Doses de história: Museu de Arte de Joinville

Foto da capa: Arquivo Histórico de Joinville

O Museu de arte de Joinville, localizado na Rua XV de Novembro, número 1.400, foi criado através da lei Municipal nº 1.271, de 15/05/1973 e inaugurado em 03 de setembro de 1976. Sua casa sede foi residência do imigrante saxão, Ottokar Doerffel, personalidade de ativa participação na vida cultural e política da então Colônia Dona Francisca.

 Doerffel foi fundador do primeiro jornal da colônia, o “Kolonie-Zeitung”, além de dirigir a companhia colonizadora de Hamburgo e ter sido o 3º prefeito da cidade, ainda no período monárquico pelo partido conservador em 1874 e 1877.

No ano de 1864 é concluída a construção do casarão, permanecendo na residência até o ano de sua morte, em 1906, quando a casa passou para a família Barthol, seus parentes, e mais tarde foi comprada por Affonso Lepper. Após a morte de Helene Trinks Lepper em 1973, o casarão foi desapropriado pela prefeitura que no mandato do então prefeito, Pedro Ivo Figueiredo de Campos, e por reinvindicação da classe artística da cidade, foi inaugurado o Museu de Arte de Joinville, no ano de 1976.

“Seu acervo foi iniciado com as obras que se encontravam no antigo Departamento de Educação e Cultura, e essas primeiras obras eram produções de artistas locais, mais tarde ampliadas para obras de artistas reconhecidos a nível nacional e internacional, adquiridas por meio de doações.” (OLIVEIRA, 2009 p. 27).

Faz parte da instituição, a biblioteca Harry Laus, que possui acervo de aproximadamente 2.000 livros entre catálogos e periódicos, e desde 2001, conta também com os Anexos 1 e 2 na Cidadela Cultural Antarctica, espaço em que foram realizadas várias edições da Coletiva de Artistas, além de outras exposições de caráter temporários.

Segundo consta no decreto, e em material produzido pela equipe do MAJ,

O Museu de Arte de Joinville, tem por finalidade: Recolher, abrigar, estudar, tombar, conservar, pesquisar e expor obras de arte em geral e em especial de joinvilense e catarinenses, além de desenvolver programas de comunicação museológica e educacional […]. (CONEXÕES EDUCATIVAS, 2012, p. 7).

Projeto Conexões Educativas

As ações educativas no Museu de Arte de Joinville tem início na década de 90, a partir da iniciativa de Ivani Carneiro, funcionária do museu, que começa a planejar projetos de educação ao perceber que este setor ficava quase sempre que em segundo plano. Alguns anos mais tarde, outra funcionária toma a iniciativa de levar projetos ao museu, Sueli Garcia, especialista cultural educadora de museu. Mas, por conta do quadro de funcionários reduzido, era necessário dividir o tempo para atuar em outros setores.

Durante muito tempo, o museu não contou com ações educativas elaboradas pela própria instituição, e sim, parcerias com outras instituições e artistas envolvidos, como a Univille e a Secretaria de educação. Um dos momentos mais significativos da atuação do museu como espaço de educação não formal está documentado no catálogo virtual “Conexões Educativas”, produzido em maio de 2015, por meio dos recursos advindos do prêmio Darcy Ribeiro, concedido pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Nessa publicação consta um recorte de diversas ações realizadas de 2009 a 2014, durante as gestões de (2009 a 2012) e a de (2013 a 2016).

No material, encontram-se algumas ações em arte-educação elaborada pelos profissionais do museu, que contemplaram diferentes públicos, desde o escolar, universitário a pessoas em situações de vulnerabilidade social. Isso nos mostra que, sempre houve a preocupação da equipe em disseminar a arte e a cultura por meio da educação.

Atualmente o Museu de Arte de Joinville encontra-se fechado para visitação e a equipe trabalha em ações internas, como a realocação do acervo. Para a 19 Semana Nacional dos Museus, o MAJ preparou a ação:

18/05/2021 – 10h30 às 11h30
Relato de Experiência: ressignificando o acervo do MAJ. Será desenvolvido de forma virtual, um relato das ações de
conservação/preservação e higienização do acervo do MAJ.

*Atualmente os galpões anexo do museu assim como a Cidadela Cultural Antárctica, encontram-se interditados.

Referências Bibliográficas

OLIVEIRA, Maria Bernadete Garcia Baran de. Mediação cultural: ação educativa no
Museu de Arte de Joinville. 2010. 112 f. Dissertação (Patrimônio Cultural e Socieda
de)- Universidade da Região de Joinville.

Conexões Educativas. Disponível em: . Acesso em: 27 de março. 2021

Guia da Programação 19º Semana Nacional dos Museus. Ano: 2021, p. 423.

Após 23 anos, Arquivo Histórico de Joinville lança 16º edição de seu Boletim Informativo

O Arquivo Histórico de Joinville (AHJ), a Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) e a Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ), após 23 anos, anunciam a retomada e o lançamento da 16º edição do Boletim Informativo do AHJ.

A publicação apresenta o trabalho técnico, as pesquisas, os pesquisadores, as narrativas sobre a história de Joinville, e aborda as relações do Arquivo Histórico de Joinville com a cidade. Em formato digital e com periodicidade trimestral, o Boletim do AHJ é resultado de uma parceria estabelecida com o site de formação e difusão cultural “Arte na Cuca”.

 O Boletim nº 16 está disponível no site “Arte na Cuca” na seção “Biblioteca”, mas pode ser acessado AQUI. Em breve, todas as edições anteriores do Boletim do AHJ, estarão digitalizadas e disponíveis neste endereço eletrônico, a fim de ampliar o acesso da população aos projetos e ações desenvolvidas pelo Arquivo Histórico de Joinville ao longo da sua existência.

Boletim Informativo do Arquivo Histórico de Joinville

Quando? Abril, Maio e Junho.
Quanto? Gratuito. PDF disponível AQUI
Onde? Formato digital online.

Doses de história: Biblioteca Pública Municipal de Joinville

Fotógrafo: Desconhecido.

No dia 9 de Abril comemorou-se o Dia Nacional da Biblioteca e pensando nisso, o Arte na Cuca homenageia todos os profissionais de bibliotecas e da educação, contando um pouco sobre a história da Biblioteca Pública de Joinville, que foi criada na gestão do prefeito Arnaldo Moreira Douat, em 1950, mas somente foi inaugurada em 9/03/ 1952, já na gestão do então Prefeito Rolf Colin, que atualmente leva o nome da biblioteca central.

A instituição funcionava na Rua do Príncipe, região central de Joinville e em 24/09/1955, mudou-se para a sede atual situada no então Jardim Lauro Müller, que à época, contava com o busto de Dona Francisca esculpida por Fritz Alt e também com um coreto onde ocorriam apresentações musicais aos domingos. A obra de Fritz Alt encontrada na parede externa da biblioteca retrata a influência do livro na vida do homem, desde a infância, passando pela juventude e chegando a fase adulta e terceira idade. O painel foi inaugurado em 24/12/ 1955.

Fotos da praça Lauro Muller – Marco Zero, Coreto e busto Dona Francisca (Obra de Fritz Alt).
Fonte da imagem: Arquivo Histórico de Joinville.

