenças e hábitos tão enraizados que se tornam verdadeiros, mas que quando questionados, não têm base para isso.

“Parte do meu trabalho é desconstruir ‘verdades apresentadas’. “É deixar visível o invisível do racismo, do preconceito, da morte, que não é só física, mas moral e social”, diz Sérgio. “Quero comunicar sobre conhecimento. A gente soma conhecimento com o outro. Não fomos educados para ser formuladores de perguntas, fomos educados somente para responder perguntas. Porém, quero retirar o outro da passividade e fazer com o que mesmo entre em ação, formule perguntas, se questione sobre a arte e a vida”.

Nessa linha, dois projetos se destacam no já extenso portfólio de Sérgio. Um é “O Visível do Invisível”, instalação/intervenção urbana aprovada pelo Simdec e apresentada em cinco escolas públicas de Joinville. Nela, Sérgio fotografou a si mesmo chorando, ora com o rosto pintado de branco, ora com o rosto com tinta preta, numa metáfora à condição do negro, sua invisibilidade na sociedade e à escravidão.

“Ruptura do Invisível” foi contemplado no Edital Elisabete Anderle de Apoio à Cultura e apresentado em quatro cidades catarinenses, além de agendado para estar no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, em 2019. Aqui, ele insere fotos de si em sabão em pó e água sanitária, o que resulta em outra imagem, disforme, numa alusão ao “embranquecimento” da sociedade brasileira.

Outra ação, ainda em processo, é “Palavra Tomada”. Na série de fotos, Sérgio aparece com letras de antigos carimbos na boca que formam palavras como “preto”, “viado” e “grite”. É, segundo ele, a representação do silêncio imposto a um segmento, especialmente negro.

“O desafio do artista não é aplainar o terreno, mas sim assinalar com clareza os acidades, as dificuldades, os  desafios. Cabe ao artista buscar sabedoria para si e para o outro, fazer com que os problemas aflorem, e não compor uma doutrina apaziguadora”, salienta, para então reforçar: “O conhecimento  liberta”.

Por tudo isso, e por manter um trabalho artístico engajado, contundente e em contínuo movimento, Sérgio Adriano H foi listado como um dos 30 artistas mais influentes do Estado no livro “Construtores das Artes Visuais: Cinco Séculos de Artes em Santa Catarina”. Seu trabalho, além de espalhado pelo Brasil e por outros países, se encontra nos acervos do Museu de Santa Catarina, do Museu de Itajaí, do Museu de Arte de Blumenau e em coleções particulares.

Enviado por:  Rubens Herbst

Projeto leva música clássica para crianças no Jardim Paraíso

A ONG “Missão Criança”, mantida pela Igreja Luterana no bairro Jardim Paraíso, iniciou suas atividades em 1998, depois de uma grande enchente enfrentada pelos moradores, e a partir de então, integrantes da congregação luterana começaram a realizar pequenas ações sociais com adultos e crianças, percebeu-se então que a necessidade maior estava nas crianças, e algo que começou há 20 anos, atualmente atende 150 crianças de 06 a 17 anos. Nas atividades que acontecem em horário oposto ao da escola, e incluem apoio pedagógico, esporte e música, as crianças aprendem através da convivência, brincadeiras e programas desenvolvidos dentro da instituição que busca fortalecer os vínculos familiares e comunitários por meio de diálogos, reuniões de pais e momentos culturais.

Em meio a tantas atividades, destacamos a mais recente conquista da ONG, a arte-educação por meio da música clássica, que conta com a participação e apoio do maestro Rafael Huch, proponente do projeto aprovado pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, que mediante aprovação de projeto, autoriza a captação de recursos junto às empresas e pessoas físicas, para realização das propostas.

As aulas de violino, ministradas pelo professor Renan Corrêa, e as de violão e canto coral, pela professora Vivian Vass Tavares além de apresentar às crianças o que para muitas delas é seu primeiro contato com a música clássica, que ali também é um instrumento de transformação social, como aponta à coordenadora Eunice Deckmann: “A grande maioria das crianças, depois que saem da escola, ficam ociosos o que se torna um “prato cheio” para as más influências. Quando conhecemos o Maestro Rafael e o interesse dele pelas crianças e toda a experiência e competência na elaboração de projetos, logo surgiu a ideia de unirmos forças para tentarmos transformar vidas por meio da música e quem sabe até mesmo descobrir novos talentos”.

O próximo passo é ofertar aos alunos aulas de flauta, e manter os professores por mais 12 meses, mas para isso é necessário que a captação atinja 100% dos recursos aprovados, no total de R$133 mil reais. Porém, até o momento, o percentual alcançado foi apenas de 30%, ou seja, mais da metade dos recursos não conseguiram ser captados. Isso é algo que Eunice acredita estar relacionado com a falta de esclarecimento a respeito do funcionamento da Lei Rouanet, que prevê formas de financiamento para eventos culturais e a maior parte dos recursos vem do que é chamado de mecenato, em que pessoas físicas ou jurídicas podem ser patrocinadoras dos projetos aprovados pelo Ministério da Cultura. O valor é deduzido do imposto de renda, pessoa física pode chegar até 6% do IR, e jurídica o limite são 4%.

O prazo máximo para realizar a captação dos 70% faltantes, vai até 30 de dezembro de 2018, e o intuito das aulas de música no “Missão Criança”, é que através das aulas, seja formada uma orquestra infanto-juvenil para enaltecer e, estimular o sentimento de pertencimento entre os moradores do Jardim Paraíso. As primeiras apresentações dos pequenos músicos já estão agendadas.

 

“É tão mal falado o nosso bairro, é tão judiado por todo mundo… e não é assim. O bairro não é um problema, algumas pessoas são. É um bairro muito bom.”

Eunice B. Deckmann

Para quem deseja mais informações, os contatos da ONG “Missão Criança”, são:

E-mail: pmcparaiso@gmail.com
Contato: (47) 3903-1827 ou (47) 9657-8131