No ano de inauguração, contava com um acervo de apenas 3000 títulos. Atualmente esse número passa de 62000 contando com livros, jornais, obras raras, inclusive no idioma alemão e autores nacionais, estrangeiros e locais.

Em 2010, necessitou passar por reforma e revitalização e passou a funcionar no prédio do antigo Piazza Itália, no bairro Anita Garibaldi, onde permaneceu até o ano de 2013, quando retornou à sede atual, agora revitalizada, na Praça Lauro Muller no Centro de Joinville.

Atualmente a Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin, conta com processamento técnico, biblioteca braile, setor de pesquisa, setor de empréstimo, setor de literatura, de literatura infantil e infanto-juvenil e gibiteca, além de recepção e setor administrativo. Em razão das ações de enfrentamento à Pandemia da COVID -19, o horário de atendimento, bem como a equipe está reduzido, abrindo apenas de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.

No entanto, há a promessa da Secretaria Municipal de Educação, órgão ao qual as Bibliotecas Públicas são vinculadas, de o quanto antes, restabelecer toda a equipe e o pleno retorno e ampliação dos projetos desenvolvidos.

Algumas ações da Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin – Joinville/SC.
A contadora de histórias Carol Spieker, durante uma contação realizada na Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin.

Contação de histórias nas unidades escolares mediante prévio agendamento (é importante ressaltar que este serviço passou a ser oferecido de maneira virtual durante o ano de 2020, enquanto a Biblioteca seguia fechada, obedecendo a Decretos Estadual e Municipal).

Visita monitorada, na qual grupos previamente agendados visitavam todos os setores da biblioteca e a visita culminava em uma deliciosa sessão de contação de histórias.

Sábados Culturais, que ocorriam quinzenalmente com eventos culturais como lançamento de livros, contação de histórias, apresentações artísticas e culturais das unidades escolares da Rede Municipal de Educação.

Projeto Vestibulando, atividade com regularidade semanal, na qual a população prestes a prestar vestibular e a realizar a prova do ENEM, tinha acesso ao estudo das obras exigidas nesses concursos.

Oficina da Memória Literária, tendo como atividade com regularidade semanal e público alvo, pessoas com mais de 60 anos que desejassem conhecer e experimentar exercícios, baseados sempre em obras literárias que visassem proporcionar um melhor funcionamento da memória.

Mediação de Leitura na UTI do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, atividade com regularidade mensal desenvolvido em uma parceria da Biblioteca com o Hospital

Formação continuada dos mediadores de leitura da Rede Municipal de Educação de Joinville, atividade com regularidade bimestral que visava o pleno desenvolvimento dos trabalhos realizados pelos Auxiliares Escolares/Mediadores de Leitura nas Unidades Escolares, entre muitos outros projetos e ações realizados na e pela Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin.

Há ainda em Joinville outras duas Bibliotecas Públicas em Joinville: a Gusavo Ohde, em Pirabeiraba e outra no bairro Aventureiro, em parceria do Município de Joinville com o Governo Federal.


*Na data de publicação deste texto, todos os atendimentos da Biblioteca estão paralizados.
Contribuição: Carol Spieker

No Dia Internacional da Mulher a atriz Samira Sinara fala sobre empoderamento feminino e transformação social por meio do teatro-educação

Foto: Acervo PRJ.
Entrevista Por Celiane Neitsch

Neste 8 de março atípico, onde beijos e abraços são quase proibidos em virtude da pandemia que nos acompanha há quase um ano, num momento em que o distanciamento e o isolamento social são necessários para tentar garantir nossa segurança,  pensamos nessas mulheres. Mulheres que não podem abraçar ou serem abraçadas, beijar ou serem beijadas e muito menos escolher entre isolar-se ou não. Mulheres que não aparecem nas homenagens dos comerciais de televisão ou nas capas das revistas e que não são lembradas por seus grandes feitos na história. Mulheres que mesmo estando vivas, deixam de existir para a sociedade e muitas delas são esquecidas neste dia de comemoração e reflexão a cerca dos nossos direitos.

Para falar sobre a experiência de trabalhar e conhecer um pouco mais de perto o drama dessas mulheres e sobre o quanto é necessário investir em cultura e arte como agentes de transformação social, o Arte na Cuca entrevistou a atriz, produtora cultural e educadora Samira Sinara Souza.
Samira é integrante da VAI! Coletivo, e atriz do espetáculo solo “Celas e Elas”, projeto realizado em conjunto com a atriz e diretora de teatro Daiane Dordete, que desde 2019 leva oficinas de teatro para dentro da ala feminina do Presídio Regional de Joinville.

A atriz Samira S. Souza durante o Solo performático ©elas com Daiane Dordete e VAI! Coletivo. Foto: Fabricio Porto.

Arte na Cuca: Quando e como inicia sua trajetória com o teatro?

Samira: Desde a infância até a adolescência tive a oportunidade de ter contato com a arte. Minhas irmãs mais velhas fazendo ballet, piano, cursos, avó materna artista plástica e paterna bordadeira.

Minha tia e mãe faziam parte do grupo de dança moderna do teatro Carlos Gomes em Blumenau e depois em Curitiba, foram contatos vivenciando e prestigiando teatro, exposições, cinema e muito livro em casa. Quando vim morar em Joinville, aos 17 anos, resolvi fazer faculdade de Artes na Universidade  da Região de Joinville – Univille. Foi lá que através da disciplina de Improvisação Teatral, conheci o professor Nando Moraes, que junto com a professora Ângela Finardi, assumiram a Cia de Repertório da Univille, projeto de Extensão da instituição e ali estudei teoria e prática teatral durante sete anos.

Foram quatro peças como atriz de teatro e três peças trabalhando na técnica de som, luz e mídias. Quando sai da Univille queria estudar mais teatro-educação, para dar aula de teatro nas escolas, comunidade, ou seja, compartilhar o conhecimento entre as duas linguagens da graduação – cênica e artes visuais. Como já tinha uma pequena trajetória, fui buscar mais uma especialização em Curitiba (Unespar) para entrelaçar cada vez mais a teoria e a prática do universo das artes nas salas de aulas.

Arte na Cuca: Em sua opinião, quais são as principais dificuldades para fazer teatro e trabalhar com arte na cidade de Joinville/SC?

Samira: Acredito que as dificuldades de viver de arte na cidade de Joinville são apresentadas em três pilares: visão, fomento e financiamento. A visão do que vem a ser a arte, e o entendimento sobre a importância da cultura na vida das pessoas ainda é raso nesta cidade. Arte é considerada como algo supérfluo e piorou nos últimos anos. De dois anos pra cá, acompanho muitos artistas saindo da cidade, aqui, cultura parece ser algo a parte da vida, porém churrasco no fim de semana sem música ninguém faz, né? Cultura e arte, quando é para interesse próprio é importante, mas investir em longo prazo dá prejuízo, e esse pensar ainda é o de muitos empresários da cidade.

Joinville é a maior cidade do estado e com maior arrecadação de PIB Nacional, mas não possui: uma Companhia de Teatro Municipal ou de Dança (profissionais que trabalhariam representando a cidade no mundo). Vários espaços públicos destinados a cultura durante anos não foram restaurados (centro da cidade, Cidadela Cultural Antarctica, entre outros). Ainda não temos instituição de ensino superior nas Artes Cênicas (Dança, Teatro e Circo) e na Música, não tivemos durante anos a multiplicação de pontos de cultura nos bairros. Ou seja, se não há fomento e pouco financiamento na cultura, qual será o reflexo do pensamento da cidade? Surpreendo-me ainda em ver moradores da cidade nas redes sociais, questionando leis de incentivos à cultura na própria cidade. É triste não ter visão, é como se você estivesse morto.

Integrantes da VAI! Coletivo de Pesquisa Cênica. No encontro Colaborações SCenicas. (2021).

Arte na Cuca: Como surgiu a VAI! Coletivo, e quantos integrantes fazem parte dele atualmente?

Samira: A VAI! Coletivo surgiu em 2009, e nasce da visão em comum de alguns artistas de teatro. Os integrantes naquele momento-  Raphael Vianna (fundador e atualmente mora no RJ), Alex Maciel (Rústico Teatral), eu e Felipe Muciollo,  naquele momento buscávamos pesquisar e nos aprofundar em produções de peças autorais. Queríamos unir cada vez mais as artes visuais com as artes cênicas nas montagens e trazer a tecnologia ou seja refletir sobreo papel da mídia nas encenações teatrais.

 Por incrível que pareça, esta tornou-se a identidade do coletivo. Hoje formado por Raphael, eu, Marlon Zé e Jackson Silva. Sempre mantivemos a mente aberta para os projetos, ou seja, nem sempre todos do coletivo estão inseridos em todos os projetos realizados da VAI!. 

Desse modo, sempre estamos trabalhando com parceiros profissionais das artes cênicas,  que visam nossos projetos em comum. A exemplo, a montagem do solo performático teatral do Celas (2010) e desmontagem do Celas e Elas (2019), a convidada do coletivo para fazer parte destes projetos é a Daiane Dordete (diretora e dramaturga da peça, que atualmente mora em Florianópolis).

As atrizes Samira Souza e Daiane Dordete durante oficina de teatro no PRJ. Foto: Jéssica Michels

Arte na Cuca: Você e a atriz e professora Daiane Dordete, iniciaram em 2010 a pesquisa e montagem da peça “Celas”, construída a partir da narrativa de mulheres em situação de cárcere, pesquisa que tem seu desdobramento no espetáculo “Celas e Elas”. Como foi e tem sido para você a experiência de realizar estes projetos?

Samira: No ano de 2010, houve o desejo de realizar um solo teatral, acredito que este seja o desejo de muitos atores e atrizes. Naquele momento estávamos em busca de uma montagem também com dramaturgia autoral e a Daiane Dordete foi convidada para dirigir esse solo.

A pesquisa para esta montagem abordou a performance na cena e o universo feminista, então a historiadora Camila Diane cedeu sua pesquisa sobre as narrativas e depoimentos das mulheres egressas e regressas do Presídio Regional de Joinville, para que pudéssemos iniciar esta jornada.

No projeto contemplado pelo SIMDEC/ Edital do Mecenato 2010, “CELAS” – a montagem, não visava o universo carcerário porque não tivemos contato e experiência dentro das grades, o foco foi abordar as influências do patriarcado e da meritocracia na rotina da vida da mulher, como o preconceito, a violência contra a mulher e as prisões psicológicas vivenciadas pelas mulheres no século XXI.

O nosso contato com o Presídio Regional de Joinville foi com a apresentação da peça “CELAS”, foi uma contrapartida social do projeto, realizada no Dia Internacional da Mulher, em 08 de março de 2012. Neste dia, após as apresentações e o bate papo com as mulheres reeducandas, decidimos que voltaríamos para dar um curso de teatro a elas. Para mim, enquanto atriz, a peça criou novas camadas de impressões, imagens e sensações alterando inclusive, o ritmo da peça.

Voltamos no ano de 2019, com um novo projeto aprovado pelo SIMDEC/ 2016, na categoria de formação em cultura, que tinha como objetivo o curso de teatro no PRJ para mulheres em privação de liberdade. As aulas foram ministradas para a Ala Feminina A e B, e ao todo 34 mulheres foram contempladas com esta experiência que durou seis meses. Dentro deste projeto, remontaríamos o “CELAS” e apresentaríamos para elas com o bate papo, seria a nossa contrapartida social. Porém, percebemos que no decorrer das aulas, vivenciando uma rotina semanal com elas, o “CELAS” de 2010 já não era mais com aquele formato, então partimos com a ideia de uma desmontagem teatral do “CELAS” e inserir a nossa experiência no cárcere, presentando um novo título e espetáculo, o “CELAS E ELAS” de 2019.

Este desdobramento trouxe várias mudanças, uma delas foi a presença da fotógrafa Jéssica Michels, que nos acompanhou no projeto participando de três encontros para registros fotográficos, resultando numa exposição intitulada “Para além das celas”. Foi um momento de muita felicidade poder ver a alegria das mulheres reeducandas e como elas puderem se perceber nas fotografias, o quanto a arte mudou o olhar, o sentir da vida, e estas palavras e desenhos estão presentes nas cartas que nós recebíamos como registro de aula, mas também como depoimento de encontro entre alunas e professoras.

Arte na Cuca: A arte pode contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico, do empoderamento e do sentimento de pertencimento das pessoas. Em sua opinião, projetos culturais que visam à transformação social por meio da arte, podem beneficiar a sociedade num todo?

Samira: Ah, como certeza! Os pontos de cultura são provas vivas de que arte muda e transforma o posicionamento coletivo de um bairro, de uma comunidade. Em Joinville temos a AMORABI, no bairro Itinga – um ponto de cultura ativo e resistente, que é referência na cidade, no estado e no Brasil.

Arte na Cuca: No artigo “Sobre Cartas, Celas, elas e professoras – em – processo”, publicado na revista Urdimento (nº 39. Nov/dez 2020), você e a atriz Daiane Dordete Stecket Jacobs, citam a fala de uma das alunas durante as aulas de teatro na PRJ:

“Nós não podemos ter espelho aqui. Isso é uma forma de diminuir a gente, de acabar com a nossa autoestima. Como a gente pode ser uma pessoa melhor se a gente nem pode se ver, se a gente acaba esquecendo quem é? Precisamos nos amar para amar outras pessoas”.
De que forma estas e outras falas te impactaram como mulher, artista e educadora?

Samira: Pergunta difícil (risos). Mas foram vários momentos durante as aulas, na cela-aula. Quando você é professora em espaços mais vulneráveis, de exclusão social  não tem como você, em alguns momentos, agir como mulher e como ser humano. Acredito que esta vivência mudou o nosso olhar e visão de mundo completamente, eu a Daiane saíamos das aulas muitas vezes conversando muito sobre os acontecimentos vividos e/ou silenciosas.  Esses momentos que nos fizeram pensar nesta desmontagem do “Celas e Elas”, dar espaço a elas, seja através das cartas lidas e entregues ao público no final da apresentação, seja na exposição fotográfica que nos acompanha a cada apresentação, seja no bate-papo com o público após cada apresentação, seja nas cenas do celas- por exemplo- da família, que hoje me fazem lembrar das histórias das alunas entre seus filhos(as), mas principalmente, pensarmos ainda neste mundo privado que nós vivemos (consumismo exacerbado, tecnologia, violência, preconceito.)

Foto: Jaqueline Mello

Depoimentos de alunos durante as oficinas de teatro no PRJ

“Com as aulas podemos nos sentir por uns instantes fora dessas grades que nos tornam privadas do mundo”.(depoimento de ex alunas reeducandas do PRJ, curso de teatro 1º semestre 2019).

“As aulas tem me ensinado muitas coisas que eu não tinha aprendido e também ocupa a cabeça pra não pensar em coisas ruins.” (depoimento de ex alunas reeducandas do PRJ, curso de teatro 1º semestre 2019).

A seguir, alguns fragmentos de textos retirados do artigo “Sobre Cartas, Celas, elas e professoras – em – processo”, publicado na revista Urdimento (nº 39. Nov/dez 2020). Para ler o artigo completo clique AQUI.

Depois destes dois  anos  que  deixamos  o celas adormecido,  fiquei  com vontade  de  retomar  o  projeto,  talvez  com  outro  enfoque,  com  um  olhar mais direcionado às mulheres que estão no espaço prisional. Lembro do pouco acesso à arte e à cultura que elas relataram ter em conversas nos corredores do PRJ e nos bate-papos que fizemos após a apresentação do celas lá, no Dia Internacional da  Mulher, em  2012.  Nunca havia entrado  em  um  espaço  de encarceramento  e recordo de falas como: “nunca tinha visto uma peça de teatro” ou“ eu gostei mais da cena da mãe” (Página 05 do artigo: “Sobre Cartas, Celas, elas e professoras – em – processo” ano: 2020. Escrito por Daiane Dordete e Samira Sinara Souza)

A sensação parece de ser jogada como lixo, em um depósito humano… não é  à  toa  que  os  espaços  prisionais,  hospitais  psiquiátricos  e  os  ‘lixões’  são construções  localizadas  geralmente  longe  dos  centros  urbanos.  Que  tristeza!  E para piorar  a  sociedade  em  que  estamos  inseridas  ainda  não  percebeu  (ou  não quer perceber) os reflexos estarrecedores dessa discriminação: preconceito social

e abandono do Estado. A sociedade ainda não reconhece a ressocialização. Não é à toa que, por esses motivos, muitas mulheres reincidem nas infrações, pois não encontram mais espaço em uma sociedade que faz questão de lhes excluir. (Página 06,07 do artigo: “Sobre Cartas, Celas, elas e professoras – em – processo” ano. 2020. Escrito por Daiane Dordete e Samira Sinara Souza)

Redes Sociais para contato: facebook.com/vaicoletivo | facebook.com/samirasinara.souza | facebook.com/daiane.dordete
instagram.com/samirasinara | instagram.com/vaicoletivo | instagram.com/dordetedaiane| Canal do YouTube VAI! Coletivo.

Projeto “Conversas Virtuais com o Arquivo Histórico de Joinville” apresenta série de lives em comemoração aos 49 anos do Arquivo e aos 170 anos da cidade

Conservação, restauro, pesquisa, educação patrimonial. Estas são apenas algumas das atribuições do Arquivo Histórico de Joinville que em 2021 completa 49 anos de existência e atividades. Em comemoração ao aniversário do Arquivo e também aos 170 anos da cidade o “Arte na Cuca”, por meio da proponente Celiane Neitsch e em parceria com a equipe técnica do AHJ, realiza o projeto “Conversas Virtuais com o Arquivo Histórico de Joinville”.

O evento, que tem produção gráfica e audiovisual do Bacharel em cinema Walmer Bittencourt Júnior, consiste em uma série de quatro lives que discutem os diferentes tipos de acervos presentes na instituição (Arquitetônico, Iconográfico, Cartográfico e Hemeroteca). As apresentações acontecem nos dias 04/03, 11/03, 18/03 e 25/03 sempre às 19h30, com transmissão ao vivo pelo canal do Arte na Cuca no YouTube.

A live de abertura conta com a presença da convidada especial  Liliane Janine Nizzola – Superintendente do IPHAN/SC além da Especialista Cultural em Restauro e Conservação Dietlinde Clara Rothert e a Arquiteta e Urbanista Dinorah Luísa da Rocha Brüske. Participam também dos próximos dias do evento, o artista visual Nilton Santos Tirotti, a historiadora Valéria König Esteves, a professora e historiadora Ângela M. Vieira, o historiador e assistente cultural  Leandro Brier Correia, o historiador e especialista em história Dilney Cunha e o jornalista Lúcio Mattos,  sempre com mediação da Doutoranda em História Giane Maria de Souza.

Este projeto e foi contemplado pelo edital n°001/SECULT/2020, do município de Joinville/SC Inciso III, do art 2° da Lei Federal n°14.017 (Lei Aldir Blanc).

Vídeo de divulgação do projeto “Conversas Virtuais com o Arquivo Histórico de Joinville”

Programação

04/03 – Acervo Arquitetônico. 19h30 às 20h30. Para ter acesso a live clique AQUI

>Liliane Janine Nizzola, Arquiteta e Urbanista, superintendente do Iphan/SC.
O Iphan e a preservação do patrimônio arquitetônico no estado de Santa Catarina.

>Giane Maria de Souza (AHJ). Historiadora, especialista cultural e doutoranda em história.
Apresentação do AHJ. O projeto de digitalização do acervo arquitetônico do Fundo do Poder Executivo, custodiado no Arquivo Histórico de Joinville.

>Dinorah Rocha Brüske, arquiteta e urbanista, Mestra em Desenvolvimento Urbano – Geografia.
A diversidade dos projetos arquitetônicos do acervo do Arquivo Histórico de Joinville

>Dietlinde Clara Rothert. Historiadora, especialista em restauro e conservação na Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC).·.
A historia da preservação do patrimônio arquitetônico em Joinville.

11/03 – Acervo Iconográfico. 19h30 às 20h30 Para ter acesso a live clique AQUI

>Valéria König Esteves. Historiadora e mestre em Patrimônio Cultural – Mestra em Patrimônio Cultural e Sociedade.
A preservação dos múltiplos períodos da história de Joinville por meio do acervo iconográfico do AHJ.

>Leandro Brier Correia. Historiador, assistente cultural e especialista em metodologia do ensino de História.
A importância da digitalização do acervo iconográfico do AHJ para o acesso a pesquisa e informação.

>Nilton Santos Tirotti. Mestre em Engenharia de Produção. Artista visual e docente em Cinema e Artes Visuais. 
A produção e a pesquisa imagética na arte a partir do acervo iconográfico do AHJ.

18/03 – Acervo cartográfico. 19h30 às 20h30 Para ter acesso la live clique AQUI

>Dilney Cunha (AHJ). Historiador e especialista em História e Historiografia do Brasil.
Joinville antes de Joinville: problematizações a partir da cartografia.

>Ângela Maria Vieira. Historiadora, pós-graduada em História do Brasil e História Cultural.
Como refletir a ocupação da cidade de Joinville 170 anos depois, pelo olhar do estudante da escola pública, dos migrantes, imigrantes e refugiados?

25/03 – Acervo de Hemeroteca. 19h30 às 20h30 Para ter acesso à programação clique AQUI

>Leandro Brier Correia. Historiador, assistente cultural e especialista em metodologia do ensino de História.
A importância do acesso ao acervo da hemeroteca do AHJ como fonte de pesquisa.

>Valéria König Esteves. Historiadora e mestre em Patrimônio Cultural – Mestra em Patrimonio Cultural e Sociedade.
Jornais e periódicos culturais entre outros acervos da hemeroteca do AHJ para a preservação das memórias da cidade de Joinville.

>Lúcio Mattos. Graduado em Comunicação Social (Jornalismo), escritor e autor do Jornal Retrô:100 histórias de uma Joinville de outros tempos.
A influência da imprensa e a pesquisa histórica em jornais e periódicos, para refletir a respeito dos valores, curiosidades e a cultura da sociedade joinvilense em diferentes épocas. (Gênese do livro Jornal Retrô).

Iº Fórum Setorial de Formação em Cultura do CMPC acontece em março

O Conselho Municipal de Política Cultural – CMPC Joinville convida a comunidade joinvilense para o Iº Fórum Municipal da setorial de Formação em Cultura, que ocorre no dia 01º de março às 19h e será transmitido pelo YouTube no canal do CMPC. Em virtude da revisão do Plano Municipal de Cultura e da Conferência Municipal de Cultura, todas as setoriais devem realizar seus fóruns setoriais.

A setorial de Formação em Cultura – Sociedade Civil – é representada pelo conselheiro titular José Mauro Silva e pela conselheira suplente Celiane Neitsch, eleitos na Pré-Conferência Municipal de Cultura, realizada no ano de 2019. Neste primeiro fórum de 2021, a intenção da setorial é propor uma leitura atenta a respeito da formação em cultura à luz do Plano Municipal de Cultura elaborado em 2012, criando possibilidades de diálogo entre a formação cultural oferecida no centro e nos bairros da cidade.

Outra importante questão que será levantada pela setorial durante o fórum, diz respeito à exclusão da categoria Formação em Cultura dos editais do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (SIMDEC), desde o edital de 2017. Para contribuir com estas e outras reflexões, estarão presentes como palestrantes convidadas, a jornalista, produtora cultural e ex – conselheira  da setorial de Formação em Cultura, Iraci Seefeldt e a atriz e Presidente do Ponto de Cultura e Associação de Moradores do Bairro Itinga (AMORABI), Letícia Helena da Maia.

Iraci Seefeldt

Programação Iº Fórum de Formação em Cultura do CMPC Joinville

>> Apresentação dos Conselheiros e da equipe envolvida na organização
>> Contextualização da Setorial e leitura do PMC – estratégias de Formação em Cultura.
>>Convidada: Iraci Seefeldt. Tema: O Sistema Municipal de Cultura e o Plano Municipal de Cultura.
>> A exclusão da categoria Formação em Cultura, dos editais do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (SIMDEC).

Letícia Helena da Maia

>> Convidada: Letícia Helena da Maia – Apresentação e projetos do Ponto de Cultura AMORABI .
>>Espaço Falas da plenária  e Formação de GTs para Leitura, análise e propostas para redação atualizada dos textos do PMC para o setorial, e novo Plano Municipal de Formação em Cultura.

Quando? 01 de março. Horário? 19h
Quanto? Gratuito.
Onde? No canal do CMPC Joinville AQUI ou pelo Google Meet
Público – Alvo: Educadores de Museus e espaços culturais, professores, acadêmicos de arte, artistas, produtores culturais e comunidade em geral.

Projeto “Bordões” realiza série de lives-oficinas em fevereiro e março

O guitarrista, violonista, produtor musical e diretor artístico, Jackson Carlos apresenta uma série de lives-oficinas em parceria com dois artistas visuais expoentes e contemporâneos, Jean Tomedi e Felipe Coff, que ocorrem gratuitamente nos dias 25 e 26 de fevereiro, 02 e 03 de março, sempre às 19h pelo canal Instagram @jacksoncarlosmusic, Nas lives, os artistas falam sobre os processos criativos e desenvolvimento das obras do projeto Bordões.

As oficinas são as contrapartidas sociais do projeto Bordões, que contempla a gravação de um EP com quatro músicas em formato solo, álbum que irá expressar a identidade, as nuances e as peculiaridades de cada instrumento proposto e que será lançado em todas as plataformas digitais do artista no dia 3 de março.

O processo criativo entre música e artes visuais, segundo Jackson Carlos, é uma forma de reforçar a importância das atividades artísticas que acontecem nas cidades e seus reflexos. “As artes visuais são extensões importantes no conceito artístico de cada canção composta do projeto. Os artistas plásticos envolvidos no Bordões ilustram de forma sensível as canções “Thí” e “Saará”, por Jean Tomedi; e “Aurora” e “Geppetto”, por Felipe Coff. Processos esses que vamos apresentar e falar um pouco mais nas oficinas on-line”, afirma.

Conforme Jackson Carlos, o título Bordões faz referências aos instrumentos de cordas usados neste trabalho: a guitarra, os violões de cordas de aço e nylon, e contrabaixo. “O objetivo deste trabalho, além de fomentar a produção musical autoral, com base em pesquisa artística e interação entre arte sonora e plástica, é de trazer experiências e conteúdos tanto para o acervo de produção musical e artística de Blumenau, quanto para os artistas naturais deste município”, complementa o músico.

Há anos Jackson Carlos vem desenvolvendo estudos e pesquisas sobre as linguagens do jazz, música brasileira e instrumental. No projeto Bordões ele pretende apresentar um pouco dessas pesquisas em formato sonoro. “O fato de também trabalhar como produtor e diretor musical possibilita um olhar e um senso estético mais apurado sobre o projeto como um todo. Além de formar técnicas e expressões musicais para além da composição, buscando comunicar a linguagem de cada composição através dos timbres e sobre toda extensão do universo do áudio”, acrescenta.

O projeto Bordões, de Jackson Carlos, é viabilizado por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020), no município de Blumenau.

Sobre os artistas participantes

Jackson Carlos
Guitarrista, violonista, produtor musical e diretor artístico brasileiro. Desenvolve pesquisa e estudo sobre o jazz e música brasileira. Atua na cena instrumental com grupos de jazz (standard), em formato solo e com seu trio (Jackson Carlos Trio).

Jean Tomedi
Artista plástico, arquiteto e urbanista brasileiro. Formado pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Atua nas artes visuais como muralista, pintor e escultor.

Felipe Coff
Artista plástico brasileiro. Multifacetado, atua em várias frentes nas artes visuais, entre elas pintura, instalações artísticas, arte urbana, vídeo e escultura.

Quando? 25 e 26/02: Jackson Carlos com Jean Tomedi | 02 e 03/03: Jackson Carlos com Felipe Coff.
Horário? Sempre às 19h
Quanto? Gratuito.
Onde? No Instagram @jacksoncarlosmusic

Entrevista: Museu Nacional De Imigração e Colonização e as Ressignificações Conceituais no Plano Museológico.

Foto: Divulgação

O Museu Nacional de Imigração e Colonização (MNIC), criado pela Lei federal nº 3.188/1957 foi fechado para visitação em fevereiro de 2018. Desde então, o Iphan por intermédio do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) do Governo Federal investiu o valor de R$ 2,6 milhões para a execução de obras no espaço museológico e restauro na edificação histórica. Com previsão para o término da obra em agosto de 2021, o projeto pretende entregar ao público um museu mais acessível, instalação de elevadores, rampas, além de uma edificação central restaurada e a criação de um anexo de dois pavimentos nos fundos do MNIC para acondicionar a reserva técnica e alocar o corpo técnico e administrativo.

O projeto provocou novas ressignificações conceituais sobre o espaço museológico e nos dias 9 e 10 de fevereiro ocorreu o Seminário Plano Museológico do Museu Nacional de Imigração e Colonização: memórias em perspectivas. No evento on-line foi apresentado os estudos e a metodologia para a elaboração do Plano Museológico do MNIC.  Participaram do evento além de profissionais que participaram do processo de elaboração do plano museológicos e convidados, assim como o Sistema Municipal de Museus de Joinville (SMM/JLLE). Liliane Janine Nizzola, Superintendente do Iphan/SC e Guilherme Gassenferth, Secretário da Secult/PMJ, representaram institucionalmente a parceria Iphan/Secult, muito bem-vinda para os espaços culturais de Joinville.

O site Arte na Cuca, por meio de Celiane Neitsh e Giane Maria de Souza, entrevistou as professoras Alcione Resin Ristau e a Doutora em História Elaine Cristina Machado Especialistas Culturais – Educadoras de Museu do MNIC.

Arte na Cuca – O Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville foi criado em 1961 com a função de coletar, pesquisar, expor e salvaguardar artefatos e documentos históricos, referentes à história da imigração no sul do Brasil. Como o Museu se relacionou com esta missão que ultrapassou as condições objetivas de sua existência e organização institucional?

MNIC – Há mais de uma década, com a entrada de uma equipe técnica de servidores no MNIC é que se pode apontar uma guinada institucional nas relações com o recorte patrimonial estabelecido no decreto de criação do museu, como também das ações e projetos dentro da cadeia operatória da museologia.

Arte na Cuca – Desde sua inauguração em 1961 o museu compôs exposições temáticas de longa duração do seu acervo, sobretudo dos grupos imigrantes teuto-germânicos da cidade de Joinville. Podemos problematizar estas narrativas de longa duração construídas ao longo da história institucional do MNIC?

MNIC – Sim, as narrativas podem e devem ser problematizadas. É necessário considerar nas problematizações duas questões: o recorte patrimonial do MNIC indicado em sua Lei de criação e apontado na questão acima: a função de coletar, pesquisar, expor e salvaguardar artefatos e documentos históricos, referentes à história da imigração no sul do Brasil. E outra questão sobre os recortes narrativos das exposições que abrangiam o início da colonização em 1851, perpassando a campanha de Nacionalização e o Centenário da Cidade em 1951.

Arte na Cuca – Como pensar os processos de deslocamentos e de povoamentos dos imigrantes em Joinville em suas numerosas fases históricas, seja na imigração quanto na colonização?

MNIC – É uma questão muito relevante, pois os deslocamentos estão presentes na gênese conceitual do MNIC. Principalmente porque o processo de imigração não ficou estanque no século XIX, os deslocamentos humanos são contínuos. Exemplo disso é que hoje podemos encontrar em Joinville, a presença de fluxos migratórios recentes de pessoas vindas do Haiti, Venezuela, Senegal entre muitos outros países. Dados do Sistema Nacional de Cadastramento de Registro de Estrangeiros (SINCRE) indicam que foram registrados entre os anos de 2000 a 2020, na cidade de Joinville, aproximadamente 7.700 imigrantes. Para além dos números, refletir sobre imigração perpassa também sobre a diversidade de motivações e expectativas sobre o ato de  deslocar-se.

Foto: AAMNIC – 2º Festival do MNIC – União das Culturas

Arte na Cuca – O projeto para o restauro do MNIC, financiado com recursos federais está sendo coordenado e intermediado pelo Iphan. Qual a importância do órgão de preservação federal neste processo de reformulação institucional do MNIC para a sociedade, considerando o Projeto Museológico em desenvolvimento?

MNIC – O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é o órgão dentro da esfera do governo federal que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Seu foco de atuação é a proteção e promoção dos bens culturais brasileiros, além de assegurar a permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras. Para além do projeto de restauro da Maison de Joinville – edificação tombada pelo referido órgão, em 1939, os recursos destinados ao MNIC incluem também a construção de uma nova edificação, que abrigará a reserva técnica, espaço expositivo, setores de trabalho (administrativo, educativo, museologia), copa e sanitário para servidores. Recursos foram disponibilizados para o desenvolvimento e execução de uma exposição de longa duração, elaboração do Plano Museológico e Plano de Gestão.

Todos os investimentos no MNIC resultarão na qualificação institucional, contribuindo para a salvaguarda, pesquisa e comunicação do patrimônio abrigado no e pelo MNIC. Contribuirá, também, para que a sociedade possa usufruir deste bem cultural e exercitar o direito à cultura e a memória.

Arte na Cuca – Qual narrativa se pretende construir para os novos grupos imigratórios no Plano Museológico?

MNIC – O MNIC há alguns anos vem se aproximando dos novos fluxos imigratórios. Em 2015, o setor educativo do MNIC desenvolveu o projeto Experiências do Deslocamento: Ação educativa dirigida aos imigrantes do tempo presente realizado com imigrantes haitianos, com os objetivos de promover a aproximação entre o Museu Nacional de Imigração e Colonização e os imigrantes vindos do Haiti, que passaram a se estabelecer em grande número na cidade; fomentar novas apropriações do patrimônio abrigado no museu; compartilhar diferentes experiências acerca do processo de imigração e do deslocamento; entre outros. Já em 2018 e 2019, foram realizadas duas edições do projeto Festival do MNIC que parte de uma mudança de ótica da instituição museológica que se propõe ir ao encontro da comunidade em seu entorno, tendo como mote a percepção da diversidade cultural que compõe o tecido social da cidade de Joinville e os fluxos imigratórios do tempo presente.

Também em 2019, foi lançado o documentário E ficaram saudades… Imigrantes e Experiências de Deslocamento  que resulta diretamente do Festival, sendo a materialização da criação de vínculos com pessoas que trazem consigo experiências da imigração, o documentário se pautou na história de vida de imigrantes de diferentes nacionalidades que escolheram o Sul do Brasil para se instalar. Esse audiovisual trata das memórias dos imigrantes na contemporaneidade que compõe o tecido social que o Museu Nacional de Imigração e Colonização está inserido.

“E ficaram saudades… Imigrantes e experiências de deslocamento”, gravado em Joinville/SC resultado de um processo de pesquisa iniciado em 2018. Associação dos Amigos MNIC.

Arte na Cuca – Que tipo de participação social se pode esperar a partir da implementação do plano museológico? Quais as pesquisas históricas, programas e projetos educativos estão sendo construídos para atuar junto às múltiplas comunidades existentes em Joinville?

MNIC – Como já apontamos na questão anterior, o MNIC já vem estabelecendo aproximações com os diversos grupos, coletivos, associações e agentes que compõem o tecido social de Joinville, num trabalho contínuo de ampliar estes contatos para além dos territórios da cidade, como, por exemplo, no desenvolvimento do Festival do MNIC, onde os grupos participam coletivamente do processo e são protagonistas de suas manifestações por meio da dança, música, gastronomia, teatro, poesia etc. A construção do evento ocorre em diversas etapas, num processo contínuo e cuidadoso de estabelecimento de vínculos e de (re)conhecimento das diferenças e semelhanças entre os participantes e a própria equipe do museu.

Com o Plano Museológico e os programas que o compõem, entre eles, Pertencimento Social e Diásporas Contemporâneas, Jornada de Experiência do Visitante, Educativo e Cultural em que os diálogos e a participação social poderão ser ampliados. Ainda em 2021, o MNIC está representando a Secult no Grupo de Trabalho de Direitos Humanos da PMJ, que envolve representantes das secretarias de Assistência Social, Saúde e Educação nas discussões para a efetivação de políticas de atendimento aos imigrantes na cidade. Assim, o MNIC retoma seu passado e as abordagens discursivas feitas até o presente momento sob outra perspectiva, ao passo que investe em novas miradas.

Foto: Heidi Schubert. 2º Festival do MNIC – União das Culturas

Arte na Cuca – Após o processo de restauro da edificação que abriga o MNIC, como o seu espaço topográfico será pensado para a composição de uma nova museografia que atenda a diversidade cultural existente na cidade?

Além do processo de restauro da Maison e da edificação anexa que abrigará espaço expositivo, reserva técnica e setores de trabalho, está em processo a recuperação dos muros do entorno do MNIC e a execução do projeto de drenagem e paisagismo,  qualificando também a área externa que compõe o jardim e bosque. Dentro do Plano Museológico, um exemplo é o Programa de Jornada do Visitante, que articulará a experiência de quem visita o MNIC relacionando as temáticas e narrativas das exposições, com a perspectiva história do próprio espaço que envolve todo o museu (edificações, jardim e área externa, exposições, projetos) correlacionando com a própria formação histórica do Sul do país quanto a imigração e colonização, e que este processo não é homogêneo, mas sim plural e diverso na constituição dos territórios.

Arte na Cuca – Com o espaço museológico reformulado, sua edificação e sede restaurada e entregue para a sociedade com novas perspectivas, seja pela ambiência ou pelos  processos museológicos, o que efetivamente faltará para o MNIC alcançar a modernização administrativa e técnica?

É necessário pensar que a instituição museológica atua dentro de uma cadeia operatória, e que pra além dos espaços físicos, restaurados ou novas edificações, e das exposições, muitas outras atividades são desenvolvidas. Neste sentido, o Plano Museológico indicará em seus programas os nortes de atuação do museu em sua totalidade, pensando na instituição, na gestão, capacitação e formação de seus servidores e colaboradores, além da segurança, preservação e conservação do acervo, nas políticas e nas relações com a sociedade, no desenvolvimento científico e tecnológico, acessibilidade, comunicação, fomento e financiamento. É estratégico pensar no todo que engloba a instituição.

Arte na Cuca – O acervo constituinte do MNIC será exposto ou será acondicionado em uma reserva técnica? Há alguma proposta museográfica para este acervo?

MNIC – O projeto da nova exposição de longa duração contará com a exposição de vários itens do acervo museológico do MNIC. Os demais itens que não estiverem em exposição serão acondicionados na reserva técnica do museu, como faz toda e qualquer instituição museológica séria. Este projeto está sendo elaborado e executado por uma empresa vencedora do certame licitatório realizado pelo IPHAN, a do termo de referência organizado pela equipe técnica do MNIC.

Arte na Cuca – Como o MNIC dialoga com o Sistema Municipal de Museus em relação às políticas desenvolvidas no Setorial de Patrimônio, Museus e Espaços de Memórias que compõe o Conselho Municipal de Política Cultural?

MNIC – O MNIC mantém diálogo com o SMM de Joinville na formulação de políticas públicas para a área de museus, na interação entre os museus, instituições e profissionais do setor. Inclusive atualmente o MNIC integra o conselho gestor do Sistema Municipal de Joinville. Também coopera e participa ativamente das ações e eventos realizados, como exemplo o Seminário Municipal de Políticas Culturais em Museus e Espaços de Memórias, realizado pelo SMM.

Ainda em fevereiro, na realização do Seminário Plano Museológico do Museu Nacional de Imigração e Colonização: memórias em perspectivas, o MNIC pode contar com a participação do professor Gerson Machado que integra o Conselho Gestor do Sistema Municipal de Museus, que proferiu uma comunicação dentro da programação do Seminário estabelecendo várias relações sobre o panorama dos museus na cidade de Joinville.

Arte na Cuca – O que a equipe técnica do MNIC compreende como possíveis soluções para os problemas financeiros, administrativos, técnicos e de infraestrutura, manutenção e conservação preventiva e curativa e de salvaguarda para os museus? Uma proposta de Organização Social para gerir o MNIC seria viável?

MNIC – Não. O MNIC é uma instituição pública e todo o seu trabalho resulta deste entendimento. A instituição tem entendimento da destinação das rubricas específicas, e obrigatórias, que devem ser aplicadas no museu.

Há também repasse dos recursos apontados em lei específica, para isso impera a necessidade de que gestores assumam suas responsabilidades, a necessidade de ocupação de cargos de coordenação e gerência através de critérios técnicos, conhecimento e formação no campo, respeito aos servidores. Sua pergunta aponta sobre o contexto atual em que perpassam as instituições museológicas, não só em âmbito municipal, mas em todo o país. O MNIC mira para novos rumos diante dos recursos empenhados recentemente para a instituição e que estão viabilizando tanto obras necessárias de conservação, ampliação e qualificação dos espaços físicos da instituição, bem como a elaboração do Plano Museológico, de Gestão e o projeto da nova exposição de longa duração.

Foto: AAMNIC – Roda de Conversa “Memórias Negras: mulheres negras contam suas histórias” – Coordenação Ana Lucia e Gabriela Neves
Coletivo Ashanti de Mulheres Negras

O caminho ainda é longo, tendo em vista que o Plano Museológico é uma ferramenta estratégica e norteadora e sua implementação será o próximo desafio para o MNIC e seus órgãos gestores.

Como nascem os artistas?

A pergunta nos inspirou a contar a história de Davi Natã de Oliveira Cunha que tem 17 anos e conquistou a atenção e o carinho de todos através de uma vakinha solidária, criada por sua professora de palhaçaria Bia Alvarez.

A intenção da professora era ajudar o garoto a comprar um notebook, para que ele pudesse  acompanhar as aulas e fazer tarefas da escola durante a pandemia. Em menos de dois dias de campanha, a arrecadação já havia ultrapassado a meta dos R$2.000.00 reais, chegando aos R$3.415,00 arrecadados ao todo.

O estudante, que é morador do bairro Itinga no município de Araquari/SC, e tem como hobby andar de skate nas horas vagas, além de praticar palhaçaria. Sua mãe,  Delair Campos de Oliveira trabalha como empregada doméstica  e tem encontrado dificuldades para conseguir emprego na atual situação do país, por isso Davi também vai aproveitar sua nova ferramenta de estudos para buscar uma colocação no mercado de trabalho.

Demonstrando humildade e sinceridade, Davi conquistou as pessoas com seu texto, publicado no site vakinha.com.br, Acredito que com um computador em casa além de estudar melhor vou conseguir fazer apresentações artisticas online, fazer alguns outros trabalhos à distância, ajudar a divulgar o trabalho da minha mãe, ajudando a melhorar a clientela dela e eu ganhando mais alguma renda podendo trabalhar menos na construção civil.”

Sempre com muita desenvoltura e comunicativo, o interesse pela arte desperta muito cedo, com a participação em teatros, desfiles, e eventos realizados pela comunidade ou pela escola. Hoje e ele conta para nós um pouco da sua trajetória e o sonho de viver de arte como palhaço Dandam.

Trabalho voluntário como palhaço Dandam

AC: Como você começou a se interessar por arte? Já havia feito aulas de teatro, circo ou algo parecido na infância?

DAVI: Quando eu era criança gostava de aparecer em palcos, amava estar em trabalhos de rua. Lembro-me de uma festa junina em que desfilei, dancei e participei de um teatro. Sempre amei receber os aplausos da plateia, me sentia muito feliz com isso tudo. O tempo foi passando e continuei interessado por teatro, em 2019 dirigi o grupo de teatro da escola, a Escola de Educação Municipal Senador Luiz Henrique da Silveira. Certa vez um amigo me chamou para fazer oficina de Clown, então pensei, porque não?! Foi ali que em 2017 conheci o mundo da palhaçaria. Quando coloquei o nariz vermelho me senti diferente, um diferente muito bom! Penso seriamente em levar a arte como ofício.

AC: Sua família te apoia na escolha e vontade de ser artista?

DAVI: Minha mãe sempre me apoiou, já meu pai biológico eu acho que ele nem sabe que me apresento como palhaço. Mas o resto da minha família  apoia essa ideia, eles me apoiam nos meus trabalhos voluntários, porem não sei se eles me apoiariam como exercendo arte como profissão. É incrível porque ninguém da minha família é envolvida com arte.

AC: Porque você acredita que sua família não te apoiaria se levasse a arte como profissão?

DAVI: Acho que eles querem que eu tenha um diploma e seja formado em alguma outra profissão. Acho que eles me apoiam apenas fazendo meus trabalhos voluntários. Minha mãe me apoia em tudo que eu faço, o restante da família não tenho certeza.

AC: Você disse que pratica trabalho voluntário, é como palhaço? O que você faz?

DAVI: Participo do Grupo Semeadores. Nós somos um grupo que sai pelo Brasil para falar de Jesus e não de igreja e religião. Nesses projetos, levamos cama elástica, palco, um ônibus que leva o grupo e que também tem um palco. Foi nesse grupo que que eu acabei me soltando, descobrindo “meu palhaço”, foi ali que eu conheci os mestres que me apresentaram a palhaçaria há quatro anos atrás. Com o Semeadores, acabo conhecendo regiões muito necessitadas, levamos cestas básicas, roupas, ajuda com doação de móveis.

É lá que eu faço apresentações como o palhaço Dandam para as crianças, a noite também faço apresentações para os adultos, ajudo na organização do ônibus, montar tenda e etc. O grupo todo se ajuda, todos nós temos uma função.

AC: Se você tivesse a chance de conhecer pessoalmente um grande artista ou mestre da palhaçaria, qual seria? Tem alguém que te inspira?

DAVI: Meu artista preferido é o Charlie Chaplin, ou o palhaço grapixo, do Luca Tuã. O palhaço dele é skatista, e como amo andar de skate, ele me inspira muito.

AC: Alguns dias atrás sua professora Bia Alvarez, lançou uma campanha de financiamento coletivo na intenção de te ajudar a comprar um notebook para auxiliar nos estudos. Como você encarou esse ato e qual foi sua reação ao alcançar e ultrapassar rapidamente a meta solicitada?

DAVI: Sobre a vakinha online, minha reação foi de surpresa, pois foi muito rápido! Conseguimos mais do que o valor proposto, fiquei muito feliz.  Agora estou colocando todas as tarefas da escola em dia, sem contar que posso ajudar minha mãe a conseguir novas propostas de emprego. Agradeço imensamente a cada pessoa que doou e me proporcionou estudar com mais qualidade, contribuindo para que eu não desistisse da escola. 

Quem tiver interesse ou puder dar oportunidade de emprego ao Davi ou sua mãe, entrar em contato através do whats:
(47) 99695-3165 ou contato@artenacuca.com.br

A cultura movimenta e traz sentido a vida humana

Se fizermos uma breve busca nos livros de história, descobriremos que a cultura foi ponto chave para tentarmos entender o modo de viver e fazer, de diferentes povos e sociedades. Desde os seres humanos pré-históricos, sua organização, até a sociedade atual, é a cultura, que movimenta a vida humana, seja, o meio como vivemos, nos alimentamos, nos expressamos e até como nos reproduzimos.

Refletindo sobre a amplitude do conceito de cultura em tempos de modernidade líquida, relações fragmentadas e a rapidez com que a informação chega até nós, tentamos de várias maneiras nos anestesiar, parar, mesmo que por um breve momento, a enxurrada de estímulos e pressão do dia a dia. Podemos dizer que se a arte é parte essencial nesse aglomerado de ações humanas que chamamos de cultura, é a ela que recorremos em momentos de necessidades, seja porque nos traz equilíbrio, alegria ou saúde mental e espiritual, para as adversidades.


E como se não bastassem às dificuldades, nesse exato momento, o mundo inteiro é aterrorizado por um vírus potencialmente mortal, inimigo invisível que nos transforma em reféns dentro de nossas próprias casas, cidades e países. Os meios de comunicação e principalmente a televisão, apresenta sem parar, números e estimativas de morte, sofrimento e destruição. Sem saber ao certo o que fazer, estamos vivendo dia após dia, resistindo e tentando nos manter otimistas, ansiosos pela descoberta da cura. E é em fases como esta que precisamos e desejamos nos agarrar a algo que  proporcione entusiasmo e esperança.

Como diria Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”. Inspirados nas palavras do poeta, artistas de diversos setores, decidiram se unir para pedir à população que fique em casa, e em Joinvile/SC não é diferente. A categoria aderiu à campanha do “Cultura Movimenta”, iniciada em quatro de março, e que tem como objetivos principais o enfrentamento de problemas na gestão da Lei do Simdec-Sistema de Desenvolvimento pela Cultura, que nos últimos anos não gerou o fomento da produção artística como em anos anteriores e uma grande campanha de valorização da cultura e da produção artística em Joinville. Nesse encontro, surgiu o Movimento Mobiliza Cultura Joinville, que coordena a campanha Cultura Movimenta.

Uma das primeiras ações da campanha, foi por meio da arte, lutar pela prevenção e combate ao Coronavirus (COVID-19).  A ação está dividida em dois momentos, no primeiro, foram publicados em redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter, fotografias des artistas  com a hashtag #fiqueemcasa, para incentivar a população a se resguardar durante o período de quarentena. Já no segundo, a criação de um canal no Youtube, traz mensagens de otimismo, breves apresentações e também o compartilhamento de materiais como peças de teatros e filmes produzidos por artistas da cidade.
Segundo o presidente do Conselho Municipal de Política Cultural, Anderson Dresch “A ideia, além de levar entretenimento e arte à comunidade que está em quarentena, é também a de mostrar o quanto é diversificada a produção das artes em Joinville”.

Nós, que por escolha e vocação decidimos trabalhar produzindo e levando arte e cultura para todos, independente de gênero, idade ou classe social, estamos engajados e dispostos a proporcionar por meio da nossa arte, momentos de paz e tranquilidade em tempos difíceis. Tempos em que muitos de nós, produtores independentes, também vivemos momentos de incerteza econômica, mas, entendemos e defendemos que a vida humana está acima de qualquer bem material. Juntos, somos melhores e mais fortes. #culturamovimenta.